Presidente da Associação de Engenheiros da Pesca afasta riscos e defende o consumo de peixe
Marcos Brabo esclareceu a procedência do pescado produzido no Pará após a repercussão de um caso, raro, de morte por síndrome de Haff em consequência da ingestão de peixe ocorrido em Pernambuco
Após a repercussão da morte da veterinária Pryscila Andrade, de 31 anos, vítima da Síndrome de Haff, também conhecida como “doença da urina preta”, o assunto entrou na pauta dos principais noticiários do país. Trata-se de uma infecção rara desencadeada por uma toxina presente em algumas espécies de peixes de água doce como o tambaqui, olho de boi, badejo, pacu-manteiga, pirapitinga e arabaiana - este último, justamente o peixe ingerido pela médica pernambucana.
A doença causa a ruptura de células musculares e causa dor e rigidez nos músculos e no tórax. Ela também pode causar falta de ar e perda de força e mudar a cor da urina para uma tonalidade escura; por este motivo é chamada de “doença da urina preta”. E ainda pode causar problemas renais.
O caso despertou a atenção e também a preocupação por parte de quem consome pescado e de integrantes da cadeia produtiva da piscicultura no estado do Pará e de outras unidades da federação, como Amapá, Rondônia, Amazonas e Maranhão.
Em nota técnica enviada à Redação Integrada O Liberal, o presidente da Associação dos Engenheiros de Pesca dos Estados do Pará e Amapá (AEP-PA/AP), Marcos Ferreira Brabo, esclareceu os consumidores sobre a procedência das espécies listadas na matéria veiculada no portal O Liberal.
Dentre as citadas na matéria estão pirapitinga e o tambaqui, comuns nas região amazônica e de grande importância econômica na cadeia produtiva do Estado. Somente no ano passado, o Pará foi responsável pela produção de 505 toneladas de pirapitinga e 8,3 mil toneladas de tambaqui, o equivalente a 63% do pescado gerado pelo Estado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Os dois peixes constam no artigo científico “Outbreak of Half Disease in the Brazilian Amazon”, publicado em 2009 pela Revista Panamericana de Salud Pública, como possíveis causadores da Síndrome de Haff em pacientes atendidos por hospitais de Manaus (AM), mas eram provenientes da pesca feita em ambiente natural, ou seja dos rios, e não da piscicultura, que é a criação de peixes em ambientes controlados, como tanques, açudes e represas”, diz em nota.
No documento, é explicado que não há qualquer registro da doença em consumidores que se alimentaram de pirapitinga ou de tambaqui produzidos em cativeiro, e os raros casos relatados ocorreram exclusivamente entre os meses de junho e setembro, o que é uma evidência de sazonalidade, pois a oferta atual de peixes redondos, como o tambaqui, a pirapitinga e seus híbridos, é muito maior na piscicultura do que na pesca, onde o controle do ambiente de criação tende a mitigar os riscos da promoção de zoonoses.
Marcos alegou que o produto "é saudável, sustentável e saboroso, além de, na maioria das vezes, ser mantido em ambiente controlado, com o devido critério em termos de alimentação e de qualidade da água". Além disso, os casos envolvendo peixes de água doce oriundos da pesca são raros, inclusive com causas ainda a serem esclarecidas de forma definitiva pelos pesquisadores.
“Nossa intenção é evitar qualquer impacto nas vendas de pescado, em especial pela proximidade do período da Semana Santa, o que tende por um efeito dominó a afetar negativamente os piscicultores, fábricas de ração e estabelecimentos processadores”, disse o presidente da AEP.
(*) estagiária sob supervisão de Ádna Figueira
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