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Pacientes passam por perícia em investigação sobre perda da visão após mutirão de catarata em Belém

As vítimas realizaram os procedimentos para dar continuidade nas apurações sobre denúncias de infecção após procedimento em clínica particular de Icoaraci

O Liberal
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Os pacientes que denunciaram a perda parcial e completa da visão após um  mutirão de cirurgias de catarata na clínica particular São Lucas, em Icoaraci, passaram por perícia médica na segunda-feira (21/10). O procedimento faz parte da apuração realizada pela Polícia Civil na investigação sobre o caso. A Redação Integrada de O Liberal tenta contato com a clínica citada, mas ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para o pronunciamento sobre o caso.

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Nesta terça-feira (22/10), Sheyla Costa, que é filha da paciente Benedita da Costa, relatou que o único desejo da mãe é ter qualidade de vida novamente.

“A minha mãe foi fazer a perícia no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, encaminhada pela delegacia, e vai esperar esse laudo que será usado no processo para verem a questão da infecção pela bactéria. Nesse mês de setembro ela passou pela terceira cirurgia, que fez ela voltar a ver parcialmente. Mas logo que ela fez o primeiro procedimento no olho, em julho, já ficou sem enxergar. As três cirurgias foram feitas na clínica… eles se disponibilizaram para tentar reverter o que aconteceu, já que muita gente foi afetada e ficou cega. Só queremos que ela tenha a visão de volta e possa ter a vida normal”, conta Sheyla. 

Ainda segundo Sheyla, a vida da família mudou completamente. Dona Benedita, que era cozinheira e morava sozinha, agora precisa de auxílio para realizar as atividades diárias, e teve que parar de trabalhar.

“Ela ficou cega e precisa de remédios para não sentir dor. Devido a infecção, ela reclama muito que incomoda. Ela tem que estar o tempo todo sob o efeito do remédio. Lá na clínica eles deram o remédio, apoio psicológico e condução. Mas isso também é uma obrigação deles, pois a gente não teria como arcar com tudo. Porém, as consequências são difíceis para nós. A minha mãe não consegue fazer nada sem ajuda. Ela ainda tentou trabalhar depois da segunda cirurgia, mas não conseguiu. Ela está com dívidas, não tem como pagar coisas básicas sem fazer comida para vender, como já estava acostumada”, lamenta Sheyla.

Segundo o advogado Cássio Souza, que representa 11 pacientes que realizaram a cirurgia de catarata e tiveram problemas, os procedimentos na justiça estão em fase inicial.

“Os pacientes realizaram a perícia de lesão corporal. Essa questão do olho não deixa de ser considerada uma lesão, tanto psicológica quanto corporal. Então o exame será unido ao inquérito para dar seguimento. Além disso, o exame será colocado junto aos processos, para dar andamento. Queremos munir o juiz com informações que o deixem assistido, para assim ele tomar uma decisão que faça justiça às vítimas”, declarou a defesa. 

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Algumas vítimas precisaram amputar o olho em decorrência de infecções graves

Cássio Souza explica que todo o processo também será enviado ao Ministério Público do Pará. “O MP deve tomar conhecimento para que ele possa também tomar providências. Todas as ações foram protocoladas e o Ministério Público foi notificado para estar ciente do processo. Todos os pacientes realizaram o boletim de ocorrência na delegacia de Icoaraci e, depois, levamos o caso para ser investigado pela Divisão de Investigação e Operações Especiais delegacia do consumidor (Dioe). O MP está sendo notificado sobre a reparação por danos morais, materiais e estéticos”, explicou o advogado.

Em nota, o Ministério Público do Estado do Pará informou, nesta terça-feira (22), que na Promotoria Cível de Icoaraci foi aberta uma apuração preliminar (Notícia de Fato), de ofício, com as informações de notícias da imprensa que chegaram. 

“A apuração ainda está em fase inicial, com prazo para a instituição que realizou os procedimentos oftalmológicos enviar informações e documentos. O PJ Cível não dará entrevistas, pois a apuração está no início. Na esfera penal, não há nenhum pedido de providências ou denúncia formalizada pelos pacientes na Promotoria de Justiça Criminal de Icoaraci. Assim que os inquéritos policiais em andamento na Delegacia de Icoaraci forem finalizados e enviados ao MPPA, serão analisados para as providências cabíveis pelo MPPA”, comunicou.

A Polícia Civil do Pará informou que o caso foi encaminhado à Delegacia do Consumidor (DECON), vinculada à Divisão de Investigação e Operações Especiais (DIOE), que continuará com as apurações. "A PCPA solicitou perícias à Polícia Científica e também informações dos órgãos de vigilância sanitária. Todas as vítimas estão sendo ouvidas e encaminhadas para perícias. Também serão verificadas todas as responsabilidades dos sócios da clínica e os médicos que lá atenderam. O processo é apurado sob sigilo", informou em nota.

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