Em janeiro, 47 furtos e roubos são registrados em shopping centers; você se sente seguro? Vote
Ocorrências correspondem a 12% do total de registros em 2022. Diante deste cenário, você se sente seguro em passear em shopping centers? Vote na enquete na matéria
No período de janeiro a dezembro de 2022, 378 ocorrências de furtos e roubos foram registradas em shopping centers de Belém e Ananindeua, de acordo com balanço da Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup). Em janeiro de 2023, foram registradas 47 ocorrências desses crimes em shopping centers desses dois municípios, o que corresponde a 12% dos registros de 2022. A Segup não identificou especificamente em qual shopping cada crime ocorreu. A reportagem de O LIBERAL procurou todos os empreendimentos (Pátio Belém, Boulevard, Bosque Grão-Pará, Parque Shopping, Castanheira e Metrópole) para comentar como funciona o trabalho de segurança deles, mas nenhum deu retorno até o fechamento desta edição.
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Segundo a Segup, de janeiro a dezembro de 2022, foram computadas 44 ocorrências de roubo e 284 de furto em shopping centers de Belém. Em relação aos mesmos delitos ocorridos em shopping centers de Ananindeua, no período de janeiro a dezembro de 2022, foram registrados 16 casos de roubo e 34 de furto.
Apenas em janeiro de 2022, foram computadas 6 ocorrências de roubo e 39 de furto em shopping centers no município de Belém. Em relação aos mesmos delitos ocorridos em shoppings centers de Ananindeua, no mesmo período de 2022, foram computados 1 caso de furto e 2 casos de roubo. Já em janeiro de 2023, foram 3 registros de roubos e 39 de furtos nos empreendimentos de Belém. E, em janeiro de 2023, nos shoppings de Ananindeua, foram computados 5 casos de furto e nenhum caso de roubo.
O caso mais recente ocorreu no dia 25 de janeiro passado. Uma joalheria localizada no Boulevard Shopping, no bairro do Reduto, na capital paraense, foi alvo de quatro criminosos que se passaram por clientes para ter acesso ao local e render funcionários, bem como roubar acessórios valiosos. Dois dias depois, uma operação da Polícia Civil terminou com a morte de dois suspeitos e a prisão de um casal envolvido na ação.
Furtos e roubos em shopping centers | Belém e Ananindeua
Período>Município>Furtos>Roubos
Janeiro a dezembro de 2022>Belém>284>44
Janeiro a dezembro de 2022>Ananindeua>34>16
Período>Município>Furtos>Roubos
Janeiro de 2022 (mês completo)>Belém>39>6
Janeiro de 2022(mês completo)>Ananindeua>1>2
Período>Município>Furtos>Roubos
Janeiro de 2023(mês completo)>Belém>39>3
Janeiro de 2023(mês completo)>Ananindeua>5>0
Fonte: SEGUP
Segurança divide opinão entre os clientes
A questão da segurança dentro dos shopping centers de Belém e Ananindeua divide opiniões entre os clientes. A estudante de Psicologia, Magda Sampaio, 23 anos, garante que não se sente protegida dentro dos shoppings que frequenta. “Não me sinto totalmente segura, justamente pelos episódios que já ocorreram. Acaba criando um sentimento de insegurança em qualquer lugar, tanto no shopping quanto nas ruas. Em qualquer lugar a gente sempre fica atento. Magda conta ainda que nunca passou por uma situação de furto ou roubo dentro de shopping, mas conhece pessoas que já foram vítimas. “Foi uma pessoa vítima de furto e levaram dinheiro da bolsa dela, dentro de um shopping aqui da Grande Belém”, relembra.
Outro cliente, que não quis se identificar, afirma que a presença dos seguranças circulando pelas dependências dos empreendimentos traz um pouco mais de tranquilidade para ele. “Isso não impede, claro, de alguém montar um esquema criminoso, mas eu confio que eles estão preparados para agir diante de uma situação que venha causar algum tipo de perigo para as pessoas, mesmo que eles não usem arma, algo assim mais agressivo”, avalia.
