Região Norte tem o maior número de crianças sem creche do país
Em Belém, apenas 11% das crianças entre 0 e 3 anos estão matriculadas
A região Norte tem a menor taxa de atendimento em creches do país, com apenas 14% das crianças de 0 a 3 anos de idade matriculadas. Entre os municípios do Pará, a taxa varia de 0,36% a 59,85%, conforme aponta o levantamento do Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa (CTE-IRB). Para muitos pais, sobretudo mães, o serviço é fundamental para que possam trabalhar e deixar os filhos em segurança.
Segundo os dados da pesquisa, atualizados com estimativas municipais anuais do IBGE, 11% das crianças entre 0 e 3 anos de idade frequentam creches, em Belém. Para a artesã Karla Nascimento, de 37 anos, a necessidade de conseguir uma vaga em creche pública para o filho, Bento, surgiu no fim do ano passado.
“Meu marido saiu de casa em dezembro e, como eu sou artesã, eu tive muita dificuldade de fazer minhas encomendas sozinha, com um bebê mais a minha filha de 5 anos. Foi então que decidi matricular ele na creche, para que eu tivesse pelo menos algumas horas de produção”, relata.
Bento tinha 10 meses de vida quando começou a frequentar a creche pública, no bairro do Curió-Utinga. Karla lembra que foi uma decisão difícil, mas necessária: “A gente tinha muito medo, porque estamos ainda em uma pandemia e ele não usa máscara, devido a idade. Também tínhamos medo de maus tratos, já que ele é um bebê e ainda não fala, não sabe mostrar pra gente que não está bem”.
Entretanto, ao conhecer o local e passar por um processo de apresentação e acolhimento, Karla diz que se sentiu mais segura e, agora, tanto ela quanto Bento já estão adaptados à nova rotina. Enquanto o filho passa um tempo interagindo com outras crianças, Karla consegue se dedicar a outras tarefas: “Ele passa quatro horas por dia lá. Está prestes a começar o período integral, das 7h30 às 17h30. Nesse tempo eu consigo produzir minhas encomendas, organizar a casa e fazer comida”.
Karla destaca ainda que a experiência tem sido positiva para o filho também, que está tendo oportunidades que não teria em casa: “Principalmente o contato com outras crianças. Os bebês que nasceram na pandemia têm pouco dessas experiências e, consequentemente, o desenvolvimento deles pode ficar mais lento também. No caso do Bento, na primeira semana na creche ele já andou”.
De acordo com o Plano Nacional de Educação vigente (Lei Federal nº 13.005/2014), o Brasil deve atingir a meta de 50% das crianças entre 0 e 3 anos de idade matriculadas em creche até 2024. No momento, a média nacional é de 31%. No Pará, o município de Sapucaia, sudoeste do estado, é o que apresenta maior índice de atendimento em creches, com 59,85% de crianças matriculadas. Já Almerim, no Baixo Amazonas, o índice é o mais baixo do estado, 0,36%.
Saiba quais são as 20 piores taxas de atendimento em creches do Pará
Município - Taxa de Atendimento
Almeirim - 0,36%
Itupiranga - 0,51%
São Francisco do Pará - 1,32%
Alenquer - 2,60%
Anapu - 3,08%
Tracuateua - 3,85%
Augusto Corrêa - 5,09%
Chaves - 5,68%
Bragança - 5,83%
Anajás - 5,95%
Porto de Moz - 6,14%
Afuá - 6,47%
Castanhal - 6,66%
Portel - 7,08%
Pacajá - 7,65%
Óbidos - 7,68%
Curralinho - 7,74%
Senador José Porfírio - 7,78%
Uruará - 8,57%
Gurupá - 8,64%
Saiba quais são as 20 melhores taxas de atendimento em creches do Pará
Município / Taxa de Atendimento
Sapucaia - 59,85%
Concórdia do Pará - 52,15%
Peixe-Boi - 47,46%
Piçarra - 44,27%
Santa Cruz do Arari - 42,50%
Brejo Grande do Araguaia - 42,31%
Faro - 39,96%
Magalhães Barata - 38,10%
Dom Eliseu - 35,13%
Pau D'Arco - 34,82
Ipixuna do Pará - 34,81%
Novo Progresso - 32,69%
Tucumã - 32,41%
Água Azul do Norte - 32,15%
São Caetano de Odivelas - 31,96%
Santana do Araguaia - 31,27%
Ulianópolis - 30,98%
Marituba - 30,54%
Ourém - 30,34%
Mocajuba - 29,85%
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