Ananindeua: Professores municipais fazem paralisação nesta terça-feira (8/4)
As reivindicações incluem o reajuste salarial de 40%, frente à proposta de apenas 1,38% apresentada pela gestão
Os professores da rede municipal de ensino de Ananindeua irão paralisar as atividades nesta terça-feira (8), a partir das 9h, em frente à sede da Prefeitura. A mobilização foi confirmada pela coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública do Pará (Sintepp) – Subsede Ananindeua, a professora Gady Mabel, que destacou os principais motivos da paralisação. As reivindicações incluem o reajuste salarial de 40%, frente à proposta de apenas 1,38% apresentada pela gestão. A manifestação dos educadores também denuncia a precariedade das condições de trabalho, a ausência de concurso público e a retirada de direitos como a gratificação de nível superior. Eles também exigem a criação de um Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) unificado.
“Nossa reivindicação é sobre a falta de acompanhantes, de auxiliares de turma, falta de merendeira, de serviços gerais, a infraestrutura das escolas, as condições de trabalho, a superlotação de turmas e essa garantia de um PCCR unificado”, afirmou.
A pauta também inclui a valorização salarial dos profissionais da educação. A categoria reivindica um reajuste de 40% acima do piso nacional, enquanto a proposta apresentada pelo prefeito foi de apenas 1,38%. Segundo Gady, a proposta do governo municipal está muito abaixo das expectativas e desconsidera o acúmulo de perdas salariais.
Ela também pontuou a necessidade de realização de concurso público. “Porque a Ananindeua tem o maior percentual de servidores públicos por meio de contratos. E a gente sabe que esse número excedente de contratos acaba prejudicando o serviço público, porque você não dá continuidade ao serviço oferecido. Existe uma descontinuidade, porque o contrato dura pouco tempo, diferente de um servidor público concursado, que vai ter um plano de carreira, vai poder investir ali na sua carreira e trazer um melhor resultado para o serviço público”, defendeu.
Gady também comentou sobre o impacto na saúde dos profissionais da educação. “A gente tem visto um crescimento em afastamentos por problemas de saúde — saúde mental, física também — desgastes físicos, principalmente mentais. Porque tem uma cobrança muito grande por parte de familiares, gestores, coordenação, a própria Secretaria de Educação. E aí cobra do professor, do aluno, uma excelência pedagógica, porém não é dado suporte e as condições de trabalho necessárias para que isso possa acontecer”, afirmou.
Em relação aos salários, a coordenadora explicou que “um professor de nível 1, com 120 horas, recebe em torno de R$ 2.784,95”. “É porque a gente tem o nosso PCCR e, dentro do PCCR, existe uma tabela salarial. Nessa tabela, a gente tem ajustes conforme referência e níveis. Então, existe uma variação de salários dependendo do tempo de serviço, do nível e da referência de cada servidor”, detalhou a coordenadora-geral.
Ela também apontou insatisfação com a retirada de direitos, uma vez que “Ananindeua não paga a gratificação de nível superior”. “Nós tínhamos e isso foi tirado. Isso prejudica, reduz muito o salário do servidor da educação em Ananindeua. E a gente só tem o PCCR do grupo magistério, não dispõe de um PCCR unificado. Então, os demais profissionais da educação acabam recebendo só o mínimo do salário, com aqueles reajustes anuais mesmo, já estabelecidos em lei, sem nenhum outro tipo de vantagem, sem promoção ou progressão salarial”, comentou.
A situação estrutural das escolas também é uma das pautas levantadas pela categoria, diz a coordenadora-geral do Sintepp Ananindeua. Segundo Gady Mabel, há carência de profissionais como auxiliares de turma, merendeiras, funcionários de serviços gerais e acompanhantes para alunos com deficiência. “Estamos muitas séries sem auxiliares de turma, principalmente na Educação Infantil, sem acompanhantes de alunos PCDs — crianças especiais que necessitam de um suporte educacional — e que muitas vezes não têm esse profissional para fazer o acompanhamento pedagógico. Isso prejudica o trabalho do professor, que fica com uma sobrecarga, tendo que lidar com turmas superlotadas. E dentro dessas turmas tem várias crianças com necessidades especiais, necessitando de suporte, e não têm”, denunciou.
A coordenadora também comenta sobre a precariedade da infraestrutura escolar. “Muitas vezes, salas muito apertadas, espaços quentes, só com ventilador. E a nossa região é quente, extremamente quente, acaba fazendo muito calor e prejudicando o trabalho também. Em algumas escolas falta merendeira, falta pessoal de serviço. Isso acaba gerando muito desvio de função, né? Por causa dessa prática, da falta desses profissionais. E aí isso se torna uma prática constante em Ananindeua: o desvio de função”, revelou.
Gady frisou também o descontentamento com a gestão municipal. “Essas pautas já vêm se estendendo ao longo da gestão do Daniel. Não são pautas novas. Ele sempre está dizendo que vai fazer estudos de impactos financeiros para a questão de ajustes de gratificação, está fazendo comissões para criar o concurso público que vai providenciar esses servidores. Porém, é sempre na promessa, né? Nas ações concretas, isso não acontece. Então isso tem aborrecido bastante a categoria”, reforçou a coordenadora.
Confira as principais pautas da categoria:
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