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Programa de extensão da Ufopa promove palestra sobre ingestão de peixes contaminados por mercúrio

A atividade faz parte do ciclo de webnars desenvolvido pela instituição de ensino

Laís Santana

A ingestão de peixes contaminados por mercúrio foi tema de palestra ministrada, na tarde desta quinta-feira (26), pela pesquisadora Heloisa do Nascimento, do Instituto de Saúde Coletiva (Isco), vinculado a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). O evento buscou mostrar a relação entre o ambiente degradado, a saúde humana e o efeito do consumo frequente de peixes contaminados por mercúrio. 

A atividade faz parte do ciclo de webnars sobre Ciência, Saúde e Ambiente na Pandemia, promovido pelo Programa de Extensão Saúde, Ambiente e Qualidade de Vida na Amazônia, ligado ao Centro de Formação Interdisciplinar (CFI).

Durante a palestra, foram abordados temas como a relação entre a saúde e o meio ambiente e os motivos pelos quais a cadeia de contaminação no mercúrio nos peixes está associado ao desmatamento e o assoreamento do solo amazônico.

O mercúrio é um dos metais pesados mais prejudicial ao meio ambiente e a saúde humana em razão da sua alta toxicidade e mobilidade em diferentes ecossistemas. 

A pesquisadora explica que as altas concentrações de mercúrio que são encontradas no ambiente amazônico podem ser de origem natural, por meio de erosão e evaporação de solos mineralizados e erupções vulcânicas, mas são principalmente de atividades antrópicas. 

“Garimpo, desmatamento, incêndios florestais, exploração madeireira, instalação de usinas hidrelétricas, muitas dessas atividades tem provocado um fenômeno chamado de remobilização do mercúrio, que seria aquele mercúrio que estava depositado no solo e com os desmatamentos e as queimadas, por exemplo, ele se torna novamente disponível para retomar o ciclo dele. As atividades antrópicas que temos na região hoje em dia estão contribuindo muito para emissão de mercúrio no ambiente. Isso está levando a um nível de contaminação muito grande dos nossos ambientes aquáticos”, pontua. 

Durante a apresentação, Heloisa Nascimento descreveu o ciclo do mercúrio como “complexo”, começando com a liberação do elemento na forma de vapor proveniente das atividades antrópicas e naturais. Uma vez na atmosfera, ele se combina com a água da chuva e chega aos ambientes aquáticos na forma iônica que é uma forma inorgânica. 

Neste ponto do ciclo o mercúrio pode seguir dois caminhos, podendo ser novamente convertida em vapor e voltar para a atmosfera ou ser depositado no solo dos ambientes aquáticos, onde o mercúrio inorgânico pode ser convertido para sua forma orgânica, sendo transformado em metilmercúrio que possui a propriedade de passar de um nível trófico para o outro. 

“Por isso que a gente observa o metilmercúrio em diferentes peixes ao longo da cadeia alimentar. E no caso, como os seres humanos se alimentam desses peixes acabam contaminados também”, destaca. 

Para a saúde humana, o mercúrio causa diferentes tipos de danos, dependendo da forma química (elementar, inorgânica e orgânica), o tempo de exposição (aguda, intermediária e crônica) e a forma de exposição (inalação, ingestão e absorção). O principal órgão afetado pelo metilmercúrio é o Sistema Nervoso Central.   

A especialista reforça que os principais sintomas relacionados a exposição ao metilmercúrio são relacionados a sintomas neurológicos, como tremores, insônia, perda de memória, alterações neuromusculares, dores de cabeça e déficits de desempenho em teste de função cognitiva. Em crianças, os principais sintomas seriam déficits de linguagem, de aprendizado e de atenção, além de retardo mental e redução do desenvolvimento motor fino. 

“A grande dificuldade quando a gente vai avaliar os problemas de saúde e relacionar com a exposição ao mercúrio é que os sintomas não são exclusivos dessa exposição. O que a gente observa é que a exposição ao mercúrio agrava esses sintomas”, ressalta Heloisa Nascimento.

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