Refém na Augusto Montenegro: quem é Yann Carlos, responsável por manter família refém
Jovem de 27 anos, como apontam familiares, possui transtornos mentais provenientes de traumas e busca ajuda
Yann Carlos Monteiro Barroso, de 27 anos, foi o responsável por manter uma mulher refém por 17h, em um carro, na avenida Augusto Montenegro. Ele abordou um carro de aplicativo onde estava Ana Júlia Sousa, de 26 anos, e os três filhos dela, de 3, 7 e 12 anos. As crianças foram libertadas, porém, a moça seguia sob o poder dele, resultando na interdição de dois sentidos da via onde o crime começou, às 19h de quarta-feira (8).
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Apesar de esse tipo de crime ser popularmente chamado de "assalto com refém", não foi comprovado furto ou roubo cometido por ele. Mas então quem é e o que quer Yann Carlos, que paralisou parte do trânsito da Grande Belém e mobilizou as forças de segurança pública?
Quem é Yan Carlos? Jovem responsável por manter mulher e três crianças reféns
Familiares e amigos de Yann Carlos apontam que ele sofre de algum distúrbio ou doença da mente, porém, ainda não devidamente diagnosticada. O rapaz teria entrado em surto nesta quarta-feira (8). Os motivos para um surto psicótico são diversos e variam de pessoa para pessoa, fatores combinados e o transtorno sofrido. Lorena Monteiro, tia do rapaz, diz que tudo começou enquanto ele ainda tinha 5 anos e perdeu a mãe, irmã dela. Vários surtos foram registrados, no entanto, nunca havia ocorrido algo com um viés violento ou criminoso. Em 2015, segundo a Polícia Civil, ele foi preso por roubo. Em 2016, preso por desacato.
Lorena afirma que o sobrinho trabalha com porcelanato, granito e mármore. Ele estava morando, há algum tempo, em Santa Catarina e atuando nessa área. Ele tinha uma companheira, morava num apartamento e vivia uma vida normal. Só que algo ocorreu entre o casal e a mulher resolveu encerrar o relacionamento. Esse foi o segundo trauma. Foi quando ligou para a família e disse que queria voltar a Belém para buscar tratamento psicológico. Desde então, a família ficou à espera do retorno dele.
Cerca de um mês após comunicar que estava retornando, a família perdeu contato com Yann Carlos. Apenas cerca de três meses depois, com a família considerando ele como uma pessoa desaparecida, notícias foram recebidas novamente. Na segunda-feira (6), ele reapareceu e se reuniu com a família. Lorena diz que ele apresentava mais sinais de transtornos, como achar que estava sendo perseguido e que tinha pessoas ameaçando ele. Nada disso se comprovava.
Já o pai de Yann, Antônio Carlos Rodrigues Barroso, diz que há muito tempo a família buscava atendimento psicológico e psiquiátrico, mas nunca conseguiu atendimento. O pai e a tia, que acompanharam toda a negociação, dizem que não conseguiam ambulâncias e apoio para conduzi-lo ao Hospital de Clínica Gaspar Vianna, que é referência no Pará para atendimento de saúde mental. Contudo, esse atendimento precisa de encaminhamento.
Durante todo o tempo de negociação, de dentro do carro, em nenhum momento Yann dava sinais de que iria realmente machucar as pessoas que fez reféns. Não fez exigências além de pedir água para ele e para Ana Júlia. Somente após a liberação dos reféns é que os atos dele começaram a ser revelados: cortes, lesões, ameaças e ele teria até defecado e sujado as crianças e a mãe reféns com fezes. Para os policiais, que não conseguiam se aproximar, isso indicava que se tratava de uma situação atípica de crise com refém. Não se tratava de um assalto. E para o pai dele, era um pedido de ajuda, uma forma de chamar atenção.
Após a resolução do caso, por volta de 12h, Yann tentou se matar ao ferir o próprio pescoço com uma faca. Ele desmaiou por conta da perda de sangue e foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros Militar para o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua. Ele foi sedado e, segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), não corre risco de morte.
A expectativa é de que, além da responsabilização individual dos crimes cometidos por Yann, ele deve ser submetido a exames que possam comprovar os transtornos sofridos por ele e início do tratamento adequado.
Veja um dos momentos tensos durante a negociação:
Veja imagens da ação envolvendo reféns que durou mais de 17 horas:
Tia de Yan alegou que ele não é criminoso:
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