Hacker é condenado por calúnia contra procurador da Lava Jato
Essa condenação de Delgatti vem após outra recente sentença de 20 anos e 1 mês de prisão
A 1ª Vara Federal de Araraquara (SP) emitiu uma sentença condenatória contra o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por seu envolvimento no caso da "Vaza Jato", determinando que ele cumpra uma pena de 1 ano, 1 mês e 10 dias de prisão pelo crime de calúnia. A vítima da calúnia foi o procurador Januário Paludo, que fazia parte da força-tarefa da operação Lava Jato em Curitiba (PR). A sentença foi proferida e divulgada nesta segunda-feira (11).
Essa condenação de Delgatti ganhou destaque após sua recente sentença de 20 anos e 1 mês de prisão, além de 736 dias-multa, devido à sua invasão das contas no Telegram do ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol e de outras autoridades. O hacker foi acusado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal de obter ilegalmente mensagens trocadas por procuradores da Lava Jato no Telegram e de repassá-las a terceiros, desencadeando uma série de reportagens conhecida como "Vaza Jato".
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A condenação por calúnia se deve ao fato de Delgatti ter feito alegações falsas e sem provas de que o procurador Januário Paludo teria recebido propina de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras e um dos principais delatores da Lava Jato. Essas afirmações foram feitas pelo hacker durante uma entrevista à revista Veja em dezembro de 2019, onde ele alegou que essa negociação de propina estava registrada em um dos áudios obtidos nas conversas dos procuradores no Telegram.
No entanto, a sentença destacou que a Corregedoria do Ministério Público Federal investigou as alegações de Delgatti e constatou que o áudio em questão não se referia a qualquer negociação de propina, mas sim à negociação da multa paga por Duque como parte de seu acordo de delação premiada.
Defesa afirma que não havia "intenção" de caluniar
A defesa de Delgatti alegou que não havia intenção de caluniar o procurador, argumentando que o hacker acreditava se tratar de um caso de corrupção com base nos áudios obtidos. No entanto, o juiz considerou que Delgatti assumiu o risco de cometer o crime de calúnia ao descartar a possibilidade de que o áudio se referisse ao valor da multa prevista no acordo de delação premiada, durante a entrevista à revista Veja.
As mensagens dos procuradores no Telegram, obtidas por Delgatti, desencadearam uma série de acusações de conluio na Lava Jato e também serviram de base para o Supremo Tribunal Federal (STF) concluir que o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro agiu com parcialidade ao julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Após ganhar notoriedade pelo vazamento das mensagens, Delgatti foi contatado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2022. Ele prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques praticados em Brasília em janeiro de 2022.
Delgatti também voltou a ser investigado pela suspeita de ter sido pago por aliados de Bolsonaro para forjar ataques contra a Justiça Eleitoral e inserir um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em seu depoimento à Polícia Federal, Delgatti alegou que inseriu o falso mandado a pedido da deputada federal Carla Zambelli, uma das principais aliadas de Bolsonaro.
O hacker já havia sido preso na Operação Spoofing, mas foi novamente detido durante a investigação sobre a invasão e adulteração de dados do CNJ.
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