Projeto de médico leva atendimento de barco a 30 mil famílias do oeste do Pará
A iniciativa do médico sanitarista Eugênio Scanavino Netto também tem viés informativo sobre higiene básica
Movido pelo sentimento de que “poderia fazer muito mais”, o médico sanitarista Eugênio Scanavino Netto iniciou, há 33 anos, o projeto Saúde e Alegria. A iniciativa leva, de barco, atendimento médico a 30 mil famílias em situação de vulnerabilidade social de comunidades ribeirinhas dos municípios de Santarém, Belterra, Aveiro e Juruti, no oeste do Pará.
Iniciado em 1983, o médico assumiu o desafio de ser o único que atendia mais de 800 cidades, no interior da Amazônia. Ali, nas suas andanças, ele descobriu um novo jeito de atender. “Lá não tinha nenhuma doença gravíssima ou diferente, só problemas de falta de saneamento, coisas muito simples. Como não dava para ficar explicando os cuidados com higiene para cada um, eu dividia todo mundo em grupos: quem estava com diarreia, para lá; quem estava com gripe, para cá. Aí eu dava uma palestra para cada grupo, depois atendia individualmente para fazer a triagem”, diz.
Além do atendimento de saúde, um outro viés do projeto é o informativo. Como muitas pessoas não têm acesso a informações sanitárias básicas, o projeto também leva artistas circenses para ensinar higiene de forma lúdica.
“Só de colocarem em prática os cuidados de higiene, já vemos muito resultado: começou a diminuir diarreia, as comunidades que tratavam a água perceberam melhorias. Aos poucos, as próprias pessoas começaram a entender que elas mesmas podiam fazer alguma coisa. Se você não usa água tratada, pega diarreia. Se não usar o sanitário, contamina a água do rio e vai passar diarreia lá para a frente. Então, eles começaram a entender que tudo depende das atitudes individuais, familiares e coletivas”, conta o médico aos Caçadores de Bons Exemplos.
O projeto
Ao longo das mais de três décadas, o projeto já foi contratado pela prefeitura de Santarém, mas hoje conta com a parceria da Projeto Saúde Sorriso, o PSA, com supervisão da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apoio da Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), recursos do BNDES (Finsocial) e participação da Universidade Federal do Pará (UFPA).
O trabalho segue firme e o "Saúde e Alegria" impacta milhares na região e é inspiração para outras tantas iniciativas espalhadas pelo mundo. Tudo fruto do sonho de um aluno que sonhava em fazer medicina usando botina pelo país.
“Eu acho que todo mundo tem um sonho dentro de si. Todo mundo tem um impulso de se importar com o próximo. E eu acho que todo mundo tem um potencial criativo e transformador enorme. É só acreditar nisso, é só você acreditar em você mesmo. E começar a transformar. (...) Fazer saúde, não fazer doença”, encerra Eugênio Scanavino.
Conheça mais sobre o projeto Saúde e Alegria no site, Facebook e Instagram.
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