Paraenses presos em Portugal: tenente será interrogado por conselho e poderá ser expulso da PM
O tenente Aderaldo foi preso sob suspeita de tráfico internacional de drogas, descoberto a partir de uma carga de entorpecentes em meio a açaí
Aderaldo Pereira de Freitas Neto, tenente da Polícia Militar do Pará e afastado por suspeita de participação num suposto esquema de tráfico internacional de drogas, será interrogado por um conselho da corporação e poderá resultar na expulsão definitiva do oficial. Os membros foram nomeados pelo governador Helder Barbalho. A decisão consta no Diário Oficial do Estado (DOE) desta terça-feira (4), com os nomes do tenente-coronel Marcelo André da Costa Ferreira (presidente), tenente-coronel Ivan Silva da Encarnação Júnior (interrogante e relator) e major Itamar Rogério Pereira Gaudêncio (escrivão) como titulares do processo.
O tenente foi preso no começo de julho de 2022, no escopo da operação “Norte Tropical”, que investiga um esquema internacional de tráfico de drogas, que partiu de um porto de Barcarena (PA) rumo a Portugal. Quatro paraenses, à época, foram presos. Os dois primeiros detidos foram Marco Antônio Faria Júnior, que tem negócios em Barcarena, e Nilson de Souza Castro Neto, conhecido como “Nilsinho”. Ambos foram presos quando receberam, em Lisboa, um contêiner que saiu do porto de Vila do Conde, em Barcarena, carregado com 320 quilos de cocaína escondidos em uma carga de açaí.
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"Ele [Aderaldo] fica agregado enquanto corre o Processo Administrativo Disciplinar, o chamado Conselho Especial de Justificação. Na prática, isso significa que o militar deixa de figurar na lista de promoção, ele vai ganhar proporcionalmente ao tempo de serviço e, ao cabo do fim do conselho, se for considerado culpado ou incapaz para o serviço militar ativo, deverá ser excluído da corporação definitivamente. Por outro lado, caso seja absolvido, o oficial vai ser reintegrado ao quadro original e vai ter direito a receber de forma retroativa as promoções e os valores devidos ao período de agregação”, explica Armando Brasil, promotor de Justiça Militar.
Aderaldo foi preso cerca de uma semana depois em Portugal, quando possivelmente tentava fugir do país rumo ao Brasil. Já no dia 8 de outubro, foi a vez do quarto paraense supostamente envolvido no esquema ser preso. De acordo com informações repassadas pelas autoridades federais do Brasil e de Portugal, trata-se de Allan Carvalho Cardoso, 27 anos, proprietário da empresa A.C Cardoso, registrada como exportadora de açaí. Ele foi capturado no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, depois de apresentar documentação falsa ao desembarcar de um voo vindo de Madrid, capital da Espanha.
Esquema pode ser maior, acredita polícia de Portugal
De acordo com a polícia lusitana, os suspeitos podem ter envolvimento em um esquema bem maior, comandado por Ruben Oliveira, conhecido como “Xuxas” e considerado o maior traficante português; e Sérgio Carvalho (o “Major Carvalho”), chamado de “Escobar brasileiro”.
"Considerando os elementos informativos colacionados na Ação Judicial nº 1024264- 67.2022.4.01.3900, a qual tramita em segredo de justiça na 3ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal da 1ª Região, e que indica fatos atribuídos ao 1º TEN QOPM RG 36618 Aderaldo, capazes de afetar, se comprovados, a honra pessoal, o pundonor policial-militar e o decoro da classe, configurando transgressão de natureza grave, por se tratar, possivelmente, de tráfico de drogas, ocorrido no ano de 2022", diz o texto do decreto no DOE.
Mais de quinze policiais militares do 24º Batalhão de Polícia Militar (BPM) foram presos pelo crime de extorsão mediante sequestro de supostos traficantes ligados à organização criminosa Comando Vermelho, em Belém, em operação conjunta da Corregedoria da PMPA com a Promotoria de Justiça Militar ao longo do ano de 2022. Só em julho, dez agentes do batalhão foram detidos. Aderaldo fazia parte desse batalhão.
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