Um a cada três brasileiros sofre de insônia; especialista destaca a função do sono para a saúde

Para conscientizar a população acerca da importância do sono para a saúde e os efeitos de uma rotina desregulada, até o próximo dia 19 de março é realizada a “Semana do Sono”, uma campanha nacional que envolve diversas entidades

Gabriel Pires
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Um a cada três brasileiros sofre de insônia, representando 73 milhões de pessoas, segundo dados da Associação Brasileira do Sono (ABS). Para conscientizar a população acerca da importância do sono para a saúde e os efeitos de uma rotina desregulada, até o próximo dia 19 de março é realizada a “Semana do Sono”, uma campanha nacional promovida pela Associação Brasileira do Sono (ABS), pela Associação Brasileira de Medicina do Sono (ABMS) e Associação Brasileira Odontologia do Sono (Abros). Já no dia 17 de março, será comemorado o Dia Mundial do Sono. Em alusão à campanha, especialistas lembram que uma noite bem dormida ajuda a manter o corpo saudável e promove maior qualidade de vida.

A otorrinolaringologista e médica do sono Maria Claudia Oliveira, presidente da Associação Brasileira do Sono – regional Pará e professora da UFPA, frisa a importância do descanso para a saúde. É durante esse momento de descanso que são realizadas as funções restauradoras, como reposição energética e hormonal. O ideal é, diariamente, ter 8 horas de sono. Além do controle da temperatura corporal e reconstituição dos tecidos. O descanso também atua na melhoria do foco, concentração, contribuindo, também, para a redução de acidentes de trabalho e acidentes automobilísticos.

“Ter uma boa noite de sono auxilia na redução de risco cardiovascular e diabetes, fortalecimento do sistema imune, liberação de alguns hormônios que são importantes para o organismo e que alguns deles pico de liberação durante o sono, como por exemplo a testosterona, o hormônio do crescimento, o hormônio que regula a fome e saciedade, para manter um corpo, um peso corporal saudável. Também é durante o sono que ocorre a consolidação da memória, regulação do humor e redução de estresse”, detalhou Maria Claudia.

Efeitos

Os efeitos de uma noite mal dormida podem ser sentidos já no dia seguinte, como avalia a médica. A longo prazo, isso pode ser ainda mais intenso e trazer maiores problemas. “[A falta de sono] tem uma repercussão no sistema cardiovascular: aumento de risco de arritmia, hipertensão, infarto, de doença coronariana. Tem efeitos no sistema imunológico, com uma dificuldade de resposta à vacinação, assim como de quadros infecciosos. Há um aumento na chance de infertilidade da mulher e de disfunção erétil nos homens”, alertou a médica. 

“E também se vê uma repercussão neurocognitiva: na atenção, concentração, memória, aprendizado. Dentro das repercussões neurocognitivas, também tem um aumento de risco para demência. E também para câncer”, alertou a médica.

Belenense relata dificuldade para dormir

Ter uma boa noite de sono ainda é um desafio para o estudante Márcio Cavalcante, 39 anos, de Belém. Ele comenta que essa dificuldade começou quando precisou adaptar o horário de dormir, por conta das diversas tarefas e demandas que cumpre diariamente. Com essa privação de sono, Márcio conta que sentiu impactos na produtividade dele, já que acorda com fadiga e cansaço constante, afetando, muitas vezes, a atenção.

“Quando eu chego em casa, sobrecarregado com tanta coisa, mesmo cansado, a mente continua trabalhando, processando tudo que acontece. E comigo foi dessa forma negativa. À noite, eu não consigo dormir, mesmo não olhando televisão, mesmo ficando sem usar o celular. Eu paro e fico pensando em tudo que eu preciso resolver. Isso acaba piorando a crise de ansiedade e essas preocupações também. Eu cheguei a um ponto que eu precisei procurar médicos para poder tratar quanto a isso”, declarou Márcio. 

Márcio conta que já teve episódios de crises de ansiedade. Ao buscar por assistência médica, ele relata que o tratamento indicado foi o uso de medicamentos para estimular o sono. No entanto, o estudante lembra que os medicamentos eram fortes e, por outro lado, dificultavam o momento de acordar. Por isso, Márcio optou por uma alternativa mais leve para pegar no sono: tocar violão.

“Lidar com isso, a insônia e a ansiedade, não é uma opção. Mas a minha forma de me adaptar é procurar um local mais confortável para deitar e meios para fazer com que o sono venha. Eu procuro tocar violão antes de me deitar, procuro limpar a minha mente dos problemas. A  música me ajuda quanto a isso. Eu tô conseguindo me adaptar a essa rotina e tô tentando superar”, finalizou.

Duração de sono conforme a idade

  • 0 a 3 meses de vida: 14-17 horas
  • 4 a 11 meses de vida: 12-15 horas
  • 1 a 2 anos de idade: 11-14 horas
  • 3 a 5 anos de idade: 10-13 horas
  • 6 a 13 anos de idade: 9-11 horas
  • 14 a 17 anos: 8-10 horas
  • 18 a 25 anos: 7-9 horas 
  • 26 a 64 anos: 7-9 horas
  • 65 anos+: 7-8 horas

Fonte: National Sleep Foundation

(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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