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Jornalista denuncia assédio moral praticado pelo presidente do Coren Pará; Conselho nega o ocorrido

Relato está sendo apurado pelos órgãos responsáveis ligados ao Coren estadual

O Liberal
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O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) apura uma denúncia que aponta o presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Pará (Coren-PA) como autor de um suposto assédio moral contra o ex-assessor de comunicação que atuou na instituição. O jornalista Matheus Freire, que estava na Ascom do Coren desde 2023, relatou desrespeitos, que teriam sido presenciados até mesmo por outros colaboradores. Procurado, o presidente do Coren-PA, Antônio Marcos Freire, nega as acusações.

“O Cofen, sempre que recebe denúncias de qualquer natureza contra dirigentes do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, apura os fatos através da Corregedoria, garantindo o direito de defesa e o contraditório, nos termos que determina o Código de Processo Administrativo Disciplinar, aprovado pela Resolução Cofen 645/2020”, comunicou, em nota.

Segundo o relato de Matheus Freire, de 30 anos, na última situação em que ocorreu o assédio por parte do presidente do Coren, o jornalista foi demitido por ligação telefônica.

“Há 1 ano e 9 meses, eu estava à frente da assessoria de comunicação do Coren Pará. Eu entrei em junho de 2023 e a minha saída foi de uma maneira que eu não esperava. Fui demitido por telefone pelo atual presidente do conselho no dia 12 de março. Ele me ligou gritando, usando palavras de baixo calão, e me demitiu. Foi a última de uma série de humilhações que sofri desde que ele assumiu a presidência”, relata o jornalista.

Conforme relatado pelo jornalista, no momento da demissão, o presidente do Coren estava alterado. “Ele queria uma divulgação de um material e estava tudo pronto, só faltava a fala dele. Quando ele ligou, expliquei isso. Então ele começou a gritar, falar em um tom bem agressivo. Tentei explicar, mas ele passou a falar palavras de baixo calão. Me posicionei como um profissional e falei: ‘Não grite comigo, fale baixo e me respeite’. Do outro lado do telefone, ele usou o poder dele de presidente e falou assim: ‘Tu tá demitido, eu te demito’. Eu só respondi ‘OK’”, conta o jornalista.

Matheus relatou os outros casos de assédio que teriam ocorrido anteriormente. “Ele sempre encontrava um motivo para menosprezar meu trabalho. Era muito difícil receber feedbacks positivos dele. Eu atuo há mais de 10 anos no jornalismo, tenho diploma, sou formado. Sentia que esse era um método dele para me menosprezar, desqualificar meu trabalho, como se quisesse que eu perdesse a paciência e pedisse demissão”, diz o ex-assessor.

O jornalista afirma que reportou os casos de assédio ao chefe de gabinete do conselho, mas as agressões continuaram. “Na segunda vez, não tolerei. Ele gritou comigo em um evento, na frente de várias pessoas que trabalhavam no Coren. Quando relatei o caso, os chefes me pediram desculpas. Mas o presidente mesmo nunca falou comigo para se desculpar. Sei do meu valor e da minha competência, e não vou aceitar ser tratado dessa forma", conta Matheus Freire.

Conforme o ex-assessor, o relato e a denúncia se tratam de uma maneira para não deixar que o caso se repita com outros jornalistas. “Temos que nos impor. Independente de qualquer lugar que você esteja atuando, é necessário se posicionar como um profissional para que isso não ocorra. Há casos que chegam a afetar a saúde mental do colaborador. Acabei dando um basta nisso”, finalizou o jornalista Matheus Freire.

Posicionamento

Ao ser procurado pelo O Liberal, o Coren-PA enviou uma nota com o posicionamento do presidente Antônio Marcos. Ele nega o ocorrido e alega que a decisão do ex-assessor partiu de uma reforma administrativa.  

“Recebo com surpresa sua mensagem e, ao mesmo tempo, agradeço por disponibilizar espaço para o devido esclarecimento. Informo que a exoneração do ex-assessor de comunicação ocorreu em razão de reforma administrativa conduzida pela Diretoria do Conselho, que, entre outras medidas, está relacionada à política de recursos humanos voltada à gestão de cargos comissionados, incluindo atos de exoneração e nomeação de empregados públicos”, disse.

Antônio Marcos diz que o relato de Matheus Freire não procede. “A narrativa apresentada na denúncia não corresponde à realidade dos fatos, tratando-se, ao que tudo indica, de uma manifestação de insatisfação pessoal, o que é compreensível em situações de desligamento, mas que não reflete a verdade. Reitero que todos os empregados públicos e terceirizados do Coren-PA, sem exceção, são tratados com respeito, cordialidade e profissionalismo. Conduta que sempre norteou minha vida pública e profissional ao longo de mais de 30 anos de atuação”, afirma.

No que se refere ao enfrentamento de práticas de assédio moral, o Coren-PA, alinhado ao Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, estabeleceu um procedimento para tratar sobre os casos. “Estruturou recentemente uma norma interna específica sobre o tema, reafirmando valores fundamentais como a dignidade da pessoa humana, igualdade de tratamento e respeito à diversidade, além de repudiar qualquer conduta que comprometa a integridade e a saúde dos trabalhadores. Essa política está devidamente regulamentada pela Resolução Cofen nº 768/2024, publicada no final do ano passado, e que já está em vigor no âmbito do Conselho”, esclareceu o presidente do Coren. Ele encerrou se colocando à disposição para outros esclarecimentos.

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