Sindicatos da Saúde questionam abertura de Hospital de Campanha de Santarém sem protocolos definidos
De acordo com os órgãos, questionamentos essenciais não foram respondidos na véspera da data prevista para inauguração da unidade
O Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Pará (Senpa), Sindicato dos Trabalhadores em Saúde Pública do Estado do Pará (Sintesp) e Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa) enviaram um documento endereçado aos principais órgãos de saúde do Estado e do município de Santarém cobrando respostas sobre a definição de protocolos essenciais para atendimento no Hospital de Campanha de Santarém, entregue na última quarta-feira (22), e que passa a ser referência no tratamento de pacientes com o novo coronavírus vindo dos municípios da região oeste do Pará.
De acordo com os sindicatos, uma visita in loco, ainda no dia 22, os deixou em alerta para a situação do hospital, que, já inaugurado, não possui, segundo os órgãos, definições básicas para a complexidade que a pandemia exige. "O diretor não soube responder aspectos essenciais para o início das atividades em um hospital de campanha", garantem os sindicatos, ao pontuarem, entre outros, os seguintes questionamentos: as autoridades locais já fizeram o protocolo de quem vai para o hospital de campanha? Qual será o fluxo? Quais indivíduos devem permanecer internados? Só pacientes com sintomas leves irão para lá ou aqueles que foram liberados da UTI, mas precisam permanecer internados, também irão? A rede de oxigênio está pronta? Existe tubos de oxigênio para administrar via cateter, se for necessário? Quantos respiradores mecânicos e equipamentos de monitorização estão disponíveis? Os leitos serão separados de acordo com quais características dos pacientes?
A presidente do Senpa, Antônia Trindade, confirmou o posicionamento dos sindicatos e reforçou a preocupação dos órgãos diante da problemática iminente na unidade hospital. "Nos causou perplexidade o Hospital de Campanha de Santarém ter anunciado sua inauguração e funcionários ainda para esse mês. Em visita in loco, os representantes dos sindicatos se surpreenderam, pois, ao questionarem ao administrador local requisitos essenciais mínimos para início das atividades, a maioria não tinha resposta. Solicitando, inclusive, prazo para responder", argumentam os sindicatos pelo documento, ao argumentarem ainda que o esclarecimento de tais questionamentos tem o intuito de que o hospital em questão tenha a função de "salvar vidas e não ser um centro disseminador do COVID-19".
A partir da situação, os órgãos definiram e enviaram algumas solicitações às autoridades, principalmente de saúde, relacionadas ao combate à pandemia, como secretarias de saúde do estado e município, ministério público, prefeito e governador, administradores da unidade, entre outros.
Em resumo, as solicitações feitas pelo sindicato são: contratação e carga horária de diretor clínico, diretor administrativo e diretor técnico; criação do serviço de Segurança da Medicina do Trabalho; elaboração de protocolos de proteção individual e coletiva, área de isolamento, limpeza e desinfecção; afastamento dos trabalhadores com sintomas de COVID-19; treinamento e protocolos específicos para COVID-19 para profissionais da linha de frente; seguir protocolos recomendados pelo Ministério da Saúde quanto a compra e quantidade dos EPIs (equipamentos de proteção e segurança); delimitação e sinalização de zona de desinfecção; condições sanitárias e de conforto no local; local para o trabalhador voltar para ficar em isolamento; área de controle de infecção hospitalar; treinamentos para todos os trabalhadores de saúde e apoio; protocolo de notificação; tratamento de resíduos gerados na unidade; pagamento de insalubridade no percentual de 40%; sinalização de segurança; medidas de proteção contra incêndio; conforto térmico local e prestação de contas.
A Redação Integrada de O Liberal entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) solicitando posicionamento acerca das acusações e solicitações feitas pelos sindicatos, mas, até a publicação dessa matéria, não recebeu retorno.
HOSPITAL DE CAMPANHA DE SANTARÉM
Entregue na última quarta-feira (22), o Hospital de Campanha de Santarém funciona no espaço Pérola dos Tapajós e dispõe de 120 leitos de baixa e média complexidade destinados para pacientes com Covid-19. O ato oficial de entrega contou com a presença de poucas autoridades para evitar aglomerações. O Governador do Estado, Hélder Barbalho, participou do ato por videoconferência.
Dos 120 disponíveis na unidade, oito de estabilização estão equipados para receberem pacientes de média complexidade. Os casos que precisarem de internação em UTI serão encaminhados para o Hospital Regional do Baixo Amazonas.
Todos os atendimentos do Hospital de Campanha serão regulados pela Sespa. Segundo a diretora do 9º Centro Regional da secretaria, Marcela Tolentino, os 29 municípios já receberam uma nota técnica de orientação sobre a regulação dos pacientes para o Hospital de Campanha. "Os 29 municípios estão informados sobre como irá funcionar o sistema de regulação. Todos estão cientes de toda a situação, inclusive sobre como vai funcionar o aeromédico e a transferência dos pacientes para o Hospital de Campanha", informou.
O "aeromédico", ao qual a diretora faz referência, é o transporte aeromédico disposto no Hospital de Campanha de Santarém, que conta com uma equipe composta por um comandante, uma enfermeira e um médico, que vão dar apoio para os pacientes que precisem se deslocar para os hospitais de referência, como o Regional do Baixo Amazonas.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA