Servidores do TRE fazem curso de Libras para melhorar o atendimento aos surdos

Os servidores do Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) começaram a fazer nesta segunda-feira, 25, um curso básico de Libras, a língua brasileira de sinais, que é a segunda língua oficial da Federação. O objetivo do Tribunal é oferecer um atendimento mais adequado aos eleitores surdos do Estado.

A iniciativa partiu da Ouvidoria do TRE, que entrou em contato com a Universidade do Estado do Pará (Uepa), instituição que possui graduação de Licenciatura em Letras/Libras. Para ministrar o curso aos servidores, a universidade disponibilizou cinco estudantes do 4° ano de Letras/ Libras, dois deles são surdos e os demais são ouvintes, nome dado a quem possui a capacidade de ouvir e pode servir de intérpretes na hora da interação entre servidores e surdos.

Segundo Fabiano Oliveira, servidor da Ouvidoria, a ação representa um avanço no sentido de ampliar o alcance do processo democrático junto ao público surdo. "Pensamos o curso a partir da realidade dos atendimentos dos funcionários do Tribunal. Priorizamos, para o aprendizado, frases e perguntas utilizadas no dia a dia, como : 'você trouxe seus documentos?', 'você gostaria de ir no banheiro?", relata.

Ainda de acordo com Oliveira, o curso busca, a longo prazo, fazer com que o TRE-PA cumpra a determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que exige que todo tribunal deve possuir, no mínimo, 5% de servidores capacitados em Libras. A exigência consta na Resolução nº 230, de 2016.

No total, 30 servidores vão participar das aulas, divididos em duas turmas. Cada turma terá cinco dias de aulas para aprender o básico de Libras. Durante o primeiro dia, os servidores tiveram contato com o alfabeto manual, chamado Datilologia. Este é considerado o primeiro passo para aprender a língua brasileira de sinais.

Silvia Rodrigues, chefe de Cartório de Icoaraci, da 30° Zona Eleitoral, é uma das participantes do curso. Ela já atendeu surdos e sabe da necessidade de ter este conhecimento. "A gente fica numa saia justa, às vezes, porque não conseguimos nos comunicar. E a gente pega papel, caneta, faz mímica, mas eu sei que isso não é legal. Eles precisam de um atendimento mais adequado", reforça.

"Nós vamos trabalhar de acordo com o contexto do TRE para diminuir essa barreira comunicacional. Porque, na realidade, para você transpor esta barreira, você precisa conhecer o sujeito surdo. E com esta iniciativa, o TRE veio somar com a nossa intenção de nos tornarmos formadores em licenciatura Letras/Libras. Esta é uma situação ímpar", ressalta Alzira Andrade, uma das ministrantes do curso.

Esta é a segunda vez que o TRE promove uma capacitação específica em Libras para os servidores. Em 2007, também foi oferecida uma semana de curso preparatório. Em 2016, houve uma iniciativa de acessibilidade neste sentido, oferecendo atendimento em Libras durante o fechamento de cadastro.

"A intenção é ampliar a oportunidade para servidores de todas as Zonas Eleitorais do Estado do Pará", completa o juiz e ouvidor Altemar da Silva Paes.

Esta primeira turma de servidores termina a capacitação na sexta-feira (29). A segunda turma começa no dia 1º de abril.