Variante Deltacron no Pará: entenda os riscos da nova variante da covid-19

Os dois primeiros casos do Brasil foram detectados no Pará e Amapá

Emanuele Corrêa
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O primeiro caso da variante Deltacron, que é a mutação a partir da recombinação entre as variantes Delta e Ômicron, foi identificado no Pará, na cidade de Afuá. Junto com o caso do Amapá, são os primeiros casos registrados no Brasil. A Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa) informou por nota que foi notificada, no final desta segunda-feira (14), pela FioCruz e Ministério da Saúde sobre uma paciente, mulher, 26 anos, da zona rural de Afuá, que apresentou a infecção por covid-19 com a identificação das variantes Delta e Ômicron. A amostra da paciente foi encaminhada pelo município de Afuá para o Lacen Amapá, devido a proximidade geográfica, e do Amapá enviada à Fiocruz para sequenciamento. O caso ocorreu em janeiro deste ano e a mulher já está recuperada.

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O médico infectologista Lourival Marsola explica que os primeiros casos da variante no mundo surgiram em países europeus. Cientistas identificaram um sistema híbrido entre as variantes Delta e Ômicron, mas antes, acreditavam que era um problema de laboratório. "Ainda sabemos muito pouco sobre a Deltacron. No início, achava-se que era um problema de laboratório, de identificação. Mais recentemente, em fevereiro e março, avaliando os pacientes, material isolado, avaliando os genomas, perceberam que eram vírus recombinantes. Que utilizam informações tanto da Delta quanto da Ômicron", afirmou.

De acordo com Lourival, ainda é possível saber quais são as consequências em relação à pandemia. Mas que os cuidados devem ser mantidos, ainda mais no contexto que a flexibilização de máscara está ocorrendo precipitadamente, diz. "Os cuidados são os mesmos, independente da variante do vírus. Vale ressaltar que muitos brasileiros não completaram o esquema de duas doses, ainda tem gente precisando fazer o reforço da terceira dose.", observou.

"A Deltacron surge nesse momento que o Brasil começa a tirar a obrigatoriedade do uso de máscaras. Os especialistas atentam com preocupação, que seja ainda muito cedo, pois temos uma pandemia em curso e isso pode favorecer o aumento do número de casos", completou.

Para o infectologista, é importante ressaltar a dificuldade dos testes no Brasil.  Ele aponta para a dificuldade no monitoramento das variantes circulantes, que está é ainda menor e alerta a população sobre os cenários que a pandemia ainda apresenta. "É fundamental que as pessoas analisem criticamente, mesmo que no seu município já tenha a liberação do uso de máscara, se você fizer o não uso da máscara. Ainda estamos em pandemia, ainda temos - mesmo que em queda - pacientes novos de covid e mortes. Como não sabemos a evolução das novas variantes, esta está sendo chamada de Deltacron, é possível que tenhamos uma nova variante que engane o sistema imunológico das pessoas já vacinadas ou que já foram infectadas, aumentando o número de casos", finalizou.

O que é a variante Deltacron?

Foi descoberto na Europa, surgiu a partir da recombinação genética da variante Delta e Ômicron, por isso o nome. 

Como foi a descoberta a Deltacron?

A nova variante foi descoberta a partir de pesquisas de amostras no banco de dados internacional de genomas de coronavírus. O responsável foi Scott Nguyen, pesquisador do Laboratório de Saúde Pública de Washington (EUA), que em fevereiro deste ano notou a variante. Em janeiro, na França, pesquisadores já haviam identificado as misturas das variantes

Casos únicos de Deltacron

Acreditava-se, no ínicio, que pessoas poderiam ser infectadas por duas variantes de coronavírus simultaneamente. Diante da nova descoberta, agora há indícios de que essa visão estava errada. Cada vírus da amostra carregava uma combinação dos genes das duas variantes, Delta e Ômicron.

Onde foi encontrado o vírus Deltacron?

A partir do banco de dados internacionais de sequências virais, no última quinta-feira (10) foram encontradas 33 amostras da nova variante na França, oito na Dinamarca, uma na Alemanha e uma na Holanda.

Qual o risco da Deltacron?

A contaminação é igual a qualquer variante, porém, ainda não há indícios suficientes para que se tenha pânico. A recombinação é extremamente rara, apesar de existir pelo menos desde janeiro. A capacidade de se espalhar rapidamente ainda não foi confirmada. O genoma da variante sugere que ela não representaria uma nova fase da pandemia.

Como evitar duplas infecções com a variante Delta e a Ômicron?

As medidas contra a covid-19 continuam as mesmas, com a obrigatoriedade do uso de máscaras e utilização de álcool em gel, bem como o estímulo da vacinação.

Pessoas podem ser infectadas pelas duas versões da covid ao mesmo tempo por circularem sem máscaras e entrarem em contato com várias pessoas no meio social que podem estar infectadas com variantes diferentes. Assim, você pode ter contato com vírus de mais de uma delas.

Dois vírus diferentes podem invadir uma mesma célula simultaneamente. Quando essa célula produz novos vírus, o material genético pode se misturar, gerando um novo vírus híbrido, como é o caso da Deltacron.

Não é incomum que os coronavírus se recombinem. Porém, a maioria desses embaralhamentos genéticos evolutivos não são bem-sucedidos.

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