Alunos de escola pública relembram Eloá em encenação contra o feminicídio em Mosqueiro

Através de uma peça teatral, os adolescentes relembraram o caso que chocou o país em 2008 e comoveram a comunidade escolar

O Liberal
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A temática do combate ao feminicídio foi abordada de forma inusitada por alunos do terceiro ano do ensino médio da Escola Estadual Honorato Filgueira, localizada no distrito de Mosqueiro, em Belém. Através de uma peça teatral, os adolescentes relembraram o caso Eloá Pimentel, que chocou o país em 2008, e comoveram a comunidade escolar na manhã de quarta-feira (29), no hall de entrada do próprio colégio.

A ideia foi da professora de língua portuguesa Rosiane Oliveira, que desafiou os alunos ao perceber a crescente no número de casos de feminicídios divulgados nos veículos de imprensa. O caso Eloá foi escolhido pelo impacto que causou: em 2008, a jovem de 15 anos foi morta a tiros, após ser feita refém por cinco dias pelo ex-namorado, Lindemberg Alves, que não aceitava o término. Ele foi condenado a 98 anos e dez meses de prisão.

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“Estou arrepiada pela belíssima apresentação que fizeram. Estou muito feliz, porque esses alunos maravilhosos me surpreenderam; foram super independentes nos ensaios e abraçaram a causa de uma forma incrível e com muita responsabilidade de gerar a reflexão sobre o combate ao feminicídio às demais turmas do colégio. Me fizeram sentir realizada enquanto professora”, destaca Rosiane.

A aluna Eduarda Reis, que sonha em cursar psicologia, fez o papel da promotora do caso e destaca que a dinâmica adotada, dos próprios alunos apresentarem o tema para outros colegas, tem um efeito diferente. “Quando os alunos veem um colega de classe, uma pessoa que é da idade deles e com certo grau de proximidade, eles ficam mais aptos a querer saber o que é o feminicídio e a importância de combater esse crime”, diz.

O papel de Eloá foi vivido pela aluna Aline Mota, de 17 anos, que fará o vestibular para direito. Ela conta que se surpreendeu ao conhecer o papel, que gerou reflexões. “Eu pensei: ‘tenho que atuar de forma que as mulheres, as meninas, e as pessoas que estejam presente entendam’. Porque às vezes a gente fica cega em um relacionamento e acaba sendo vítima de abusos que podem levar ao feminicídio”, reflete a estudante. 

Já Ygor Adelino, de 16 anos, que interpretou Lindemberg, tirou importantes conclusões do papel. “Uma das formas de combater o feminicídio é acabar com o pensamento de que os homens estão acima das mulheres, de que as mulheres não podem sair, não podem se divertir, não podem beber, não podem brincar, não podem vestir a roupa que querem. (...) Isso ainda está muito enraizado no homem”, conta. “A gente espera que quem esteve presente tenha entendido a mensagem da peça e que possam aplicar isso em suas vidas para se tornarem pessoas melhores”, concluiu Ygor, que pretende fazer vestibular para biomedicina e biotecnologia.

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