Santa Casa realiza o primeiro transplante renal pediátrico
A primeira paciente foi uma menina de 11 anos, que recebeu o rim da mãe
A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará realizou o primeiro transplante de rins em paciente pediátrico, em novembro deste ano. A operação foi possível por conta do credenciamento dado pelo Ministério da Saúde para oferecer a opção dialítica para pacientes pediátricos pesando a partir de 15 quilos. Antes, só era possível realizar o tratamento fora.
Com a habilitação, a Santa Casa passa a oferecer atendimento mais integrado ao Serviço de Terapia Renal Substitutiva Pediátrica, que dá suporte a cerca de 40 crianças que estão na fila de espera por doação.
A primeira paciente a passar pelo procedimento foi Samile Ribeiro Caxias Moraes, de 11 anos. A menina recebeu o órgão da própria mãe, Sueli Ribeiro Caxias Moraes, de 42 anos. A criança foi diagnosticada com câncer nos dois rins e precisou retirar os órgãos quando tinha apenas 5 anos de idade. Dependente de hemodiálise, ela realizou tratamento oncológico e, após a cura do câncer, foi liberada pela equipe médica para o transplante.
A mesma equipe que retirou os rins da menina implantou o novo órgão. "É uma paciente muito especial, porque precisou da cirurgia radical e passou por muitas sessões de quimioterapia e radioterapia, até ficar fora de tratamento. Ela não tem mais doença neoplásica maligna", comemora o cirurgião pediátrico Eduardo Amoras Gonçalves, que liderou a equipe.
Transplante de sucesso
Para o transplante, cerca de 30 profissionais foram mobilizados, em um processo com mais de quatro horas de duração. Foram necessários dois procedimentos simultâneos. Mãe e filha foram juntas para o bloco cirúrgico, mas ficaram em salas separadas. Por lei, a equipe que retira o órgão de um corpo não pode ser a mesma que o implanta em outro.
Desde o bloco cirúrgico, o rim doado já estava funcionando no corpo de Samile, indicando que o procedimento estava dando certo. As duas receberam cuidados nas unidades de Terapia Intensiva.
Com a plena recuperação, Sueli recebeu alta médica e voltou ao hospital apenas para visitar a filha, que passou a ser acompanhada pelo pai, Márcio Mendonça Moraes. "Foi difícil, mas com Deus tudo é possível. Eu creio que quando uma família entra num processo como esse até os laços de união ficam melhores. A gente acaba valorizando mais a família, a esposa, os filhos", disse o pai.
Doença
A nefropediatra Monick Calandrini Rodrigues explica que Samile tinha uma creatinina, exame que mostra a função renal, de 12. Em adultos, essa taxa varia de 0,8 a 1,3. No terceiro dia após o transplante, a taxa a menina já era 0,9, e agora 0,6, que é de uma criança normal.
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