Reforma do Restaurante Popular de Belém deixa pessoas comendo na rua

As obras já duram cerca de oito meses e não foi oferecido um espaço alternativo para os usuários do serviço se alimentarem

Ádria Azevedo/ Especial para O Liberal
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O Restaurante Popular de Belém Desembargador Paulo Frota, localizado na Rua Aristides Lobo, no bairro da Campina, está em obras de manutenção e adaptação desde março deste ano. Porém, apesar da entrega prevista para o segundo semestre, o local, mantido pela prefeitura, ainda não tem data certa para retomar seu funcionamento completo. Enquanto isso, quem precisa da alimentação fornecida pelo serviço, em grande parte pessoas idosas, não tem local para consumir as quentinhas.

Durante o período de obras, a alimentação não deixou de ser oferecida no local, mas não foi disponibilizado ao público um espaço alternativo onde os usuários do serviço pudessem se alimentar. O resultado é que são formadas longas filas na rua, debaixo de sol ou chuva, para pegar as quentinhas. Após receber o alimento, as pessoas comem em pé, sentadas no chão ou na praça próxima. 

O vendedor de ervas do Ver-o-Peso Matheus Coelho já come no Restaurante Popular há pelo menos cinco anos. Ele acha que o local não oferece o suporte adequado a quem recorre ao serviço. “Não dão água, não dão colher e fica complicado. Nesse sol quente, ter que comer na praça, na esquina, ou comer em pé mesmo. É ruim, porque essa reforma já começou há uns oito meses e devia ser mais rápida”, opinou. “Tem crianças que vêm aqui, mulheres com crianças, senhores, e eles reclamam que têm que ficar no sol”, relata.

image O vendedor Matheus Coelho diz que o local não oferece suporte adequado a quem recorre ao serviço. “Não dão água, não dão colher e temos que comer pela rua, fica complicado" (Ádria Azevedo/ Especial para O Liberal)

O piloto de moto Uber Jacer Júnior diz que um espaço para se alimentar está fazendo falta a quem frequenta o restaurante. “Já tem um bom tempo que a gente está se alimentando pelas calçadas, na praça, porque não temos o espaço, que já deveria estar pronto. Porque, pra ter uma alimentação melhor, não é só comer, é ter um espaço para sentar, se alimentar e até mesmo descansar um pouco antes de voltar para o trabalho”, avalia. No momento da entrevista, ele usava uma folha de papel como colher, porque o item não é oferecido junto com a refeição.

image "Já tem um bom tempo que a gente está se alimentando pelas calçadas, na praça, porque não temos o espaço, que já deveria estar pronto", diz o motorista de aplicativo, Jacer Júnior (Ádria Azevedo/ Especial para O Liberal)

Um trabalhador da área do Comércio, que preferiu não se identificar, contou que as quentinhas passaram a ser oferecidas dentro do prédio do restaurante apenas essa semana, e que até a semana passada eram entregues nos fundos do prédio, na Rua Ó de Almeida, diretamente na rua. “Eles atendiam na rua. A gente fazia uma fila enorme, debaixo do sol, e se fosse chuva, era debaixo de chuva. Agora, entramos, recebemos lá dentro a quentinha, mas não pode comer lá. Aí alguns levam para comer em outro lugar, mas a maioria acaba comendo no chão, na rua”, lamenta. Segundo o denunciante, o restaurante já está fechado desde o fim do ano passado.

Prefeitura de Belém

O Restaurante Popular, administrado por meio do Banco do Povo, da Prefeitura de Belém, passa por obras de manutenção e adaptação que visam a eliminar a fila externa do lado de fora do espaço e melhorar a acessibilidade. A obra, iniciada no último mês de maio, é a primeira intervenção realizada no imóvel desde que foi criado o Restaurante, há 15 anos. O valor investido é de R$ 1,9 milhão e a obra é realizada pela Titan Engenharia, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb).

Para evitar a suspensão do atendimento à população durante as obras, visto que a cozinha e o salão de atendimento ao público também entraram em obras, foi construída uma cozinha provisória nos fundos do imóvel e as refeições passaram a ser entregues provisoriamente em quentinhas no acesso pela Rua Ó de Almeida. Os frequentadores do Restaurante foram previamente informados dessa logística e podem levar a alimentação para ser consumida em casa, como muitos já costumavam fazer anteriormente.

As obras estão prestes a ser concluídas. Na última segunda-feira, 27, já foi possível retornar com a entrega das refeições pela entrada principal, na Rua Aristides Lobo. A inauguração acontecerá em breve.

Apesar da logística de entrega das quentinhas se manter a mesma desde maio, o que já é de amplo conhecimento do público atendido, algumas pessoas se dirigem para o local antes do horário de atendimento, que inicia às 11h da manhã. Porém, quando o atendimento é iniciado, rapidamente a fila se desfaz.

O Restaurante Popular é um instrumento de segurança alimentar da Prefeitura de Belém, que fornece 1.200 refeições nutricionalmente balanceadas por dia, pelo valor simbólico de R$ 2. O valor é o mesmo desde que o Restaurante foi inaugurado, há 15 anos. Esse valor é possível porque o custo de cada refeição é subsidiado pela Prefeitura em mais de 70%.

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