Pela primeira vez, quilombola é aprovado no curso de mestrado em Educação da Ufopa

Neste ano o programa de mestrado destinou vagas para negros, quilombolas, indígenas e Pessoas com Deficiências (PCDs).

O Liberal
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Pela primeira vez um quilombola foi aprovado no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). Anualmente, o PPGE oferta 25 vagas para o certame. Em 2021, sete vagas do total foram destinadas para negros, quilombolas, indígenas e Pessoas com Deficiências (PCDs). 

Esta foi a primeira vez que o PPGE fez reserva de vagas para o público atendido pelas ações afirmativas resultantes da implementação da Resolução nº 314, de 23 de dezembro de 2019, do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da Ufopa, que regulamenta a Política de Ações Afirmativas para inclusão de negros (pretos e pardos), quilombolas, indígenas e pessoas com deficiência nos Programas de Pós-Graduação stricto sensu da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).

O quilombola aprovado para o curso é Roberth Costa, autor da pesquisa “As dimensões educativas presentes nas festas de Ramada de Santa Luzia e no Marambiré do Quilombo Pacoval, Alenquer - Pará”, sob a orientação do professor Dr. Alan Augusto Moraes Ribeiro, membro do grupo de pesquisa Educação, Raça e Etnicidade na Amazônia (GEREA/ICED/Ufopa). 

“O que era um sonho distante, passou a se tornar uma realidade palpável. Fiz todo o processo de inscrição, preparação do projeto de pesquisa, sempre com a ajuda dos amigos, do presidente da minha comunidade e também do professor Luiz Fernando França, que trabalha muito para garantir a inserção de negros e de quilombolas na universidade. Portanto, essa primeira conquista não é só minha, mas de um coletivo que torce e incentiva a entrada e permanência de negros, quilombolas, indígenas nos cursos de graduação e pós-graduação”, celebra Roberth Costa.

A pesquisa em andamento consiste em uma análise da festividade do Marambiré, que ocorre na primeira metade de dezembro, dentro do Território Quilombola do Pacoval, na cidade de Alenquer (PA), como uma "festa educativa". “Ao mesmo tempo é uma festa tradicional que mobiliza uma identidade coletiva. Ao olhar para uma festividade que envolve dança, canto e música sob um ritual complexo que articula a memória coletiva, os saberes tradicionais e as narrativas locais sobre a história da comunidade, percebi que Roberth, como integrante da própria comunidade, morador do território, articula três elementos fundamentais da educação escolar quilombola como uma modalidade de ensino que se constrói dentro e fora do espaço escolar. Na prática, ele discutirá como essa educação quilombola pode ser encontrada no Marambiré, indicando, ao mesmo tempo, um caminho de análise conceitual novo e uma possibilidade de implementar as diretrizes curriculares nacionais para a educação quilombola (Resolução CNE/CEB nº 8, de 20 de novembro de 2012) para o desenvolvimento da educação em sua comunidade do Pacoval e demais comunidades quilombolas da região”, explicou Alan Augusto Moraes Ribeiro. 

A pesquisa está ligada à linha de pesquisa número três do PPGE, que considera a formação humana em contextos formais e não formais na Amazônia. De acordo com o mestrando, os quilombos presentes na Amazônia “são grandes fontes de pesquisa e fornecem uma gama de conhecimento que vai além de contextos formais de educação”, concluiu Robert.

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