Petrobras: Lula critica política de preços e defende investimento em refinarias
Para ex-presidente, o combustível não pode continuar subordinado a preços internacionais; mercado reagiu às declarações com queda nas ações da estatal
Durante entrevista ao Grupo Liberal, na última sexta-feira (28), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também comentou sobre o preço dos combustíveis, fazendo duras críticas à política de preços da Petrobras, estatal que afirmou estar ‘desmontada’. Citando discurso que fez em 2010, na bolsa de valores de São Paulo, ele afirmou que em seu governo foi realizada “a maior capitalização do sistema capitalista na história da humanidade”, quando resolveu capitalizar a Petrobras e transformá-la na maior energia do mundo.
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“Porque nós tínhamos descoberto a maior reserva de petróleo do século 21 e a gente dizia que esse petróleo era do povo brasileiro. Por isso, a gente mudou a regulação e criou a lei da partilha, para criar um fundo com esse dinheiro do petróleo, que fosse do povo brasileiro, para que a gente pudesse investir em educação, ciência, tecnologia e saúde, para que todo mundo tivesse direito a partilhar um pouco da Petrobras”.
Lula citou ainda a decisão de fazer cinco refinarias, para que o Brasil deixasse de exportar óleo bruto e passasse a vender ao exterior derivado de petróleo.
“Tudo isso foi um sonho que foi sendo construído. Depois do golpe contra a Dilma, eles acabaram com esse sonho, fizeram com que o Brasil voltasse a importar gasolina. Hoje, nós devemos ter cerca de 400 empresas importando gasolina dos Estados Unidos, pagando preço internacional. Se o Brasil é autossuficiente, o custo do petróleo não tem porque estar ligado ao preço internacional para o consumidor brasileiro”, afirmou.
O ex-presidente ainda criticou o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro, afirmando que ele tenta jogar a culpa para os governadores. “Obviamente que ICMS é o único instrumento da arrecadação dos governadores. Mas a ideia de você ficar jogando a culpa para cima dos governadores, coisa que eu nunca joguei, porque não é possível governar este país sem ter uma boa relação com governadores, uma boa relação com prefeitos...”, declarou.
Para ele, o combustível não pode continuar subordinado a preços internacionais. “Se preparem, porque se a gente voltar a presidir, com todo respeito que eu tenho com os acionistas, a minha preocupação não é com acionista de Nova York. É com o povo brasileiro, o cara que compra um carrinho velho, a prestação, e depois vai no posto de gasolina e não consegue comprar gasolina”, declarou.
“O combustível brasileiro não precisa ter paradigma ao combustível internacional. Se a gente não tivesse petróleo, tudo bem, mas a gente tem. As nossas refinarias poderiam estar produzindo muito mais gasolina e não estão”, continuou. O ex-presidente afirmou ainda que a Petrobras não tem que se preocupa com lucro. “Por que em vez de pagar dividendos para acionistas a gente não investe em refinarias?”.
De acordo com a revista Veja, após as declarações, as ações da Petrobras caíram 4%, mesmo com o petróleo brent fechando em alta de 0,9%, a 88,9 dólares o barril. Com isso, o Ibovespa interrompeu o ciclo de três altas consecutivas e encerrou o dia em queda de 0,62%, aos 111.910 pontos.
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