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Pesquisadores do Museu Goeldi são reconhecidos entre os melhores do Brasil e do Mundo

Três cientistas da instituição entram para o ranking segundo a plafatorma Research.com

Camila Guimarães

Diante de uma grave crise em recursos humanos que ameaça seu funcionamento – com menos de dois terços dos servidores previstos no espelho do Ministério do Planejamento e Orçamento – o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) se destaca em mais uma conquista na ciência: o reconhecimento de três pesquisadores no ranking dos melhores do Brasil e do mundo, segundo a avaliação da Research.com - plataforma acadêmica especializada na análise da produção científica mundial.

Os professores da instituição listados no ranking foram Ima Célia Guimarães Vieira, Leandro Valle Ferreira e Rafael de Paiva Salomão – todos ligados à coordenação de Botânica do MPEG. O ranking levou em conta critérios como o número de publicações e de citações em outros estudos, revelando o impacto das pesquisas produzidas por cada um no seu campo de atuação.

A professora Ima Vieira, escalada no 18º lugar entre os melhores pesquisadores do Brasil, e em 1789º entre os melhores do mundo, menciona a importância desse reconhecimento para sua carreira e para a comunidade científica amazônica:

“Estar entre os 20 mais produtivos do Brasil é muito gratificante e mostra o enorme esforço que venho fazendo para produzir ciência em uma região periférica como a Amazônia, com poucos recursos, com baixo fomento. Nosso trabalho exige uma cadeia de conhecimento complexa e requer apoio financeiro para manter sítios de estudo, bancos de dados e garantir a formação de pessoal. Muitas vezes a gente emprega recursos próprios para garantir o funcionamento dessa rede”, afirma.

Infelizmente, mesmo diante do ranking, que ela descreve como um grande orgulho e satisfação, Ima lamenta a fase crítica pela qual o Emílio Goeldi passa no momento, o que faz com que os pesquisadores remanescentes se esforcem muito mais para manter a produção acadêmica da instituição:

“Não há ecólogos jovens que possam dar continuidade à linha de pesquisa que desenvolvo, por exemplo, e vejo que é preciso, claro, garantir que a contribuição científica do museu continue para intervir na realidade amazônica, que é tão preocupante”.

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Reconhecimento demonstra o valor do trabalho produzido

A mesma preocupação é demonstrada pelo professor Leandro Ferreira, 57º no ranking nacional e 3954º no mundial, que defende que o reconhecimento dos profissionais do Goeldi aponta o valor do trabalho realizado por eles:

“Nossos resultados têm gerado impactos muito grandes tanto na formação de recursos humanos, no aumento do conhecimento da biodiversidade amazônica e, principalmente, na tentativa de mudar as políticas públicas governamentais ligadas à área de ecologia e conservação. Porque somente com resultados técnicos, científicos, você pode mudar uma posição nessa área e mitigar, ou até impedir, que obras públicas ou privadas destruam o meio ambiente ou prejudiquem alguma sociedade”, avalia.

Leandro reconhece que as despesas em pesquisa na Amazônia são muito grandes e que a infraestrutura é precária e a maioria dos profissionais dispõe de recursos limitados. No entanto, ele acredita que o resultado da persistência vale à pena:

“A formação desse recurso humano (alunos de graduação e pós-graduação) é fundamental para que a região se desenvolva de maneira sustentável. Sustentabilidade não é um conceito abstrato, mas factível. Nós temos muitos trabalhos publicados que demonstram que você consegue fazer conservação da biodiversidade, dos serviços ambientais, do conhecimento tradicional e permitir o desenvolvimento econômico e social da Amazônia. Isso demonstra a importância que uma instituição centenária como o MPEG”.

Tanto Ima quanto Leandro destacam, ainda, o importante papel da cooperação com instituições nacionais e internacionais para dar continuidade às pesquisas no Goeldi, “mas o que nós queremos é mais recursos do governo federal, estadual, de empresas, órgãos nacionais e internacionais - que aumentem a nossa capacidade de gerar conhecimento e desenvolvimento da Amazônia e sua conservação”, expressa Leandro.

Já o professor Rafael Salomão, ranqueado em 78º no Brasil e 4916º no mundo, destaca a relação do reconhecimento e do baixo investimento na instituição frente a realização na COP-30 (30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que será realizada em Belém em 2025: "Considerando o contingente atual do Museu como sendo de apenas cerca de 60 pesquisadores, pode-se concluir que uma reposição das vagas dos pesquisadores que já se aposentaram e dos que faleceram, muito certamente dotaria a instituição de um quadro potencialmente mais produtivo e preparado para atuar efetiva e decisivamente nos trabalhos da COP-30".

O professor Rafael enfatiza que, mesmo aposentado desde 2016, continua trabalhando como professor no Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas – Botânica Tropical da UFRA/MPEG; "atualmente, sem bolsa de pesquisa/ensino na região de maior prioridade de conservação do país", lamenta.

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