Professor denunciado por suposto estupro de vulnerável em creche municipal é indiciado em Santarém

Ao todo, 14 crianças foram ouvidas durante o inquérito policial

Andria Almeida/ O Liberal

Após denúncias de familiares contra um professor de uma Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei), no município de Santarém, por suposto estupro de vulnerável e maus tratos, o delegado Alexandro Napoleão conclui o inquérito policial na terça-feira (31), que indiciou Arcivando Nonato. O caso foi investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Deaca).

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Por motivo de sigilo do processo, o delegado não informou os crimes pelos quais o professor foi indiciado. Foram os familiares das supostas vítimas quem relatam que foi pelos crimes de abuso de vulnerável e maus tratos.

image Delegado Alexandro Napoleão (Andria Almeida)

O delegado Napoleão, que presidiu o inquérito, informou à reportagem de OLiberal.com que durante as apurações das denúncias, foram ouvidas as crianças, servidores da creche, além de servidores da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e alguns pais dos menores.

“O inquérito foi concluído após a oitiva de 14 menores, dos quais 8 relatam algum tipo de violação de direito e também através da escuta de vários profissionais e também de alguns pais que também foram ouvidos. Laudos policiais foram produzidos a partir dos exames que foram realizados das crianças que relataram algum tipo de abuso”, pontuou o delegado.

Segundo o delegado, os relatos das mães e das crianças continham as mesmas informações. “Todos os relatos foram levados em consideração, cortejados também com as informações repassadas pelos pais”, disse.

Nova denúncia

A avó de uma das supostas vítimas conta que o neto de 4 anos já havia relatado para mãe sobre os abusos praticados pelo professor, mas, segundo ela, a criança não foi ouvida, pois para eles a situação parecia ser absurda.

“Meu neto chorava ao entrar na Umei. Ele chegou a falar para a mãe que o professor tinha agredido e chupado o pin** dele, mas não acreditamos, parecia muito absurdo. Ele dizia que tinha mijado na boca do professor”, contou.

Após a divulgação dos outros casos de supostos abusos envolvendo o professor, a avó conta que só aí tudo passou a fazer sentido. Bastante emocionada ela relata aos prantos a situação vivida.

“Hoje eu choro porque é muito duro aceitar que uma criança de 4 anos que tinha tudo pela frente e o cara [professor] fazer isso. Quando ele crescer, não vou comentar isso, mas vai ter gente que vai comentar, como vai ser”, preocupou-se.

A avó relata ainda que recentemente descobriu que o neto supostamente abusado pelo professor tem um grau de autismo e que a mãe entrou em depressão profunda.

“Ela está em outro mundo. Virou uma criança, nem lembra mais que tem filho. Às vezes ela tenta malinar dele. Ela não fala mais coisa com sentido. Ontem ela me disse que estava chovendo banana do céu”, relatou.

O caso também foi registrado na Deaca.

Próximos passos

Com a conclusão do inquérito policial na Deaca, o delegado informou que já foi determinada a remessa ao poder judiciário para uma melhor apreciação. Napoleão enfatizou que o inquérito segue em sigilo.

“O professor foi indiciado em alguns crimes que não posso revelar aqui essas informações por questão de sigilo do inquérito, mas houve indiciamento dele por alguns crimes que foram constatados nos autos das investigações”, explicou.

Posicionamento da defesa do professor 

Em nota, a defesa do professor Arcivando Nonato, suspeito de estupro de vulnerável e maus tratos, informou que respeita o entendimento do delegado que presidiu o inquérito, embora não concorde.

A nota enfatizou que o indiciamento “não representa que a investigação esteja correta e que seja um prenúncio de condenação. Temos uma série de fundamentos a ser suscitado perante o juízo criminal, sobretudo, quanto ao vício de colheita de prova no âmbito policial que sob nossa ótica alguns quesitos legais foram ignorados pela autoridade policial”, destacou um trecho da nota.

A nota traz uma acusação de parcialidade por parte da autoridade policial. “ Lamentamos que a autoridade policial tenha se contaminado com o clamor popular a ponto de participar de ato público, em que um dos assuntos tratados foi o caso do referido professor. Tudo isso e mais outros fundamentos serão abordados na defesa do professor no momento certo”. 

A nota finaliza afirmando que o professor vai lutar por justiça para  que a verdade prevaleça. “O professor é inocente e com isso não esperamos que seu caso tenha o mesmo tratamento e desfecho como ocorreu na “escola base de São Paulo” no ano de 1994, cujos acusados foram inocentados. Mas, infelizmente, foram condenados socialmente mesmo provando a inocência perante a justiça."

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