Marcha contra a descriminalização do aborto é realizada em Belém nesta quinta-feira
Mobilização ocorre também em outras cidades do Brasil. Iniciativa é uma resposta à inclusão da ADPF 442 na pauta de julgamentos do STF, segundo organizadores
Várias pessoas se reúnem, na manhã desta quinta-feira (12), Dia das Crianças, em uma mobilização contra o aborto, na capital paraense, chamada “Marcha da Família. Não ao aborto e sim a vida. Não existe criança trans”. A concentração, próxima à Escadinha do Cais do Porto, começou por volta de 8h e, a partir das 10h, os apoiadores saíram em caminhada até a praça Batista Campos. Estavam presentes membros da sociedade civil e representantes religiosos e políticos.
A mobilização ocorre também em outras cidades do Brasil e, segundo os organizadores, é uma resposta à inclusão na pauta de julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) da ADPF 442 [Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental], ação movida pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol) que busca a descriminalização do aborto até a décima segunda semana de gestação.
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Entre os organizadores do evento está o deputado federal Delegado Éder Mauro (PL), que também é presidente estadual da sigla. Segundo ele, a manifestação é em favor da vida e da família. “É um dia especial para a gente. Para isso estamos movimentando a população para se manifestar, precisamos mostrar que somos a favor da vida, o aborto é um prejuízo muito grande, o homem não tem o direito de tirar a vida”, afirmou.
O parlamentar do Pará criticou ainda a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e disse que “quem legisla é a Câmara dos Deputados e o Senado Federal”. Da mesma forma, o deputado estadual Delegado Toni Cunha, que estava na marcha, acha que existe uma “opressão do Supremo Tribunal Federal”. “Querem matar nossas crianças, querem impedir nossas crianças de nascer. Não haverá quem possa nos parar para defender esses valores”.
Outro braço da mobilização foi a posição contrária às chamadas “crianças trans”. O deputado federal Éder Mauro disse à reportagem que “as crianças devem ter a cabeça deixada à inocência e à fantasia. Elas não têm poder de dizer se é trans, criança é pureza. Não vamos aceitar”, ressaltou o político do Pará.
Dona de casa, Andréa Mendes, de 48 anos, compareceu ao ato nesta quinta-feira e defendeu que o aborto não pode ser realizado em nenhuma hipótese, nem mesmo quando a mulher foi vítima de violência sexual. “Eu acredito que a gente tem que seguir a vida. Não pode acontecer isso, mesmo nessas situações. Tem que avaliar que é uma criança. A partir dos três meses, a criança já tem coração, já é uma vida. Não pode acontecer isso. Sou contra o aborto”, declarou.
Ela acusou a esquerda de espalhar o “mal” para a sociedade. “As crianças estão muito vulneráveis na mão dos políticos. Eles não visam ao bem das crianças e dos adolescentes. É uma causa muito árdua, vai ser difícil, é o mal contra o bem”.
A pastora Patrícia Queiroz, da Igreja do Evangelho Quadrangular, concorda. Ela diz que existem outras formas de se “resolver o problema” quando uma mulher engravida de forma indesejada, citando, por exemplo, a adoção. “Estar aqui pelas vidas, principalmente das crianças, é um dever nosso. Proteger a criança desde o ventre da sua mãe. Estamos aqui porque acreditamos que a vida começa desde a concepção porque está escrito e precisamos, como família, defender isso”, pontuou.
Na opinião da pastora, a descriminalização do aborto em pauta agora não tem como público-alvo mulheres vítimas de violência, e sim os demais casos. “Já existe uma legislação brasileira que ampara essas mulheres. Essa questão do aborto não é para resolver problemas como esses, a esfera é outra. São mulheres solteiras que têm um comportamento promíscuo, mulheres casadas que engravidam de outros homens, mulheres que engravidam de homens casados. Para casos de estupro e violência, já existe lei”.
Também estavam na multidão de apoiadores a orientadora parental Hellen Coleta, de 44 anos, e a pedagoga Ângela Siqueira, de 68. “Para mim, é de extrema importância essa manifestação, em prol da vida, contra o aborto e a pedofilia. Por eu ter filhas, quero que elas entendam que é uma manifestação do bem e é a melhor forma de ensiná-las que isso aqui é necessário”, disse Hellen, que compareceu ao lado do marido e das duas filhas.
Ângela, por sua vez, relatou que a marcha foi “muito digna”. “É um bebê, é uma vida que está se fazendo. Estamos em uma batalha, representando as famílias que querem o melhor para o nosso Estado, e para as nossas crianças terem o direito de viver”.
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