Valderclei Paixão, 47 anos, professor de Educação Física, declara que se sente seguro em alguns shopping centers, mas em outros não. “Nesse shopping aqui, Metrópole, eu me sinto um pouco mais seguro, porque ele é um pouco mais afastado da rua. Isso tranquiliza. Agora, tem shoppings, por exemplo, que são localizados muito na beira da rua e isso facilita a entrada da malandragem e a fuga muito rápida também, porque tem uns acessos muito fáceis”, considera.
O educador aponta, ainda, que alguns shoppings da Grande Belém, mesmo contando com um posto da polícia, não conseguem transmitir aos clientes uma sensação de segurança. Valderclei menciona o Castanheira Shopping Center, localizado na BR-316, onde, segundo ele, havia uma espécie de camelódromo na área da frente, que servia como abrigo para criminosos.
“Você entrava no shopping e tinha a sensação de que a qualquer momento iam puxar a sua bolsa, algo assim, porque era muito fácil roubar e se esconder lá (no camelódromo) no meio dos vendedores ou clientes, que ninguém nunca ia achar. Mesmo tendo aquele posto da PM lá, não dá para se sentir seguro”, declara. “Uma prova disso é que não tem dois meses que foi notificado um arrastão lá dentro. E tem costume de acontecer isso lá. A garotada costuma se reunir lá e sai fazendo arrastão. Mesmo eles não estando armados algumas vezes, isso dá sensação de insegurança”, completa.
Uma jovem, que não quis se identificar à reportagem, relembra que o marido já foi vítima de furto dentro de um provador de uma das lojas do Castanheira Shopping Center. Ele teve um prejuízo avaliado em R$ 1.300,00. “O meu marido foi ao provador e, no momento em que ele saiu, ele esqueceu do celular. Quando nós voltamos lá, já não estava mais. Tinham furtado. Foi tudo muito rápido. Nós ficamos no shopping. Fizemos o rastreio e a pessoa ainda estava no shopping também. Ligamos, ela atendeu. Oferecemos recompensa, caso a pessoa devolvesse, mas não conseguimos de volta. Isso foi na época do Natal, em que a circulação de pessoas aumenta e fica mais perigoso”, pontua a cliente.
Questionada se teve algum tipo de apoio por parte do shopping e da loja onde ocorreu o furto, a mulher diz que o casal não recebeu ajuda. Também não registrou boletim de ocorrência, pois ambos acreditavam que “não ia dar em nada”.
Polícias falam sobre a segurança nos empreendimentos
Procuradas, as Polícias Civil (PC) e Militar (PM) se manifestaram sobre a segurança dos shopping centers localizados em Belém e Ananindeua. A PC orienta sobre a importância de as vítimas formalizarem a denúncia, para que os casos sejam investigados. “Vítimas de furto podem ser atendidas em qualquer delegacia. A Polícia Civil ressalta a importância do registro da ocorrência para que as denúncias sejam apuradas”, informa a instituição.
Já a PM explica como garante a segurança nas áreas do entorno desses estabelecimentos. “A segurança nos entornos dos shoppings comerciais situados em Belém é realizada por equipes em motos e viaturas dos Comandos de Policiamento da Capital I e II (CPC I e CPC II). Em Ananindeua, é feita por tropas do Comando de Policiamento da Região Metropolitana (CPRM). Além disso, tropas do Comando de Missões Especiais (CME) intensificam o Patrulhamento Tático nos dois municípios e demais áreas da Grande Belém”, garante a PM.
Especialistas defendem prevenção
Ivan Loureiro Neto, presidente da Academia de Formação de Vigilantes (AFV), explica que a segurança de shopping, agência bancária e qualquer outro patrimônio que seja privado deve obedecer a legislação vigente, que é a Portaria 3233, da Polícia Federal juntamente com o Ministério da Justiça. “A segurança de um shopping center deve ser feita por profissionais qualificados na área da segurança privada, que tenham treinamento de técnicas de abordagem, de vigilância, de uso progressivo da força. Os mesmos devem cumprir um plano de segurança elaborado pela empresa. Precisa ser observada a quantidade de pessoas, a quantidade de mercadoria”, exemplifica Ivan.
Segundo ele, “todo vigilante formado recebe diversas orientações quanto à abordagem, casos de furto ou roubo”. Ivan destaca a prevenção como estratégia primária para frustrar ações criminosas. “Hoje muito se fala no uso progressivo da força, na segurança preventiva. Não podemos chegar abordando qualquer pessoa, não podemos chegar suspeitando de qualquer pessoa. A segurança sempre vem com a prevenção. Depois que o fato já está ocorrendo, tem que haver uma pronta resposta. Mas nunca nós queremos que chegue na pronta-resposta e, sim, na ação de prevenção”, assegura.
