Pará registrou quase 300 casos da doença de Chagas em 2021; entenda os sintomas e tratamento

Pacientes com febre recorrente, dores no corpo, inchaço, palpitações e cansaço devem receber atenção

Emanuele Corrêa e Laís Santana
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O Pará registrou em 2021, 285 casos da Doença de Chagas, de acordo com os dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). Já nos três primeiros meses de 2022, foram registrados, até o momento, 12 casos. A Doença de Chagas é considerada endêmica na região e os principais sintomas são: febre recorrentes, dores no corpo, inchaço, palpitações e cansaço. Por ser uma doença infecciosa e com várias formas de transmissão, o mês de abril chama atenção para a conscientização e necessidade de políticas públicas, pois quanto mais cedo diagnosticada, maiores as chances de cura.

A médica-pesquisadora Ana Yecê coordena o Serviço de Atendimento Médico Unificado do Instituto Evandro Chagas (IEC), que é referência nos estudos da doença. A pesquisadora destaca os tipos de transmissão conhecidos e estudados: Vetorial (picada do barbeiro infectado), Oral (ingestão de alimentos contaminados), Vertical (através da placenta, na gestação), Transplante/transfusão - sangue ou órgão infectado, mas o Brasil tem alcançado controle significativo, devido a qualidade no serviço - e Acidental -acidente em laboratórios, com a exposição às fezes contaminadas. Ana reforça que o diagnóstico feito na fase aguda da doença, tem mais chances de êxito.

"A doença de chagas é uma doença secular e infecciosa causada por um parasita. Há várias cinco principais formas de transmissão. O nosso foco principal é voltado para os mais frequentes no caso o oral e vetorial, com preocupação na transmissão vertical. A doença de chagas aguda, não é a mesma coisa que doença de chagas crônica. Mesmo parasita, mas são duas doenças diferentes", explicou.

A doença de chagas aguda acontece com mais frequência na região amazônica, destaca a médica que aponta os sintomas mais comuns que sinalizam a doença, febre, dor no corpo e às vezes manchas na pele. "Por serem sintomas comuns a doenças como dengue e malária é importante a capacitação e suspeição, ou seja, suspeitar que é chagas e investigar, porque assim você faz um diagnóstico mais rápido, encaminha o paciente para o fluxo de atendimento e ele tem um diagnóstico mais rápido aumentando a possibilidade dessa pessoa ser tratada e ser curada de doença de chagas", explicou.

Os estudos a respeito da doença no Pará, afirma a médica, estão na fase de descrição. Observar o ciclo da doença, os casos, para assim possibilitar dados à vigilância para o melhor tratamento. O desafio dos último dois anos, segundo ela, é manter a notificação por parte da população, devido a pandemia. "O Pará tem o maior número de casos relacionado à transmissão em geral. Estamos numa fase da história natural dessa doença, que é uma uma frase descritiva. Descrever o que está acontecendo para poder entender. Temos uma média de 150 casos no IEC e eles aumentam a partir do segundo semestre. Com a pandemia de covid-19, nos últimos anos, tivemos uma queda nos números. Mas não sabemos ainda se foi uma queda real, ou se as pessoas estavam buscando menos o serviço de saúde, porque estavam mais preocupados com a covid", afirmou.

Questionada sobre os avanços no cenário epidemiológico, a pesquisadora reforça a necessidade de conscientização da doença, do diagnostico precoce e também de maiores investimentos na pesquisa para o tratamento. "Nós precisamos conscientizar sobre a doença de Chagas. Sobre as comunidades que são afetadas pela doença. Então, nesse dia, a gente toma consciência sobre a doença, as políticas públicas adotadas. Para que essas pessoas que precisam ter voz, que precisam de um remédio novo. Usamos uma mesma medicação para tratar doença de chagas há mais de 70 anos. Ajudem nas estratégias que nós temos feito no Brasil especialmente na vigilância epidemiológica. Não só no Brasil. Esse dia é muito importante para que a gente fomente a pesquisa nessa área, cuidando das pessoas que precisam desse cuidado", concluiu.

Sobre o acesso ao serviço de saúde, a A Sespa informou por meio de nota que: "a pessoa que apresentar sintomas da doença como febre persistente, dores no corpo, inchaço, palpitações e cansaço deve procurar Unidades de Pronto Atendimento (UPA's), Prontos Socorros ou Unidades Básicas de Saúde para então ser diagnosticada e encaminhada ao tratamento adequado", destacava a nota.

 

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