Com presença de representantes do governo federal e da ONU, evento em Belém explica o que é a COP
Governador aproveitou o encontro, realizado em Belém, para cobrar ações das secretarias e órgãos locais
Um evento realizado nesta segunda-feira (26), no Hangar Centro de Convenções, em Belém, teve o objetivo de aproximar a sociedade civil da agenda climática. Com tema “O que é a COP”, o encontro organizado pelo governo do Pará buscou esclarecer sobre a Conferência das Partes (COP), órgão supremo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, cuja edição de 2025 será realizada em Belém.
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Além do próprio governo, representado pelo chefe do Executivo paraense, Helder Barbalho, e membros do secretariado estadual, também estiveram presentes representantes do governo federal, incluindo membros dos Ministérios do Meio Ambiente e Relações Exteriores e da Casa Civil; membros do empresariado local; parlamentares do Pará; e até representantes da Organização das Nações Unidas (ONU), como a ex-ministra Izabella Teixeira.
Para o governador Helder Barbalho, a parte mais significativa do evento é garantir o envolvimento da sociedade civil - ele diz que, assim, “teremos dado o passo mais importante para que consigamos fazer o mais extraordinário encontro da agenda climática do planeta”. Para tanto, o governo do Estado criou um comitê que, inicialmente, reúne 13 órgãos, mas deve crescer e contar com representantes de muitas outras entidades.
“Temos algo que nos alça a uma dimensão diferenciada: nunca antes isso ocorreu na Amazônia, e o palco não poderia ser mais desafiador e grandioso, a maior biodiversidade, o bioma responsável pela captura de emissões, diferenciado de outros biomas. Isso tudo deve ser visto por todos nós com a certeza de que temos à frente e muito próximo um evento de magnitude global que devemos aproveitar”, destaca.
Titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Mauro O’ de Almeida diz que a expectativa ao realizar o encontro nesta segunda-feira é de que todos fiquem alinhados e conheçam o papel do Estado e do município enquanto governo e o papel de cada um da sociedade civil na realização de um evento como esse na Amazônia.
“Temos desafios em Belém, sobretudo na hospitalidade e logística do evento, mas, isso resolvido, é um passo seguro de que vamos ter um evento de sucesso. É grande a necessidade de discutir a Amazônia na Amazônia, para que as pessoas não fiquem presas à ideia de que a Amazônia é um santuário. Temos pessoas que precisam ser atraídas para a agenda climática. Enquanto tivermos uma disputa entre a pobreza e a agenda climática, a gente vai perder”, argumenta.
Já o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, ressaltou a importância de a sociedade assumir seu protagonismo. “A COP é da ONU, mas quem define, faz negociações, quem pactua, assina os acordos, são os representantes dos Estados, e que não queiram que a humanidade, com todo respeito aos representantes, abra mão do seu protagonismo. Então, no centro da Amazônia, certamente nós teremos uma das maiores COPs até hoje”.
Cobrança
O governador Helder Barbalho aproveitou o evento para cobrar ações dos órgãos de sua gestão. Citando, por exemplo, a Companhia de Portos e Hidrovias, o chefe do Executivo disse que é preciso “dar conta” e finalizar o terminal hidroviário de Icoaraci e preparar o de Belém para funcionar durante a COP, em 2025. “Temos que construir a ampliação do nosso terminal hidroviário e ter um terminal hidroviário transatlântico, porque nós vamos fazer o desassoreamento do canal de navegação para colocar navios de grande porte para ancorar aqui na nossa capital”, mencionou.
Quanto à Polícia Militar (PM), Barbalho cita que será necessário reforçar o batalhão turístico, que hoje tem um efetivo proporcional ao dia a dia, mas terá que se adequar à chegada de mais de 50 mil pessoas em Belém para o evento, daqui a dois anos. “A Secretaria de Segurança Pública vai ter que dialogar com a Polícia Federal, porque nós vamos receber 197 delegações do mundo inteiro e temos que garantir policiamento e garantir segurança para estas pessoas”.
No campo da mobilidade urbana, na avaliação do governador, devem ser feitas novas avenidas e é preciso melhorar a mobilidade urbana da capital, mas, além disso, criar uma estratégia de planejamento para que a cidade não “colapse” durante um evento dessa magnitude. “Cada um aqui deve se provocar para esta lógica e, principalmente, pensar como este evento pode deixar um legado para o nosso Estado”, disparou.
Representantes
O evento ainda contou com participações de membros do governo federal. O secretário adjunto de meio ambiente, clima, agricultura e relações exteriores da Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, Gabriel Lui, diz que a escolha por Belém para sediar a COP no Brasil é muito significativa para a Presidência da República. “O presidente do Lula, com o governador, trabalhou bastante para que a gente pudesse ter esse movimento de indicação da cidade de Belém e, agora, com a confirmação da indicação estamos em um processo de formalização e início dos trabalhos para que Belém assuma esse papel grandioso de realizar uma COP no Brasil, que vai ser a primeira do clima que o nosso país vai realizar”, comenta.
Na opinião de Gabriel, é “muito simbólico” que a COP aconteça na Amazônia por conta de todo o debate e soluções que a Amazônia apresenta para o mundo. Na visão do secretário, o país vive hoje um “momento muito crucial” do ponto de vista de retomada da vida ambiental na perspectiva do governo federal. “Isso tem impactos para todos os Estados da Amazônia, todos os municípios, todas as pessoas, sociedade civil, setor privado aqui representado. É um momento muito especial de construção do que vai ser esse grande evento”.
Ele aproveitou o momento para relembrar alguns compromissos assumidos pelo presidente Lula em relação à agenda socioambiental: redução do desmatamento acompanhada da retomada e do desenvolvimento econômico por meio da bioeconomia; e a mitigação e adaptação da mudança do clima, por meio de instrumentos globais que coloquem o Brasil em uma posição de protagonista.
A secretária de clima e mudanças climáticas do Ministério do Meio Ambiente, que participou representando a ministra Marina Silva, Ana Toni, disse que, nesta COP que será realizada em Belém, a tendência é de que as discussões sobre mudanças do clima abracem os debates sobre pobreza e desigualdade, materializando isso nas negociações. “Vamos ver como trazer o melhor do Pará para dentro da convenção, trazer a alegria, gastronomia e música paraense. Vamos ter um desafio, porque vai ser talvez a mais importante COP, depois do Acordo de Paris, porque sabemos do papel importante do Brasil”.
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