Pesquisa da UFPA no baixo rio Tocantins busca garantir a reprodução do peixe mapará

O estudo também tem o objetivo de produzir mapas que auxiliem a pesca sustentável do peixe na região

O Liberal
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O peixe mapará é um dos alimentos mais populares entre a população ribeirinha do Pará e é um prato tradicional na culinária dos estados da região amazônica. Atualmente, ele é objeto de um estudo para subsidiar a implementação adequada de medidas de proteção e garantia reprodutiva da espécie no estado paraense, prevenindo a pesca predatória. De autoria da professora Kelli Garboza da Costa, docente do Campus Universitário do Tocantins/Cametá da Universidade Federal do Pará (UFPA), instalada na mesorregião nordeste do estado, a pesquisa tem como área de estudo a bacia hidrográfica do baixo rio Tocantins, abrangendo os municípios de Cametá e Limoeiro do Ajuru.

O mapará, também conhecido como mapurá, é um peixe de água doce, amplamente presente nos rios da Amazônia e América do Sul, que se apresenta em seis espécies: Hypophytalmus oremaculatus, H. fimbriatus, H. marginatus, H. donascimientoi, H. edentatus e H. celiae, sendo as duas últimas encontradas na região de estudo. Dados sobre o ciclo reprodutivo de fêmeas de mapará em Tucuruí sugerem que o período de desova da espécie ocorre entre dezembro e janeiro, no entanto, existe a possibilidade de diferentes épocas de desova, uma vez que se trata da ocorrência de duas ou mais espécies de mapará na área à jusante da barragem de Tucuruí.

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Como é feita a pesquisa

Para compreender melhor os períodos reprodutivos da espécie e os fatores ambientais que influenciam nessa reprodução, o Projeto “Distribuição espaço-temporal das larvas de mapará e mapeamento de áreas de desova na Bacia Hidrográfica do Baixo Rio Tocantins”, coordenado pela professora Kelli Garboza da Costa, iniciou o mapeamento da espécie com coletas de larvas dos peixes, realizadas no período de maio de 2023 a fevereiro de 2024, em oito áreas de Acordos de Pesca.

Com o mapeamento, observou-se a presença de larvas de uma variedade de espécies, em todos os estágios de desenvolvimento larval, o que indica que as oito áreas sugeridas pelos pescadores artesanais como importantes locais de pesca (os “poços”) são locais de crescimento e essenciais para o recrutamento de peixes. Por sua vez, os resultados quantitativos (número de larvas em cada m³ de água) mostraram que os peixes se reproduzem o ano todo, com picos de densidade de larvas entre os meses de fevereiro e agosto, e os menores registros de densidade foram observados entre os meses de setembro e janeiro, durante o período de paralisação da pesca.

“O que podemos afirmar com base nos resultados é que as áreas de coleta em Cametá e Limoeiro são propícias ao desenvolvimento de juvenis de mapará e de outras espécies, uma vez que a quantidade de matéria orgânica, fitoplâncton e zooplâncton, garante alimento diário para o que tem hábito alimentar planctívoro”, observa Kelli Garboza.

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Estudos já realizados mostram, ainda, que, antes da construção da barragem de Tucuruí, o mapará desovava nas proximidades da cachoeira, e as larvas eram levadas pela correnteza até a foz do rio Tocantins. Com a barragem, o fluxo do rio foi alterado, as espécies de peixes migratórias que subiam e desciam o rio para se reproduzir precisaram se reorganizar, e “novos” locais de reprodução surgiram no baixo rio Tocantins.

Atualmente, o Projeto “Distribuição espaço-temporal das larvas de mapará e mapeamento de áreas de desova na Bacia Hidrográfica do Baixo Rio Tocantins” está na etapa de análise genética, sob supervisão da professora Simoni Santos da Silva, no Campus Bragança da UFPA. Também estão em andamento as fases de cartografia social e de mapeamento participativo com os pescadores artesanais, sob coordenação do professor Edir Augusto Dias Pereira (Campus Cametá). O resultado será a produção de mapas que constituam ferramenta de auxílio das comunidades e instituições pesqueiras na implantação de ações que visam à conservação e ao manejo da pesca do mapará no baixo curso do rio Tocantins.

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