Varíola de macaco: entenda sobre a doença que tem se espalhado no mundo
Já são 131 casos confirmados da doença segundo a OMS; Sespa diz ainda não há indicação de barreira sanitária no Pará
Desde o dia 7 de maio, quando o Reino Unido relatou o primeiro caso de varíola de macaco, outros registros da doença vêm sendo detectados em vários países, sobretudo na Europa e América do Norte. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nesta terça-feira (24) já foram confirmados 131 casos da doença e outros 106 ainda constam como suspeitos.
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Na noite do último domingo (22), a Argentina informou que um paciente, morador de Buenos Aires, procurou uma clínica para relatar sintomas típicos da doença: bolhas pelo corpo e febre. Se confirmado, o caso seria o primeiro da América do Sul. Na visão da pesquisadora da Seção de Virologia do Instituto Evandro Chagas, Mônica Silva, o espalhamento da doença deve servir de alerta às autoridades em saúde.
“Está havendo uma transmissão, como foi descrito no Reino Unido, e é importante nos alertarmos. Há um caso suspeito na Argentina, então nós vemos a aproximação do território brasileiro. Os profissionais de saúde devem se atentar para essas condições de alterações dérmicas com pápulas, vesículas, ulcerações, mesmo que não tenha vínculo epidemiológico com a África”, diz a especialista.
Características da varíola de macaco
Mônica explica que a varíola de macaco é uma doença endêmica da República Democrática do Congo, na África Central, por isso, sua ocorrência em outros países não é natural: “Os casos que estão acontecendo fora da África têm algum vínculo epidemiológico com aquela região. Provavelmente alguém que viajou para África e teve contato com animal ou pessoa contaminada e, quando voltou para o seu país de origem, acabou manifestando essa doença”.
Apesar do nome, a pesquisadora esclarece que esse tipo de varíola não é causada por macacos, mas acabou ficando conhecida desta maneira porque o primeiro surto foi identificado em macacos de laboratório, em 1958. O primeiro caso em humanos data de 1970. Além disso, a varíola de macaco teria uma transmissibilidade baixa, viabilizada por contato direto com gotículas e secreções da pessoa infectada: “Através daquelas pápulas e ulcerações características da doença, as secreções contaminam objetos como lençóis de cama, por exemplo. Mas ainda assim é preciso um contato prolongado para ser infectado pelo vírus”, diz Mônica Silva.
Apesar de preocupante, a pesquisadora conta que a varíola de macaco é um tipo mais brando do que a varíola erradicada pela vacinação. Além disso, essa versão da doença também é autolimitada:
“Ela dura de duas a quatro semanas, após o início dos sintomas e depois desaparece. A taxa de letalidade também é bem menor, chegando a 10%, em pessoas que foram vacinadas”.
Medidas contra a doença no Pará
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa), ainda não há indicação de instituir barreira sanitária no estado, porque não há nenhum caso registrado no Brasil e a OMS não recomenda nenhuma restrição para viagens e comércio com o Reino Unido ou outros países com base nas informações disponíveis até o momento.
Sobre a providência de algum mecanismo para evitar que a doença chegue ao estado, a Sespa diz, em nota, que “o Ministério da Saúde emitiu alerta epidemiológico, está monitorando a situação no país e em processo de desenvolvimento de instrumentos de notificação e investigação para uso no território nacional. O CIEVS estadual está elaborando nota de alerta com orientações para a notificação dentro do Pará”.
O Instituto Evandro Chagas (IEC) diz que já está providenciando os insumos necessários para o diagnóstico laboratorial da doença e seguirá dando apoio à vigilância epidemiológica.
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