Servidores e empresários são presos suspeitos de envolvimento em garimpo ilegal no oeste do Pará
Os investigado estariam envolvidos em crimes ambientais realizados na região da Terra Indígena Munduruku
Dois servidores públicos e dois empresários foram presos preventivamente pela Polícia Federal durante a operação Cobiça, que combate crimes ambientais na região do Tapajós, no oeste do Pará. Os mandados estão sendo cumpridos nesta quinta-feira (28/11) em Santarém, Itaituba, Altamira e também no Rio de Janeiro e Goiânia. Durante a ação, foram apreendidos oito carros de luxo, celulares, jóias e quantidade ainda não contabilizada de ouro e dinheiro. Entre os crimes investigados estão: lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e organização criminosa.
Segundo a PF, além dos quatro mandados de prisão, são cumpridos 21 mandados de busca, sequestro de bens e medidas cautelares de afastamento da função pública. A suspeita é que servidores públicos tenham participado da organização criminosa, na cadeia produtiva do ouro ilegal.
A investigação da PF apontou que os servidores públicos investigados receberam, durante meses sucessivos, pagamentos de empresas e outras pessoas investigadas pela comercialização de ouro de terras indígenas e de áreas de reserva legal. O dinheiro seria para que os servidores públicos facilitassem ou não reprimissem os crimes ambientais cometidos pelas empresas, além de atuarem na logística e segurança do ouro ilegal. Conforme a PF, há fortes indícios de que o ouro comercializado pela organização criminosa provém de garimpos localizados no interior e região de entorno da Terra Indígena Munduruku. Essa é uma das terras indígenas mais devastadas pelo crime e que está, no momento, em processo de desintrusão em grande operação, também com participação da Polícia Federal.
Investigação
Um dos investigados teria recebido R$ 4 mil por mês, como parte da organização criminosa, para não impedir o negócio ilegal; outros dividiam R$ 10 mil mensais, com a função de estar à disposição das empresas, inclusive em horários de expediente e usando carro e outros materiais de trabalho institucionais.
A apuração da PF indica que outro dos investigados é empresário que já havia sido condenado três vezes por tráfico de drogas, além de ter condenações por receptação, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação para o tráfico.
Operação
A operação Cobiça surgiu a partir da operação Ganância, da Polícia Federal em Rondônia, em 2022, que investigou desvio de recursos públicos federais na prestação de serviços de UTI aérea.
As empresas envolvidas no esquema teriam causado dano ambiental em área de 212 hectares, extraindo quantidade de minérios superior à permitida na guia de utilização expedida pela Agência Nacional de Mineração (ANM). As empresas declararam extrair minérios de terra indígena e de locais onde ela não teve atividade. Entre 2020 e 2021, o grupo econômico teve um rendimento estimado superior a R$ 1 bilhão, extraindo muito mais minérios do que o autorizado, em locais proibidos.
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