Ivan esclarece que, dentro de um empreendimento comercial como um shopping center, “não existe parâmetro legal para definir quem é suspeito ou não”. “A gente define um parâmetro. Quando você vê uma pessoa rondando uma loja, ela está fazendo um possível levantamento do local onde vai realizar um assalto ou qualquer outro crime”, alerta.
“Na segurança privada, nós trabalhamos no intuito de prevenir um furto ou roubo. Não temos poder de polícia, temos o poder de paralisar aquela ação, naquele momento. Então, se estiver ocorrendo o fato, o vigilante pode tentar solucionar aquela situação. Nós podemos imobilizar, conter. Aí sim a gente chama a polícia. Se for um crime, o vigilante vai isolar a área e chamar os órgãos competentes”, esclarece.
Jean Farias é gestor de uma empresa de segurança armada autorizada pela Polícia Federal. Ele explica o motivo pelo qual os agentes não andam armados dentro dos shopping centers. Para ele, a existência do armamento causaria perigo diante de uma situação de risco e a arma por si só chamaria atenção de criminosos, mas o uso dela pode ser avaliado e deve seguir regras. Jean acredita que o treinamento recebido pelos agentes e o estado de alerta permanente conseguem suprir a necessidade de proteção do empreendimento.
“O criminoso não chega se você estiver atento. O assalto, por exemplo, é um fator surpresa. O vigilante, mesmo desarmado, consegue perceber aquilo, passar o rádio e cercar tudo. É um trabalho difícil, porque qualquer pessoa pode entrar em um shopping, se passar por cliente e cometer um delito. Mas um segurança atento consegue agir”, diz.
Jean garante que “todo mundo que entra em um shopping é monitorado”. Ele destaca o trabalho integrado entre lojistas e seguranças. “Os lojistas têm acesso aos seguranças. Assim como na segurança pública, a gente trabalha sob informação, a gente precisa dela. Existem lojas que têm o operador de câmera e comunica aos vigilantes situações em que eles precisam se manter atentos”, explica.
Ainda de acordo com o gestor, o efetivo de guardas destacados para atuar em um shopping center. Além disso, o uso de armas é relativo e precisa de avaliação. “É preciso avaliar o que você quer salvaguardar. Geralmente, o segurança armado fica de prontidão mais nas áreas de acesso, entrada do shopping”, aponta.
Direito do Consumidor
Especialista em Direito do Consumidor, o advogado Bernardo Mendes explica que “todo e qualquer shopping center tem que zelar pela segurança, integridade física e psicológica dos consumidores”. “A partir do momento em que um consumidor é assaltado, furtado ou agredido dentro do shopping center, ele, num primeiro momento, deve procurar a administração do shopping para formalizar a reclamação, requerer as imagens de câmeras de segurança diante do ocorrido. E, a partir daí, solicitar que o shopping arque com todos os prejuízos por ele experimentados”, recomenda Bernardo.
“Caso o shopping center não arque com esse valor, se negue ou, ainda assim, o consumidor sinta que o retorno do shopping center não foi satisfatório, ele pode prolongar essa reclamação junto a alguma autoridade de consumo, o próprio Procon, ou então exercer o seu direito de ação junto ao Poder Judiciário”, orienta o advogado, ao reforçar a importância de se formalizar também o boletim de ocorrência perante a autoridade policial.
“A qualquer momento o consumidor que for furtado no interior do shopping center pode procurar o setor de reclamações e também a autoridade policial para formalizar o boletim de ocorrência”, ressalta. O documento é fundamental, segundo Bernardo, para que o cliente tenha, inclusive, acesso às imagens de câmeras de segurança dos empreendimentos.
“O consumidor pode solicitar as imagens na central de atendimento, só que o shopping pode se recusar a fornecê-las, mas não poderá recusar o fornecimento se a autoridade policial requisitar as imagens. Então, o consumidor vai até a unidade policial, inaugura um boletim de ocorrência, a partir do qual o delegado solicita as imagens para o shopping center”, detalha o advogado.
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