Empresa de turismo segue aplicando golpes em Belém; veja o que dizem as vítimas
Denúncias contra a LRT Viagens vieram à tona em setembro do ano passado, quando clientes lesados fizeram boletins em delegacias e procuraram a imprensa. Quatro meses depois, o problema não foi resolvido
Uma empresa de turismo continua praticando golpes e sendo alvo de denúncias por parte de consumidores que se dizem vítimas, em Belém. A empresa "Laritur" ou "LRT Viagens" atua na capital paraense vendendo pacotes de viagens aéreas, terrestres e marítimas, como cruzeiros, por exemplo, e é acusada de cancelamento de viagens sem reembolso de clientes. Em setembro do ano passado o caso veio à tona. Quatro meses depois, novas vítimas continuam aparecendo.
A advogada Herica Soares conta que foi procurada por duas mulheres, vítimas do golpe da passagem ainda em janeiro de 2023. As vítimas não tiveram os nomes divulgados, porém, a advogada afirma que os casos são recentes, o que demonstra que a empresa, já denunciada antes, continua operando na cidade e aplicando os mesmos golpes contra consumidores.
“As pessoas compram passagens e, na véspera da viagem, a viagem é cancelada pela dona da empresa. Elas disseram que o motivo foi que a empresa tinha falido, mas prometeram reembolsá-las, o que não aconteceu. Além disso, a empresa não fechou. Se você entrar em contato com a empresa ainda hoje, eles vão tentar vender passagens para você”, conta a advogada.
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Mesmo vítimas antigas dos golpistas continuam sem nenhuma resolução do problema. É o caso da consumidora Giselly Bastos, que acumula um prejuízo de R$ 2.790,00. O problema, no caso dela, se estende desde 2021, devido a duas viagens já canceladas pela empresa.
De acordo com o Boletim de Ocorrência registrado por Giselly, a primeira compra de passagens foi realizada em 2021, no valor de R$ 1.990,00, e a viagem estava programada para o dia 28 de dezembro. No entanto, a viagem foi cancelada pela proprietária da empresa de turismo, identificada como Larissa de Freitas Machado Oliveira, poucos dias antes, em 16 de dezembro.
Segundo Giselly, o motivo do cancelamento apresentado pela empresa foram as restrições causadas pela pandemia de covid-19. Em 2022, a empresa prometeu que o investimento feito por Giselly seria aplicado em uma outra viagem, que ficou marcada para 17 de agosto, porém, novamente o voo foi cancelado. “Na mesma semana a empresa tinha entrado em contato comigo pedindo pra eu pagar umas taxas ambientais e de passeio. Eles me cobraram mais R$ 800, fora R$ 1.990 das passagens. Totalizou R$ 2.790,00”, calcula Giselly.
À época das primeiras denúncias à redação integrada de O Liberal, por meio do projeto de jornalismo colaborativo "Eu repórter", em setembro do ano passado, Giselly fazia parte de um grupo de whatsapp com cerca de 200 pessoas – todas vítimas do golpe. Atualmente, o grupo já conta com 235 participantes.
“Sempre aparece alguém novo por lá. Muita gente já fez Boletim de Ocorrência, mas nada aconteceu ainda. A empresa continua aplicando golpe”, garante Giselly.
A consumidora relata que, em outubro do ano passado, a dona da empresa, Larissa de Freitas Machado Oliveira, chegou a entrar em contato com ela para oferecer uma proposta de reembolso parcelado do dinheiro que devia. No entanto, não houve acordo.
“Fui orientada pelo advogado a pedir um acordo em que ela me desse uma entrada maior e parcelasse em menos vezes, mas ela não concordou. Eu também soube que, depois que ela entrou em contato comigo, tentou o mesmo com outras pessoas, fazendo essa mesma proposta, mas não pagou ninguém, nem a primeira parcela de quem fez o acordo”, relata.
Na primeira reportagem, a dona da empresa chegou a admitir os cancelamentos de viagens e a dívida com cerca de 200 clientes. Ela alegou crise financeira, mas também a intenção de negociar os pagamentos. Desta vez, a reportagem não conseguiu retomar o contato com Larissa.
Em nota, a Polícia Civil do Pará (PC) que, à época, afirmou que o caso já era investigado, voltou a fazer a afirmação, sem nenhuma novidade: “A Polícia Civil (PC) do Pará informa que as denúncias contra a empresa seguem em investigação pela Divisão de Investigação e Operações Especiais (DIOE), por meio da Delegacia do Consumidor (DECON). Os envolvidos estão sendo ouvidos e diligências estão sendo realizadas para apurar mais informações sobre os casos”.
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