Depois de acusar processo eleitoral de fraude, Bolsonaro desconversa sobre provas

Até hoje, o presidente não apresentou provas ou indícios de fraudes em 2018

Reuters
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Um dia depois de afirmar que possui provas de que não venceu a eleição de 2018 já no primeiro turno por fraude, o presidente Jair Bolsonaro desconversou ao ser questionado sobre quando as apresentará, mas mais uma vez levantou dúvidas sobre a confiabilidade do processo eleitoral brasileiro.

"Eu quero que você me ache um brasileiro que confia no sistema eleitoral brasileiro. Eu espero que você ache um brasileiro que confia no processo eleitoral brasileiro", disse, ao ser perguntado diretamente sobre quando apresentaria as provas da suposta fraude nas eleições de 2018.

Ao ser perguntado se não acreditava na Justiça Eleitoral, irritou-se. "Não é na Justiça, não deturpem minhas palavras, não façam essa baixaria que a imprensa sempre faz comigo", respondeu.

No dia anterior, em uma palestra a apoiadores, também em Miami, o presidente afirmou que teria recolhido provas de que as eleições de 2018, em que foi eleito com 57,8 milhões de votos no segundo turno, foram adulteradas. Bolsonaro disse que teria vencido no primeiro turno, algo que repete desde a campanha eleitoral, e que no segundo só venceu porque teria tido muito mais votos que os computados.

Até hoje, o presidente não apresentou provas ou indícios de fraudes em 2018. À época, depois de suas acusações logo depois do primeiro turno, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ordenou uma auditoria nas urnas eletrônicas que comprovaram sua confiabilidade.

Bolsonaro falou nesta terça-feira por menos de dois minutos aos jornalistas que acompanham sua viagem. Foi a primeira entrevista durante os quatro dias em que passou nos Estados Unidos. Ao ser abordado outras vezes, demonstrou irritação e se recusou a responder perguntas.

Na segunda-feira, no entanto, o presidente aproveitou uma palestra livre para apoiadores, organizada por pastores brasileiros na Florida, para passar vários recados. Em sua fala, a um público fiel, criticou a imprensa, pressionou o Congresso para voltar atrás no acordo que permitiu a manutenção de seus vetos ao Orçamento --que ele mesmo avalizou--, acusou o sistema eleitoral de fraude e defendeu as manifestações marcadas para 15 de março, que tem entre seus motes as críticas aos Congresso e ao Judiciário.

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