Apagão no Brasil: ausência de luz e água causa prejuízo aos pequenos comerciantes de Belém
O manipulador artesanal de açaí, Heron Amaral Rocha, que vende o fruto na Feira da Pedreira, calcula um prejuízo causado pelo apagão no valor de R$ 600
Uma falha no fornecimento de energia elétrica deixou todo o território nacional sem luz na manhã desta terça-feira, 15, gerando impactos significativos para diversos empreendedores locais. Na movimentada Feira do bairro da Pedreira, um dos pólos comerciais da região, os pequenos comerciantes enfrentaram uma série de desafios decorrentes da interrupção dos serviços essenciais.
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A ausência de energia elétrica, e, consequentemente, a falta de água e luz, trouxeram prejuízos imediatos para os vendedores, especialmente aqueles que manuseiam alimentos perecíveis, como por exemplo, o açaí e o famoso prato feito. Em entrevista ao Grupo Liberal, os comerciantes da Feira da Pedreira expressaram suas frustrações diante das dificuldades enfrentadas, que comprometem a qualidade dos produtos comercializados.
O manipulador artesanal de açaí, Heron Amaral Rocha, que possui um pequeno comércio dentro do mercado que leva seu nome, informou à reportagem que chegou a perder algumas vendas por não conseguir terminar de bater o fruto por conta da ausência de energia.
“Eu já tinha um açaí de molho e tive que comprar muito gelo em cubo para poder resfriar, para que ele suportasse até o momento de ser usado. O açaí que bati hoje, por exemplo, e que não foi vendido vou precisar congelar. Por sorte, eu tenho uma encomenda para viagem e vou deixar preparado para ela, senão com certeza iria amargar no prejuízo”, disse Heron sobre o alimento ser perecível.
Impossibilitado de vender a polpa arroxeada, ele calcula que teve um prejuízo no valor de R$ 600. “O ruim de faltar energia é que bloqueou o fornecimento de internet e nós ficamos sem comunicação, então, muitos clientes tentaram entrar em contato para pedir e não conseguiram sequer mandar mensagem ou ligar”, complementou.
Em um dia comum, Heron iria encerrar o expediente por volta das 11h30, quando o fornecimento de açaí do dia se esgotasse. Mas como precisou ficar horas a fio parado, ele precisou estender o serviço por mais de três horas para dar continuidade na manipulação.
“Eu ainda tive sorte porque colocamos o fruto de molho e tínhamos uma caixa d'água, que conseguiu suprir, senão o estrago seria bem maior”, acrescentou.
A boieira Rosângela Gomes, que vende refeições em um box localizado dentro da feira, relatou ter enfrentado um grande sufoco ao ficar sem água para lavar as panelas e finalizar os pratos servidos no dia. “Precisei trabalhar dobrado”, disse a cozinheira.
Mesmo deixando parte das proteínas prontas no dia anterior, Rosângela não conseguiu finalizar os acompanhamentos a tempo, como a salada e o macarrão, e o peixe frito, uma das proteínas mais pedidas.
“Muitos clientes vieram procurar comida mais cedo, mas voltavam porque eu não tinha como oferecer a comida pronta. Consegui finalizar quase ao meio dia, isso nunca aconteceu antes, mas deu para vender”, declarou.
Ela disse ter contado com a solidariedade dos vizinhos de barraca para obter água e dar continuidade aos poucos no serviço. “Se não tivesse como eles me ajudarem, eu ia precisar comprar água mineral”, falou sobre gastos imprevisíveis.
Por conta do fornecimento de água e energia terem sido interrompidos, a boieira observou que muitas colegas de box desistiram de permanecer no espaço por se serem prejudicadas. “Elas vieram e logo depois foram embora, porque não tinha como fazer nada. Ficou apenas eu e mais três atendendo”, acrescentou Rosângela.
Posicionamento
A Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), informou que os problemas elétricos afetaram os sistemas que abastecem a capital paraense, a Região Metropolitana e os 54 municípios atendidos pela Companhia.
“A concessionária de energia elétrica já foi acionada para restabelecer o serviço. Após isso, o fornecimento de água será normalizado gradativamente”, afirmou em nota enviada ao Grupo Liberal.
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