Pará bate o próprio recorde com 11 toneladas de drogas apreendidas em 2024
Estratégias de segurança pelos rios e ações com cães estão por trás dos resultados
Desde outubro de 2024, o Pará bateu o próprio recorde de apreensões de drogas, somando 11 toneladas apreendidas, conforme informações da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup). A expectativa é que a quantidade aumente até o fim de dezembro, conforme expressou o titular da Segup, Ualame Machado, destacando que o resultado positivo no combate ao tráfico de drogas se deve, na maioria, ao êxito de estratégias empregadas pelos rios, com a contribuição dos cães policiais.
"O principal gargalo da segurança pública do Pará no combate ao tráfico é justamente os rios. Daí que a gente montou, desde 2019, uma estratégia que vem dando muito certo e sendo referência para vários estados, que são as bases fluviais, as embarcações blindadas, e o volume de embarcações. São 86 no total, sendo 6 blindadas, além das duas bases fluviais funcionando: a Antônio Lemos, no estreito de Breves, no Marajó, e a base Candiru, em Óbidos", conta o secretário de segurança.
Uma terceira base fluvial de combate ao tráfico de drogas tem previsão de ser inaugurada ainda no início de 2025, localizada entre os municípios de Barcarena e Abaetetuba, adianta Ualame Machado. Ele também sinaliza como o trabalho tem progredido no Pará desde que as bases fluviais entraram em operação: "Quando assumimos a gestão, a média era de duas a três toneladas de drogas apreendidas pelas forças do Estado. Já de 2021 para 2023 conseguimos manter uma média de 10 toneladas. Mas, este ano de 2024, a gente já ultrapassou 11 toneladas e estamos chegando próximo de 12 toneladas. Certamente, iremos aumentar este número até 31 de dezembro".
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Cães nas bases fluviais se destacam no combate ao tráfico
Ualame Machado destaca que um trabalho que tem auxiliado significativamente no aumento das apreensões é o do Batalhão de Ações com Cães (BAC), da Polícia Militar do Pará (PMPA), a partir do qual cães policiais são empregados em diferentes frentes, como descreve o comandante do BAC, tenente-coronel Allan Sullivan:
"Cada cão tem uma especialidade. Desde o nascimento ou quando filhote, o adestrador direciona ele para um tipo de serviço. O cão de narcótico só vai fazer isso durante toda a vida dele. O cão de explosivo, a mesma coisa. Existem situações em que um cão pode fazer dois trabalhos, como os que detectam narcóticos e armas. Para chegar nesse cão de trabalho, eu preciso passar por todo um processo, que começa na maternidade", comenta o militar.
A maternidade do BAC existe há dois anos, sendo uma estrutura inédita no Pará e em todo o Norte do Brasil, conforme enfatiza o secretário de segurança pública: "A PMPA é uma referência nacional tendo em vista que ela faz a reprodução de seus cães, já estando na geração D, que é a quarta ninhada. A gente tem a garantia do pedigree desses cães e já temos vários em operação pelo estado do Pará".
O investimento na maternidade reduziu o custo com o emprego de cães pela Polícia Militar, uma vez que cada cão, já treinado, era comprado entre R$ 30 e R$ 80 mil reais. "O custo, agora, é só o da capacitação e a seleção de mais policiais para trabalhar nessa área - coisas que já estão dentro do orçamento", comenta o tenente-coronel Sullivan.
Jay-Z se destaca no combate ao tráfico pelos rios
Na base fluvial Antônio Lemos, instalada às margens do rio Tajapuru, no Marajó, um membro da corporação ganhou destaque após ser responsável por cerca de uma tonelada de entorpecentes apreendidos apenas no mês de outubro de 2024: é o cão policial Jay-Z.
"Ele é solteiro, tem três anos e meio de idade, foi doado para o BAC quando tinha um ano, o policial que é tutor dele - a gente brinca que só foi transferido para o BAC por causa do Jay-Z, porque foi um dos únicos que conseguiu controlar o cachorro quando ele era filhote - a partir daí o sargento Alfaia fez um excelente trabalho, junto à nossa equipe de adestradores aqui, e hoje o cão é uma lenda no BAC. A próxima ninhada do BAC com certeza vai ser do Jay-Z", apresenta o comandante de ação com cães Sullivan.
O militar enfatiza que, na PMPA, os cães não são instrumentos de trabalho, mas membros da corporação. Por isso, hoje, o farejador Jay-Z é considerado o orgulho da corporação: "Quando a gente vê um cão como esse que, lá atrás, poderia ter sido devolvido, por apresentar alguns problemas comportamentais, já que ele não nasceu aqui, e, hoje, a gente vê o resultado que ele vem apresentando, para nós é gratificante por duas questões: a competência dos adestradores, com a equipe técnica e o investimento nas capacitações, e o amor pelos cães, como o que o tutor do Jay-Z teve durante todo esse tempo e hoje ele está colhendo os frutos que é o combate ao crime o bem-estar da sociedade".
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