Economia e meio ambiente devem ser foco das cidades em 2025, dizem analistas

O Grupo Liberal também traz análises do cenário internacional e as perspectivas para as eleições majoritárias de 2026

Valéria Nascimento e Elisa Vaz

A atenção com a economia, a saúde e o emprego são três pontos urgentes para as novas gestões municipais nesse início de 2025, além da questão climática, saneamento básico, mobilidade urbana e transporte, como apontam analistas ouvidos pelo Grupo Liberal sobre as perspectivas políticas no Pará e no Brasil para o ano que vem.

Para o doutor em ciência política Rodolfo Marques, que é professor de graduação e de pós-graduação, após as eleições municipais, os eleitores esperam resultados quase que instantâneos, especialmente nas áreas que são mais presentes no dia a dia, como transporte e condições de moradia.

“Os gestores municipais têm que se adequar a esse nível de necessidade, mas também em relação aos orçamentos disponíveis. Lembrando que nós temos no Brasil o Pacto Federativo, ou seja, a divisão de responsabilidade entre União, Estado e municípios. E cada prefeito que foi eleito precisa verificar quais são as prioridades. Governar é eleger prioridades e, mesmo no Legislativo, é preciso observar aquelas demandas mais emergentes e evidentes”, avalia.

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O economista e professor Mário Tito, que tem ampla experiência em relações internacionais, diz que o equilíbrio das contas públicas é vital. Ele enfatiza que "a vida política se dá na capilaridade dos municípios, então, a grande preocupação dos gestores deve ser conseguir equilibrar as contas públicas, já que muitos desses municípios não produzem riqueza suficiente para arcar com suas despesas”.

Segundo ele, é “urgente” identificar os gargalos e melhorar a aplicação dos recursos nas cidades, além de verificar se, efetivamente, os repasses para saúde e educação estão sendo feitos e como são aplicados, para que não haja a descontinuidade dos serviços e mais problemas a nível municipal.

Pontos prioritários

O professor doutor Mário Tito também defende a melhora na geração de renda e de empregos. “O município deve incentivar a formalização dessas relações de trabalho de modo tal que, de fato, a iniciativa privada seja estimulada a aumentar os postos de trabalho e a capacitação desse trabalhador, o que pode ser feito por órgãos da prefeitura, garantindo que o trabalhador mais qualificado se reposicione no mercado e obtenha maior renda nessa perspectiva”, diz.

Ainda no âmbito municipal, ele frisa a importância de se qualificar a convivência social das pessoas. Para tanto, aponta a necessidade de melhorias na infraestrutura, com melhoramentos das ruas e das praças e, também, da mobilidade urbana.

“No caso de Belém, em especial, é preciso melhorar a qualidade do transporte público, aumentando o número de veículos à disposição da população, melhorar a limpeza pública com acondicionamento adequado dos resíduos sólidos para que se possa, de fato, uma mais aprazível, E essa questão é importante ter muito mais empenho público, com a colaboração da iniciativa privada para que os benefícios possam chegar a todas as camadas populacionais”.

COP 30 em Belém

A realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) na capital paraense em 2025 traz uma relevância maior ao Pará, segundo o cientista político Rodolfo Marques. A Amazônia é uma discussão global há várias décadas, em relação à biodiversidade, energia limpa, floresta em pé e sustentabilidade, portanto, com o evendo, o Estado ganha uma dimensão ainda maior dentro do cenário geopolítico.

“O Brasil busca também uma reinserção no campo diplomático e das relações internacionais, tanto na pauta geopolítica quanto na pauta climática. O enfrentamento das mudanças climáticas é uma emergência e uma demanda global, e o governo Lula tenta retomar esse protagonismo internacional. Para isso, a discussão climática é substantiva e importante. Acho que o evento trará uma série de desdobramentos positivos para o país nesse sentido”, comenta.

Já Tito observa que o Brasil tem o bioma da Amazônia, "a produção de energia limpa, uma série de lideranças no campo das discussões ambientais que serão consolidadas na COP 30, mas isso traz consigo grandes responsabilidades no sentido de fazer o dever de casa, no combate ao desmatamento, na menor utilização dos combustíveis fósseis, o que gera o debate de se explorar petróleo na costa amazônica”.

Influência mundial

Ainda falando do contexto internacional, o professor destaca alguns pontos que podem influenciar o cenário político em 2025, como a posse de Donald Trump em 20 de janeiro à frente dos Estados Unidos. Para Mário Tito, o republicano retorna ao poder em uma configuração mais dura.

“Mostra-se, no futuro, uma dificuldade muito grande de estabelecer relações um pouco mais saudáveis com os Estados Unidos, até porque os EUA em franco conflito de hegemonias pelo mundo, com a China, tende a buscar ainda mais pressionar para que o dólar e os produtos americanos tenham vantagem com relação aos chineses e isso reverbera no Brasil, porque, há muito tempo, o parceiro comercial prioritário do Brasil não são os Estados Unidos, mas sim a China".

O professor também pontua "a questão sensível e complexa” da segurança internacional, com os conflitos no Oriente Médio, acirrados agora com o fim do governo Bashar al-Assad na Síria. Na opinião dele, o interesse da Turquia e de Israel na Síria, o conflito de Israel com o Irã e a atuação da Rússia em dois conflitos mostram que o mundo vai passar por um “problema bastante sério” de segurança internacional.

Eleições majoritárias

Em 2026, uma nova eleição será realizada no Brasil, para a escolha do novo presidente, governadores e parlamentares, e a construção de articulações já começou no pleito deste ano e deve se intensificar em 2025. Hoje, para o cientista político Rodolfo Marques, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua sendo um candidato importante e forte para a Presidência.

“Obviamente, não há nenhuma garantia de que ele será o candidato da esquerda, mas se ele for para disputa é o favorito. O Brasil tem muitos problemas e legados complicados dos governos Temer e Bolsonaro, mas tenta trazer uma recuperação política, econômica e social, mesmo em uma realidade polarizada. Lula permanece com a principal liderança política do país, que, em uma busca do quarto mandato, ele ainda teria um favoritismo bem destacado”, avalia.

Caso a esquerda busque outros nomes para compor a chapa ou mesmo para se tornar um eventual sucessor, Rodolfo destaca Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSB), Helder Barbalho (MDB), João Campos (PSB) e Simone Tebet (MDB). Já pela direita, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível, Tarcísio de Freitas seria uma opção, assim como os próprios filhos de Bolsonaro.

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