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Familiares e amigos de biomédica morta fazem protesto neste domingo, em Belém

Defesa do ex-namorado de Karina Santos teme pela exposição pública do policial penal: 'difamação'

O Liberal
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Familiares e amigos de Karina Santos Pinto, biomédica que morreu no dia 24 de agosto, em Belém, realizaram um protesto na manhã deste domingo, 1 de setembro, na Praça Waldemar Henrique, no bairro da Campina. Com a frase de efeito 'Somos a voz da Karina', eles pediam celeridade para as investigações e a prisão do ex-namorado da jovem, o policial penal Davi Deus Pessoa. A defesa dele diz que teme pela exposição da imagem de Davi, por parte da família da vítima: "ele está coagido, vive escondido", diz o advogado Dorivaldo Belém. A Polícia Civil investiga o caso, sob sigilo, por meio da Delegacia de Feminicídio (Dfem), vinculada à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM).

O protesto pela morte de Karina Santos estava marcado para começar às 8h. Concentrados na Praça Waldemar Henrique com a travessa Piedade, amigos e familiares portavam cartazes e faixas com pedidos de justiça. Um dos cartazes fazia alusão à alegação da família de Karina, de que ela sofria violências por parte do namorado:

"Quando uma de nós morre, vítima de violência, oriunda do patriarcado, machismo e misoginia, todas nós morremos um pouco. Somos o grito das que não estão mais aqui. Quem ama não bate".

image Cartazes e faixas reforçavam a alegação da família de que Karina Santos já sofria violência por parte do ex-namorado. (Camila Guimarães / Especial para O Liberal)

Emocionada, a mãe da jovem comenta sobre a sua convicção de que a filha não tirou a própria vida e como ela deseja que as investigações avancem e deem uma resposta a todos:

"Todo mundo que está aqui está em prol da verdade. Hoje faz nove dias desde a morte da minha filha e não tivemos nenhuma resposta. O Davi não está preso, mas tenho fé em Deus de que ele vai ser preso. A versão dele é que ela tirou a vida dela, mas nós estamos esperando a perícia sair. Como eu conhecia a minha filha, eu tenho certeza de que ela jamais tiraria a própria vida", afirma Solane Santos.

Solane conta, ainda, que depois que Karina morreu, a família teve acesso a conversas por aplicativo de mensagens, fotos e e-mails que, supostamente, comprovam que Karina vinha sofrendo agressões por parte de Davi:

"Fora os abusos, que ela já vinha sofrendo e agora nós descobrimos. Temos fotos e vídeos, ele batia nela. Quando ele fala, ele diz que não tem nenhum histórico de agressão, mas agora nós temos as provas", diz Solane.

Uma das amigas da biomédica, presente no protesto, também duvida que Karina tenha se matado: "A gente precisa aguardar o resultado dos exames da perícia para entender o que foi que aconteceu. Mas a certeza [de que ela não tirou a própria vida] a gente já tem, por conhecer a Karina, fazer parte da vida dela", afirma Gleyce Carvalho.

image Defesa do ex-namorado de Karina Santos critica a exposição que a família da vítima faz do cliente. (Camila Guimarães / Especial para O Liberal)

Defesa de ex-namorado critica a exposição

Dorivaldo Belém, advogado de defesa do ex-namorado de Karina, o policial penal Davi Deus Pessoa, critica a atitude da família da biomédica de expor fotos e o nome do agente nas redes sociais, inclusive em um perfil que criaram para cobrar apurações do caso.

"A gente entende [a perda], sabe que é muito difícil, mas eles estão criando uma conjectura de que ele matou a moça e criaram um grupo. Até aí, tudo legal, por cobrar uma apuração, mas ultrapassa esse direito quando afirma que ele matou, coloca a foto, coloca o nome, gera essa difamação. Agora ele está coagido, vive escondido", diz Dorivaldo.

O advogado explica que Davi ainda não foi indiciado pela Polícia Civil, uma vez que as apurações ainda não foram concluídas. "A autoridade policial, pela lei processual penal, tem 30 dias para apurar e, ao final, dar um relatório e decidir se o caso teve indícios de autoria, que pode dizer se foi homicídio, e aí ele vai ser autuado. Mas se [a polícia] entender que foi suicídio, faz o relatório, encaminha para a Justiça e o caso vai ser arquivado", explica.

Apesar de as investigações correrem em sigilo, Dorivaldo afirma que, extraoficialmente, a hipótese de homicídio não tem sido a mais forte no processo. "Extraoficialmente se diz que houve suicídio, porque quando houve o fato, o rapaz gritou, chamou o mototaxista, levou [Karina] ao hospital... A delegada foi ao local e checou as evidências, tanto que não o autuou em flagrante, então a investigação está encaminhando para suicídio", afirma.

Quanto às alegações da família de supostas violências sofridas por Karina antes de morrer, Dorivaldo acredita que não deve levar à abertura de um novo inquérito: "Não pode mais abrir uma investigação e apurar uma agressão porque a vítima deve denunciar. Testemunhas poderiam denunciar? Sim, mas a vítima tem que querer denunciar. Como ela morreu, ela não tem como se manifestar".

Ele também comenta uma publicação feita nas redes pela página Justiça por Karina, administrada por amigos e familiares, na qual a postagem mostra Karina com um machucado no nariz e atribui a autoria a uma agressão causada por Davi: "Quem pode dizer que aquele nariz ferido dela foi causado por agressão do namorado? Como provar isso?", questiona o advogado.

Atualmente, o policial penal está afastado de suas funções. Dorivaldo Belém afirma que a decisão foi do próprio agente: "Ele está afastado por questões psicológicas e não disciplinares - ele pediu para sua chefia. Ele foi encaminhado ao setor psicossocial para fazer tratamento e ficar afastado por um tempo".

A redação integrada de O Liberal também entrou em contato com o advogado da família de Karina Santos, Marco Pina, mas, até o fechamento desta matéria, não houve resposta. Em entrevista anterior, ele já havia afirmado que defende a versão de que Karina já sofria agressões por parte de Davi e que o caso aponta para a tese de feminicídio.

Caso

A biomédica Karina Santos Pinto morreu em Belém no último sábado (24/08) após levar um tiro no tórax dentro do carro do ex-namorado Davi Deus Pessoa. O policial penal levou Karina ao Hospital Metropolitano, na rodovia BR-316, em Ananindeua, mas a jovem não resistiu. O agente de segurança se apresentou para as autoridades, se submeteu a todas as perícias e depois foi liberado.

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