UFPA lança o primeiro barco elétrico da Amazônia
Veículo funcionará, inicialmente, para o transporte do público interno da universidade
Nesta terça-feira, 17, a Universidade Federal do Pará (UFPA) lançou o primeiro barco elétrico totalmente sustentável da Amazônia. Apelidado de Poraquê, em alusão ao peixe elétrico característico da região, a embarcação do tipo catamarã vai integrar o projeto de mobilidade da universidade, com expectativa de atender mil passageiros por dia entre estudantes, funcionários e pessoas que utilizam os serviços da instituição.
O projeto, realizado em parceria com a Norte Energia, é regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e tem como objetivo ser uma alternativa sustentável e acessível para descarbonizar o transporte fluvial na região, onde os barcos representam o principal meio de transporte da população, porém, ainda dependendo de combustíveis fósseis, como o diesel, despejando toneladas de gás carbônico na atmosfera e comprometendo boa parte da renda de famílias ribeirinhas, devido ao alto custo.
"Para nós, enquanto universidade, ele é também um laboratório, já que é o primeiro barco elétrico do nosso estado. Para uma instituição que produz ciência, com a UFPA, esses equipamentos são uma conquista para a sociedade. Nossa expectativa é que esse projeto estimule o desenvolvimento de novos veículos e que, em pouco tempo, de 10% a 20% dos barcos da nossa região passem a ser movidos por energia limpa”, afirma o vice-reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva.
Responsável por liderar o projeto pela UFPA, o professor Emannuel Loureiro, pesquisador e diretor da Faculdade de Engenharia Naval da UFPA, ressalta os desafios de construir o Poraquê. “O maior desafio foi encontrar tecnologias disponíveis no mercado que conversassem entre si e atendessem a algumas premissas, como o peso da embarcação, autonomia, velocidade e capacidade de transporte. O barco conta também com centro de comando para o gerenciamento da energia fornecida pelas baterias e pelo sistema fotovoltaico aos motores elétricos, conforme a potência demandada para a locomoção da embarcação”, explica.
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"Ao financiar o projeto, fomentamos o desenvolvimento científico na região e colocamos à disposição de toda a população alternativas de eficiência e gestão energética. Além disso, esse trabalho que tanto nos orgulha, conversa diretamente com os objetivos da COP 30”, ressalta Andréia Antloga, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Norte Energia.
Impacto positivo no meio ambiente e para as pessoas
O barco integra o Sistema Inteligente Multimodal da Amazônia (Sima), composto por dois ônibus elétricos (o Circular), que já trafegam no campus da universidade. Juntos os dois modais transportarão 2 mil pessoas por dia e a previsão é que deixem de despejar, 161 toneladas de gás carbônico na atmosfera por ano, o que equivale a 30 carros populares circulando em um ano. Somente o catamarã vai impedir a emissão, por ano, de 100 toneladas de gases de efeito estufa.
O barco é movido à energia solar fotovoltaica e traz como inovação a utilização de dois motores elétricos de 12 KW cada (correspondente a um motor de combustão de 20hp), três conjuntos de baterias com capacidade para armazenar 47 kW e 22 placas fotovoltaicas instaladas na cobertura da embarcação. A embarcação possui 12m de comprimento, 6m de largura e 72 cm de calado (parte que fica na linha d'água). Tem ainda uma autonomia de 8h, sem a necessidade de receber carga. O projeto estrutural do casco, em alumínio naval, precisou considerar o peso adicional do sistema de baterias e motores elétricos, além de sua aplicabilidade nos rios amazônicos. Isso porque o barco pesa 7 toneladas, sendo uma tonelada somente de baterias.
Além disso, o Poraquê tem capacidade para transportar 25 passageiros e dois tripulantes e conta com espaço para cadeirantes, com plataformas de acesso nos três pontos de embarque e desembarque. A expectativa é que a embarcação atenda mil passageiros por dia. Para que seja um projeto sustentável, um posto de recarga foi instalado no píer do campus e utilizará a energia elétrica produzida pelas duas mini usinas, construídas na universidade. A previsão é que o veículo navegue por 750 metros do Rio Guamá, em um percurso com três paradas: no edifício Mirante do Rio, nos restaurantes universitários e no setor de saúde da UFPA. A travessia irá durar 15 minutos e, ao final do dia, o barco terá percorrido 40 Km, a uma velocidade média de 13Km/h.
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