Pará tem mais de 7,5 mil diabéticos, asmáticos e hipertensos internados de janeiro a julho deste ano

A tendência de aumento de casos chama atenção para cuidados específicos no pós-covid-19, diz especialista

Fabyo Cruz
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Mais de 7,5 mil diabéticos, asmáticos e hipertensos foram internados de janeiro a julho deste ano no Pará, conforme informou a Secretaria de Saúde do Estado (Sespa) à reportagem de O LIBERAL. Em 2021, segundo ano marcado pela pandemia, a pasta registrou 11,4 mil internações. A tendência de aumento de casos chama atenção para cuidados específicos em um momento pós-covid-19, segundo especialista.

O médico cardiologista Antonio Monteiro explica que durante os dois anos mais intensos de pandemia, as pessoas por medo ou outras preocupações deixaram de procurar o médico ou não conseguiram atendimento devido às circunstâncias impostas pelo coronavírus. “Agora com a melhora dos números dos casos, os pacientes estão procurando mais atendimento médico e, assim, descobrindo essas doenças que já poderiam estar presente de forma assintomáticas há anos”, disse o especialista.

Ele afirma que ainda não há comprovação da covid-19 causar alguma das doenças mencionadas anteriormente, porém as três patologias são consideradas crônicas, e quando o paciente já é portador de uma delas, ao ser infectado por covid- 19,  as chances de internação ou piora clínica são maiores.

“Essas doenças têm mecanismos genéticos, e esses são estimulados pela forma de vida e as exposições que as pessoas têm durante a vida, como alimentação ruim, falta de atividade física, tabagismo ou pela própria infecção. A diabetes está entre as doenças mais prevalentes da sociedade, mesmo antes da covid. Muitas internações são decorrentes da falta de consulta médica durante a pandemia”, comentou o cardiologista.

“Porém já temos relatos de casos de pacientes que tiveram falência ou redução na produção de insulina, que é o hormônio responsável pelo controle de glicose no sangue, após a infecção da covid. O que é importante é que todas as pessoas procurem um médico, após a infecção, mesmo que tenham sofrido sintomas leves, pois já temos vários relatos de doenças cardíacas, pulmonares e outras doenças crônicas que foram desencadeadas após a infecção pelo vírus”, concluiu.

O estudante de economia Gabriel Barros, 22 anos, tem diabetes desde os 5 anos de idade. Desde a infância, ele conta com o apoio da família para fazer os tratamentos médicos necessários, se alimentar de forma adequada e praticar exercícios físicos. O suporte familiar tornou-se ainda mais fundamental durante os dois primeiros anos de pandemia. O jovem lembra que o coronavírus trouxe preocupação a todos, principalmente quem tinha doença autoimune, por fazer parte do grupo de risco.

image O jovem lembra que o coronavírus trouxe preocupação a todos, principalmente quem tinha doença autoimune, por fazer parte do grupo de risco (Ivan Duarte/O Liberal)

“Lembro que nos primeiros meses eu não saia de casa para absolutamente nada. Com o tempo passando as coisas foram melhorando um pouco. Na época, tive bastante dificuldade com os remédios porque o acesso à medicação ficou mais complicado. Eu pego as minhas medicações no SUS, e eles tiveram que fazer um trabalho mágico praticamente pra fazer as pessoas conseguirem continuar pegando as insulinas, as fitinhas para medir a glicemia, então foi um momento difícil”, desabafou.

A jornalista Laura Vasconcelos, 28 anos, tem asma crônica. Ela diz que conviver com a doença é delicado, pois as crises não têm hora para aparecer. Assim como Gabriel, durante a pandemia, a jovem não saia de sua casa por fazer parte do grupo de risco. Apesar de ter tomado as vacinas anticovid, Laura conta que segue obedecendo as medidas de proteção à saúde. “Graças a Deus a vacina já melhorou, estou saindo mais de casa, estou trabalhando, consigo fazer as minhas coisas normalmente, porém sempre usando a máscara, pra me proteger não só da covid, mas de outras doenças respiratórias que possam ser gatilho pra minha asma”, contou.            

 

Dados do Pará

 

A Sespa informou por meio de nota que “hipertensão, diabetes e asma não são doenças de notificação obrigatória, sendo tratadas pela atenção básica”. A pasta ressaltou que “possui apenas os números de pacientes com quadro mais grave que necessitam de internação”.

 

Número de internações:

 

Diabetes

 

  • 2021: 6.159 internações;
  • 2022: 4.014 internações entre janeiro e julho

 

Asma

 

  • 2021: 2.720 internações;
  • 2022: 1.954 internações entre janeiro e julho.

 

Hipertensão

 

  • 2021: 2.536 internações;
  • 2022: 1.557 internações entre janeiro e julho.

 

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