Norte registra aumento de 75% em casos de feminicídio nos primeiros semestres de 2019 a 2022
Somente neste ano, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública contabilizou 699 mulheres vítimas de feminicídio. Uma média de quatro mulheres mortas por dia
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que, no primeiro semestre de 2022 (janeiro a junho), 699 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil, média de quatro mulheres por dia. A região Norte foi a que apresentou maior crescimento no primeiro semestre dos últimos quatro anos, com aumento de 75%. A região Centro-Oeste também teve crescimento significativo, com 29,9% de alta entre 2019 e 2022. Já dentre as unidades da federação, Rondônia teve o maior aumento, 225%, seguido por Tocantins, 233,3% e Amapá, 200%, todos na região Norte. Os dados, divulgados nesta quarta-feira (7), foram obtidos com exclusividade pelo G1, GloboNews e TV Globo.
VEJA MAIS
Na semana passada, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) informou que, em 2022, no período de janeiro a outubro, foram registrados 42 casos de feminicídio, representando uma redução de 26,31% se comparado ao mesmo período de 2021, em que foram registrados 57 casos.
Segundo o site G1, quanto ao total de casos registrados no primeiro semestre deste ano, o número é o maior já registrado para um período de seis meses e ocorre no momento em que o país teve o menor valor destinado às políticas de enfrentamento à violência contra a mulher.
Se comparado com o mesmo período de 2019, o crescimento foi de 10,8%, “apontando para a necessária e urgente priorização de políticas públicas de prevenção e enfrentamento à violência de gênero”, diz o Fórum. O aumento foi de 3,2% em relação ao primeiro semestre de 2021, quando 677 mulheres foram assassinadas.
Desde 9 de março de 2015, a legislação prevê penalidades mais graves para homicídios que se encaixam na definição de feminicídio – ou seja, que envolvam “violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher”. Os casos mais comuns desses assassinatos ocorrem por motivos como a separação.
Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum, diz que os dados mais consistentes começaram a ser obtidos em 2019.
“O primeiro ano completo que nós temos de estatísticas no Brasil é 2016. Mas em 2016 e em 2017, ainda temos um movimento nos estados de adaptação a essa nova legislação. Dados mensais nós dispomos a partir de janeiro de 2019 para todo o mês. Mas o que os números indicam? Olhando os dados de janeiro a junho de 2022, se mantida essa tendência, nós teremos um novo recorde de feminicídios, inclusive quando fechar o ano de 2022. Infelizmente, tudo aponta para um crescimento da violência letal contra meninas e mulheres em decorrência do seu sexo, da sua condição de gênero.”
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA