Suspeito de provocar acidente que matou policiais civis é apresentado à Delegacia Geral da PC; vídeo
Ele já havia sido preso pela Polícia Civil do Pará (PCPA), em Irituia, nordeste do estado, na manhã desta sexta-feira (28)
O motorista de aplicativo Agildo Soares de Sousa, de 40 anos, suspeito de conduzir o Volkswagen Voyage prata que provocou o acidente que vitimou dois policiais civis, foi preso, por volta das 8h desta quarta-feira (28), na casa de familiares em Irituia, município distante a mais de 120 quilômetros de Belém, local onde o caso ocorreu. Pela tarde, Agildo foi apresentado na Delegacia Geral da Polícia Civil do Pará (PCPA), localizada no bairro de Nazaré, na capital paraense. Agildo deve ser autuado pelos crimes de duplo homicídio na modalidade de dolo eventual, lesão corporal grave ou gravíssima, dependendo do que apontar o laudo pericial, e também omissão de socorro.
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Uma coletiva de imprensa foi realizada no auditório da PCPA e contou com a participação dos delegados: Evandro Araújo, Luis Xavier, titular da Divisão de Homicídios (DH), Fernando Rocha, delegado também da DH, o delegado-geral da PCPA, Walter Resende, e a delegada-geral adjunta da PCPA, Daniela Santos.
Walter explicou como decorreu o trabalho investigativo da PCPA durante os últimos três dias. O Volkswagen, modelo Voyage, de cor prata, foi apreendido no bairro de Águas Lindas, em Ananindeua, na Grande Belém. No dia seguinte, o motorista do carro foi detido.
“O caso foi repassado à Divisão de Homicídios e precisávamos dar esse esclarecimento à população e aos familiares das vítimas, além de fazer uma análise criminal ao evento. Na terça-feira (27), localizamos o veículo na casa do condutor, que fica no bairro de Águas Lindas, em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém. O automóvel estava coberto dentro do imóvel e conseguimos apreende-lo, para que a nossa investigação prossiga e sejam feitas as devidas perícias. Já ouvimos depoimentos de pessoas que presenciaram o acidente que, de alguma forma, pudessem trazer informações ao nosso inquérito policial. Nós conseguimos nesta quarta-feira (28), localizar e prender na cidade de Irituia, ainda em situação flagrancial, o motorista do automóvel. Após o entendimento jurídico da DH, entendemos que a autuação em flagrante delito por duplo homicídio na modalidade de dolo eventual, lesão corporal grave ou gravíssima, dependendo do que apontar o laudo pericial, e omissão de socorro”, disse o delegado-geral PCPA.
Agildo responde na Justiça por outro acidente de trânsito
O delegado Luis Xavier disse aos jornalistas que Agildo responde na Justiça a outro processo criminal de acidente de trânsito.
Segundo o titular da DH, o crime em que o motorista é acusado ocorreu com o mesmo veículo envolvido na morte do investigador Homero Gois e Silva de Souza e a escrivã Rejane Maria Oliveira da Silva na última segunda-feira (26). Luis aponta que o processo, reforça a imprudência de Agildo no volante.
“Ele (Agildo) responde a um crime de trânsito similar a esse e inclusive no mesmo veículo. Ou seja, ele é uma pessoa totalmente imprudente. No automóvel dele, a gente não conseguiu identificar, de maneira prévia, nenhum tipo de batida. Pelas imagens que circulam nas redes sociais, o policial (Homero) tentou evitar a colisão e, infelizmente, perdeu o controle do veículo vindo a colidir com o muro da Estação do BRT. O suspeito se evadiu do local do acidente e foi encontrado na casa de familiares em Irituia”, relatou Xavier.
A redação integrada de O Liberal tentou conversar com a advogada criminalista Ilca Moraes, que faz parte da defesa do condutor, mas ela não soube informar do que se trata o acidente em que Agildo vem respondendo. “Na realidade, o fato dele, supostamente, responder a esse processo, porque nós não tivemos acesso a essa informação não diz que ele teria cometido. É um outro procedimento que está em apuração”, disse Ilca.
Polícia não comentou sobre velocidades dos dois veículos e se policias usavam cinto de segurança
No desenrolar da coletiva de imprensa, a polícia não se retratou sobre a velocidade que a viatura da PCPA seguia pela avenida Augusto Montenegro, assim como o veículo supostamente dirigido por Agildo. Os delegados também não falaram se os policiais civis, que estavam dentro da viatura, utilizavam cinto de segurança no momento da colisão.
Delegada-geral adjunta fala sobre uso da via expressa do BRT
Daniela Santos, a delegada-geral da PCPA, explicou que a viatura tinha saído da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) do distrito de Icoaraci, com destino à Polícia Científica do Pará (PCEPA), para que o custodiado, que estava dentro do automóvel, realizasse exame de corpo de delito e depois fosse direcionado ao sistema penitenciário. Ela foi questionada se era correto o uso da viatura da Polícia Civil na via expressa do BRT. Daniela afirmou, diante da situação apresentada, os policiais podiam utilizar a pista e não se trata uma infração por parte dos agentes de segurança. “Nós estávamos em serviço, em uma viatura caracterizada. Os policiais trajavam o uniforme policial. Isso nos permite o uso da via expressa do BRT. Filmagens de circuitos de vigilância próximo do local do acidente evidenciam a impossibilidade até de uma frenagem por parte do policial, por conta de ter sido tão brusca e irregular a entrada irregular do motorista (Agildo) faz, de forma totalmente indevida. O local que ele fez isso não era um retorno.
Advogado alega que fuga do motorista ocorreu para ‘resguardar integridade física’
Faulz Sauaia, que também faz parte da defesa de Agildo de Sousa, declarou que o cliente tinha intenção de se entregar à polícia na quarta-feira (28) e o suspeito apenas fugiu da cena do crime com medo de apanhar. “Entendemos que quando ele somente saiu para resguardar integridade física dele naquele momento. As vítimas são policiais e ele não sabia a questão da população sobre esse acontecimento. Ele (Agildo) é uma pessoa do povo, humilde, trabalhadora, motorista de aplicativo e pai de família. O que ele fez, naquele momento, foi tão somente resguardar a sua segurança. O nosso entender é que, de forma alguma, ele se evadiu para não prestar socorro. Inclusive, a tipificação penal da omissão de socorro, prevê que a pessoa tem que prestar ajuda quando ela puder. Naquela situação, ele não tinha como”, pontuou Faulz.
Agildo permanece preso e o inquérito policial prossegue para colher mais depoimentos de testemunhas e vídeos que possam auxiliar na elucidação do caso.
Relembre o acidente
Por volta das 16h, Homero, Rejane, Clayton e o preso Bruno tinham saído da DEAM de Icoaraci para deixar o custodiado na PCEPA, que após os procedimentos legais, ficaria à disposição da Justiça.
A viatura seguida pela pista expressa do BRT, sentido Belém, quando Agildo, que estava sozinho no Voyage prata, adentrou na via. O veículo da PCPA ainda desviou da colisão, mas acabou perdendo o controle e colidindo contra o muro da Estação do Tapanã, localizada na confluência entre os bairros do Coqueiro, Parque Verde e Tapanã.
Clayton e Bruno seguem hospitalizados e não há atualizações sobre o estado de saúde deles. Agildo ainda permaneceu poucos segundo no local do acidente e depois fugiu pelo outro lado da avenida.
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