Clínicas de estética devem seguir com rigor normas de segurança, aponta Vigilância Sanitária
Em Belém, o órgão realiza fiscalizações e orienta a população sobre como saber quando um espaço é seguro
Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interditou oito serviços de estética em diferentes estados do Brasil, reforçando a importância de que as clínicas sigam rigorosamente os padrões de segurança exigidos para o setor. Em Belém, a fiscalização é realizada pela Vigilância Sanitária, ligada à Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), que recebeu 7 denúncias de irregularidades em clínicas da cidade no ano passado e 9 em 2023. Entre os motivos estavam condições precárias de higiene, sem autorização para funcionar ou realizar os procedimentos, infecção ou contaminação; reutilização de materiais, uso de produtos duvidosos e manipulação inadequada.
De acordo com a Anvisa, há uma percepção de aumento dos relatos de eventos adversos graves envolvendo estabelecimentos de estética no Brasil, entre 2024 e o início deste ano, inclusive relatados na mídia. Além disso, de 2018 a 2023, os serviços de estética e embelezamento figuraram como os mais denunciados junto ao órgão dentre os “serviços de interesse à saúde”, categoria que inclui também serviços de hotelaria, estúdios de tatuagem e instituições de longa permanência para idosos, por exemplo. Os dados fazem parte de relatórios anuais disponibilizados pela Agência.
A Vigilância Sanitária de Belém destacou que clínicas de estética devem adotar medidas para garantir a segurança de clientes e profissionais. Isso inclui a higienização de equipamentos, manutenção regular de aparelhos, uso de produtos registrados na Anvisa e conformidade com as normativas vigentes. Além de contar com profissionais qualificados, conforme as exigências de cada órgão de classe, os estabelecimentos precisam seguir protocolos de segurança para os pacientes e obter o licenciamento sanitário municipal, que atesta a adoção de práticas adequadas para um funcionamento seguro.
A Sesma informou que realiza fiscalizações regulares em clínicas de estética para verificar condições sanitárias, conformidade dos produtos e cumprimento das normas. Além de atender estabelecimentos em processo de regularização, a Vigilância também responde a denúncias e mantém ações de fiscalização em regime de plantão.
Em 2023, a Vigilância interditou um equipamento em um estabelecimento de estética na capital paraense, enquanto em 2024 foram realizadas mais três interdições no setor. As ações ocorreram a partir de denúncias recebidas, que levaram à fiscalização dos locais.
Esteticista compartilha sobre os cuidados para procedimentos estéticos seguros
A esteticista Brunna Lopes atua no setor há mais de cinco anos e é dona de uma clínica de estética em Belém. Ela explica que, no estabelecimento, há um padrão de atendimento seguido diariamente, com foco na higiene e segurança. Entre as medidas, estão a esterelização das cabines após cada atendimento, e ao final do dia é feita uma limpeza geral com produtos específicos para eliminar bactérias, especialmente por se tratar de procedimentos que envolvem contato com a pele. Além disso, são utilizados Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como máscara, touca e luvas e a gestão de resíduos também segue protocolos adequados, com a separação de materiais perfurocortantes, lixo orgânico e outros descartes, minimizando riscos à saúde.
"Esses cuidados são repassados para as meninas que trabalham comigo e que também são formadas em estética. Todas que entram aqui têm que seguir este mesmo padrão. Já aconteceu de eu contratar uma, ela não se adequar ao padrão e não permanecer", relembra a especialista.
A escolha dos produtos é uma prioridade no atendimento, garantindo qualidade e segurança para os clientes. "Procuro trabalhar sempre com as melhores marcas, não busco muito pelo valor. Eu já tenho fornecedores daqui de Belém e compro com eles há bastante tempo, são produtos de confiança. Sempre busco produtos de boa procedência regulamentados pela Anvisa e que funcionem para todos os tipos de pele", diz.
Acostumada a realizar procedimentos estéticos para aumentar a autoestima, a advogada Jéssica Botelho, de 30 anos, redobrou os cuidados na escolha de clínicas após uma experiência negativa. Além de exigir que os produtos sejam manipulados na sua presença, ela adota outras medidas para garantir a segurança dos procedimentos.
"Eu procuro, primeiramente, me informar sobre quem está na gerência daquele estabelecimento, quem é que vai manipular, se tem ou não graduação, curso técnico e outras formações que possam me passar a segurança necessária para que eu realize um procedimento. Procuro saber também se o local está regulamentado e se já teve alguma reclamação", compartilha.
Como o cliente/paciente pode se certificar dessa segurança?
Segundo a Vigilância Sanitária de Belém, para assegurar que um estabelecimento de estética é seguro, o cliente pode:
- Verificar se há licenciamento sanitário no local, que preferencialmente deverá está visível no estabelecimento, conforme determina as normativas.
- Observar a higiene do ambiente e dos profissionais, como ambientes limpos e profissionais utilizando equipamentos de proteção individual.
- Confirmar se os produtos devem possuem registro na Anvisa e se os equipamentos estão em bom estado de conservação com a manutenção dentro do prazo; caso haja instrumentais que devam ser esterilizados, o processo deve seguir as normas vigentes ou os produtos devem ser de uso único e descartados ao final do procedimento.
- Verificar se o estabelecimento passou por fiscalizações recentes e se não possui histórico de irregularidades.
- Procedimentos mais complexos devem ser feitos em ambiente cirúrgico, adequado para a realização.
- Verificar se o profissional é competente para a realização dos procedimentos, se possui as graduações ou cursos na área e se sua profissão permite que ele realize tais atividades.
A Anvisa também alertou sobre a importância de:
- Desconfiar de estabelecimentos ou influenciadores que divulguem "promessas milagrosas", assim como preços muito abaixo da média de mercado.
- Sempre perguntar quais produtos estão sendo aplicados e, com os dados em mãos, conferir a regularidade dos produtos em https://consultas.anvisa.gov.br/#/
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