Alagamento crônico no Tapanã causa fechamento de comércios e abandono de residências

Moradores da rua São Clemente acumulam prejuízos financeiros e cobram ação da Prefeitura de Belém

Vito Gemaque

rua São Clemente, no bairro do Tapanã, em Belém, enfrenta um alagamento crônico que há anos afeta diretamente a rotina dos moradores. A chuva da madrugada desta quinta-feira (10/04) agravou mais uma vez a situação. Cada período chuvoso, resulta em mais fechamentos de comércios, abandono de residências e prejuízos financeiros que ultrapassam os R$ 10 mil em alguns casos.

O trecho entre as passagens Sucupira e Felicidade praticamente não seca mais. Segundo os moradores, ao menos dez pequenos negócios fecharam as portas porque os clientes não conseguem acessar os estabelecimentos em meio à lama e à água parada.

Charles Santos, de 36 anos, teve que encerrar as atividades de sua venda de frangos assados por não conseguir mais trabalhar. “Antes alagava, mas secava. Hoje em dia, com os buracos e a água constante, ninguém passa mais. Tive que fechar meu ponto”, relatou. Em uma das enchentes, um freezer queimou, gerando um prejuízo de cerca de R$ 2 mil. Ao todo, ele calcula perdas de R$ 10 mil, incluindo dívidas com fornecedores.

Hoje, Charles atua como mototaxista, mas enfrenta dificuldades. “Minha moto está na oficina. Faz quatro meses que fechei e estou cheio de dívidas. Não consegui outro ponto porque o aluguel está muito alto”, lamentou.

Profissionais autônomos amargam desemprego

A cabeleireira Paula Almeida, de 42 anos, também precisou encerrar o salão que funcionava no térreo de sua casa. “Nem as clientes fiéis conseguiam mais chegar. Hoje é um ‘ouro’, porque a rua está seca, mas qualquer chuva a água entra nas casas, e a gente não consegue trabalhar. Estou desempregada há muito tempo”, desabafou.

Ela relata ainda que ônibus deixam de circular e carros e motos quebram com frequência na via, agravando ainda mais a situação.

Igarapé do Mata-Fome está sujo e transbordando na São Clemente

Casas são abandonadas e moradores desistem da rua

Além dos negócios fechados, várias residências estão abandonadas na rua São Clemente. A deterioração dos imóveis agrava a sensação de descaso. Muitos moradores relatam perdas constantes de móveis e eletrodomésticos, mesmo após elevar o piso de suas casas em até um metro.

“Meu filho tem 14 anos. Quando ele volta da escola, preciso sair no meio da água para buscá-lo. Ele morre de medo de atravessar”, contou uma moradora. Segundo ela, o problema se expandiu: “Antes era só na minha casa, agora é em todas.”

José Afonso Castro, padeiro da região, perdeu equipamentos e precisou elevar o piso do imóvel com oito caçambas de aterro. Mesmo assim, a água invade constantemente o espaço. “A venda parou. Ninguém mais abre. Aqui está completamente abandonado pela prefeitura. A escola da área suspende aulas porque os alunos não conseguem passar”, disse.
Segundo ele, diversas denúncias já foram feitas à Prefeitura de Belém e à imprensa. “Se não resolverem, vamos fechar a rua. Não tem mais condições”, afirmou.

O pedreiro Aldair Oliveira Almeida, morador há 20 anos da área, afirma que as promessas de melhorias no canal do Mata-Fome são antigas. “Tem casa aqui que despeja o banheiro direto no canal. É uma podridão. Quando chove, o ônibus nem passa. Tem que descer e ir andando até outra rua”, contou.
Ele e outros moradores denunciam que a água contaminada causa problemas de saúde, como micoses e frieiras, além de acidentes.

A equipe de reportagem da Redação Integrada de O Liberal entrou em contato com Prefeitura Municipal de Belém para obter respostas sobre as denúncias. A gestão municipal enviou a nota abaixo sobre os problemas:

"A Prefeitura de Belém esclarece que a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Seinfra) realiza desde janeiro a dragagem e reconformação da seção dos igarapés de Belém para reduzir o tempo de vazão. 48 dos 64 canais da capital já foram atendidos em ações da Prefeitura, inclusive no Curió-Utinga.

A Secretaria de Zeladoria e Conservação Urbana (Sezel) continua atuando na desobstrução de bueiros e desenvolvendo projetos especiais para minimizar os impactos dos alagamentos, em diversas áreas de Belém que enfrentam problemas recorrentes de inundação há anos. É importante ressaltar que a Prefeitura pretende fazer outras obras necessárias de macro e micro drenagem, em breve. Isso deve ajudar, ao lado da limpeza constante dos igarapés, a mitigar os efeitos das chuvas e da maré alta".

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