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​Caso Yasmin: reconstituição deve ocorrer durante duas noites antes do dia 15/04

Nesta sexta-feira, 1, advogados e órgãos de segurança reúnem para definir os últimos detalhes antes da reprodução simulada

Ana Laura Carvalho

A morte da influenciadora digital e estudante de Medicina Veterinária, Yasmin Fontes Cavaleiro de Macêdo, completa quatro meses, na próxima terça-feira (12/04), e um dos momentos mais aguardados por todos os envolvidos, a reconstituição, deve durar duas noites e está prevista para ocorrer ainda na primeira quinzena deste mês, segundo a mãe da jovem, a professora Eliene Fontes. Nesta sexta-feira (1), uma reunião entre os advogados das partes envolvidas, Polícia Civil, Polícia Científica do Pará (PCP) e demais órgãos de segurança deve ocorrer, às 15h, na sede da Divisão de Homicídios, no bairro de São Brás, em Belém. O encontro tem como objetivo tratar dos últimos detalhes antes da realização da reprodução simulada. As fontes oficiais foram procuradas para comentar o caso, mas ainda não deram retorno.

Eliene Fontes declarou à reportagem de O LIBERAL que a reconstituição vai ajudar as autoridades policiais a esclarecer, de forma técnica, o que aconteceu na noite do dia 12 de dezembro do ano, durante o passeio de lancha que terminou com a morte da influenciadora, no rio Maguari.

“Eu tenho a esperança de que (a reconstituição) possa ajudar a elucidar o caso. Mas, ao mesmo tempo, não acredito que eles (testemunhas e suspeitos) falaram a verdade. Eu acredito que eles vão se contradizer muito. Mas eu tenho esperança no trabalho da perícia, da polícia. Está sendo muito bem feito. Então, espero de uma vez por todas que esse tormento acabe e seja desvendado o que aconteceu naquela noite”, desejou.

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A professora voltou a reforçar que não acredita em acidente nem fatalidade e mencionou, por acreditar na possibilidade de crime, os pedidos de habeas corpus feitos pelo proprietário e condutor da lancha em que Yasmin estava, Lucas Magalhães, investigado como suspeito no caso. “Não podemos afirmar com toda a certeza, porque nós não temos provas técnicas, mas, como coração de mãe não se engana, eu tenho algumas suspeitas em relação a ele. Pode ter sido uma brincadeira de mau gosto, de terem empurrado a Yasmin e depois tentaram voltar para buscar, pode ter sido essa história da bala ter ido para cima e depois voltar e pegar na pessoa”, defendeu Eliene, referindo-se aos tiros que foram disparados na lancha pelos suspeitos, Lucas Magalhães; Euler Cunha, médico legista; e Bruno Faganello.​​

“O que eu acho estranho é que o Lucas não entrega essa arma. Na Marinha, ele falou que ele estava armado e deu cinco tiros. Na Polícia Civil, ele falou que não tinha arma nenhuma. E o doutor Euler continua afirmando que a Yasmin não tomou banho em hora nenhuma, que a Yasmin não passou pela escada da lancha em momento algum e que houve oito disparos: cinco do Lucas, dois dele e um do Bruno Faganello”, continuou Eliene.

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Segundo ela, em um dos depoimentos que já prestou, Lucas negou também que tenha consumido bebida alcoólica no dia do passeio, mas “o próprio Euler e outras testemunhas falaram que ele estava alterado, que ele estava bebendo, estava armado e deu tiro”. “No meu ponto de vista, ele só mente, e eu não sei até onde ele vai conseguir levar essas mentiras dele”, avaliou a mãe de Yasmin.

image Eliene Fontes, mãe da influenciadora digital Yasmin Fontes Cavaleiro de Macêdo. (Cristino Martins/ O Liberal)

Além da presença de armas e bebida alcoólica, Eliene contou ainda que teve acesso a informações de que uma das testemunhas teria oferecido drogas para sua filha. “E a Yasmin disse que não, que não curtia essa vibe. Então, quer dizer que ainda tinham drogas na lancha. E essa lancha foi lavada, a própria Capitania dos Portos disse. Não tinha um fio de cabelo. Parecia que nada tinha acontecido nela. Agora, não sabemos quem mandou lavar e o porquê. Num acidente, você não está preocupado em lavar lancha, você quer ajudar”, disse. Outro suposto acontecimento que chama atenção da mãe da influenciadora é o fato do celular da jovem, possivelmente, ter tido notificações e mensagens apagadas. “Somente aí, para mim, já foram alterados duas coisas da cena do crime, que é a lancha e o celular”.

Eliene revelou que o celular da filha precisou ser encaminhado para São Paulo, onde foi desbloqueado e periciado. O aparelho também é peça fundamental no esclarecimento da morte da jovem e poderá ajudar a polícia a entender se a morte da influenciadora foi premeditada.

“Eu não acredito que eles premeditaram. Eu não acredito que eles disseram: “Vamos levar a Yasmin para a lancha e matar”. Aconteceu algum imprevisto que eles não estavam conseguindo resolver. No meu ponto de vista, foi uma brincadeira de super mau gosto que, quando foram tentar resgatar, não conseguiram”, declarou Eliene, ao afirmar também que a filha não tomava banho no rio.

“Era de noite, a Yasmin não sabia nadar, a Yasmin tinha era super vaidosa, tinha feito luzes no dia anterior para uma festa. Então, ela jamais se meteria naquele dia rio para tomar banho de noite. Eles não têm como provar, nem de dia, que a Yasmin tomava banho no rio, porque ela não fazia isso. Eu só não acredito em fatalidade nem acidente. Então, só pode ter sido crime”, comentou.

Questionada se Yasmin tinha algum desentendimento com algum dos participantes do passeio de lancha, Eliene disse que a filha nunca teve inimizades. “A Yasmin não via maldade em ninguém. Quem tem coração bom não vê a maldade dos outros. Eu tenho certeza que ela saiu achando que era só mais um passeio, que ela iria se divertir e voltar para casa”.

Eliene Fontes disse que, até hoje, nunca recebeu contato ou mensagem de nenhuma das pessoas que estavam presentes na lancha. E fez um apelo: “Pela terceira vez, eles terão a oportunidade de colaborar com as investigações. A gente pode estar mentindo, mas a nossa consciência sabe o que nós fizemos. Então, que eles sejam humanos. Pela honra da Yasmin, pelo amor que eles dizem que sentiam por ela, que eles colaborem, porque são duas famílias, tanto paterna quanto materna, que estão sofrendo”, lamentou. Disse também que, se as investigações concluírem que há culpados, “que sejam responsabilizados, cada um por aquilo que fez, pela omissão de socorro, pelo falso testemunho, pelo porte e disparo ilegal de arma de fogo”.

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