Pará registra 71 casos de câncer uterino; Ministério da Saúde lança nova estratégia contra doença

A vacinação contra o HPV e o uso de preservativos são as formas mais eficazes de prevenção

Fabyo Cruz
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O câncer do colo do útero é o quarto tipo mais comum entre a população feminina, com 17 mil casos registrados em 2023, no Brasil. Pelo menos 6 mil brasileiras morrem a cada ano em decorrência da doença, segundo o Ministério da Saúde. No Pará, conforme informou a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) à reportagem de O LIBERAL, foram registrados 71 casos da doença até janeiro de 2023, sendo neoplasia maligna de colo de útero (9) e carcinoma in situ do colo do útero (62). Na última quarta-feira (22), o governo federal lançou uma nova medida para controle e eliminação da enfermidade, trata-se da Estratégia Nacional de Controle e Eliminação do Câncer Cervical

A vacinação contra o HPV e o uso de preservativos são as formas mais eficazes de prevenção. Atualmente, a vacina é recomendada para adolescentes entre 9 e 14 anos, além de pessoas imunossuprimidas. A iniciativa, além do foco na redução de casos e na prevenção, como a vacinação, também prevê a inclusão do teste molecular para detecção do HPV, vírus sexualmente transmissível causador da doença, no Sistema Único de Saúde (SUS). 

Inicialmente, serão investidos R$ 18 milhões na expansão do projeto piloto de Recife para o estado de Pernambuco. Em um segundo momento, a iniciativa será ampliada para todo o Brasil. Na nova estratégia, assim como a prevenção e controle de casos, o diagnóstico precoce também é fundamental na redução dos casos graves e mortes. Por isso, a nova estratégia prevê uma nova tecnologia para detecção do vírus HPV, com a inclusão do teste de HPV por PCR, exame molecular, no SUS para aprimorar o rastreio da doença em mulheres de 25 a 64 anos. 

NMCU e cérvix

A médica ginecologista Mary Valente explica que a carcinoma in situ do colo do útero (cérvix) se enquadra no que a medicina chama de “lesão pré-maligna”, sendo que na maioria das vezes apenas o tratamento cirúrgico já é curativo, ou seja, sem a necessidade de tratamento adjuvantes, como químio ou radioterapia. “Nesse caso é uma lesão restrita ao colo do útero e não progride para demais órgãos pélvicos ou a distância, como é a neoplasia maligna de colo”, comentou. 

Sobre a neoplasia maligna de colo de útero (NMCU), a especialista explica que “dependendo de cada caso que será individualizado para cada paciente, o tratamento pode estar incluso a cirurgia associado a rádio e quimioterapia, ou apenas com radioterapia e quimioterapia, não sendo mais indicada a cirurgia. Além disso, podemos ter acometimento de órgãos pélvicos, como bexiga, ureteres, parte do intestino, como por exemplo, o reto, além de se disseminar para pulmões, fígado e outros órgãos distantes do sítio inicial da lesão”, concluiu Mary Valente. 

Como identificar a doença?

A médica afirma que a doença é diagnosticada por meio do exame preventivo do câncer de colo de útero (PCCU), popularmente conhecido como “Papanicolaou”, onde se identifica células atípicas, ou seja, diferente das células que compõem o colo do útero. “Diante dessa situação, essa paciente deve ser direcionada para uma biópsia de colo, onde será retirada um pequeno fragmento, de forma indolor, assim como o Papanicolaou. Esse material será submetido a análise chamado de anatomopatológico o qual irá confirmar a lesão. Daí a importância de realizar o exame preventivo”, assegurou.

Lesão leva em torno de 5 anos para se manifestar

“É importante ressaltar que a lesão do câncer de colo de útero leva anos para que se manifeste, em torno de cinco anos. Daí a importância de realizar o PCCU para que seja possível identificar lesões pré-malignas e, assim, realizar o tratamento da paciente sem que haja mutilações e sequelas permanentes, já que a maioria das pacientes acometidas são mulheres jovens, muitas vezes economicamente ativas, sendo a provedora de suas famílias. Ou seja, o adoecimento dessas mulheres pode impactar negativamente, não apenas no âmbito laboral, mas também sobre as demais pessoas dependentes financeiramente dessa mulher”, destacou a  ginecologista.

Casos no Pará

Neoplasia maligna de colo de útero (NMCU): 

  • 2019 (667 casos)  
  • 2020 (597 casos) 
  • 2021 (547 casos)
  • Até janeiro de 2023 (9 casos) 

Carcinoma in situ do colo do útero (cérvix): 

  • 2019 (185 casos)
  • 2020 (135 casos)
  • 2021 (130 casos)
  • Até janeiro de 2023 (62 casos)

Fonte: Sespa

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