Pará soma sete mortes ligadas ao vírus da gripe A
Campanha de vacinação contra H1N1 encerra dia 31 e estado tem só 40% de cobertura vacinal
No Pará, sete pessoas já morreram em consequência do vírus causador da gripe A (H1N1), nos primeiros meses deste ano, quando o vírus influenza se deu com maior intensidade e de forma localizada inclusive em outros estados brasileiros. Os dados são do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado no último dia 9, com dados que vão até 27 de abril. Mesmo diante dessa ameaça, ainda é baixa a procura no Estado pela vacinação na campanha contra a gripe. O Pará já somou apenas 40% de cobertura vacinal em um mês de campanha, informou a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), na sexta-feira (10).
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Segundo a médica infectologista Vanessa Lima, esse cenário é preocupante, uma vez que a vacinação é a principal forma de proteger a população toda das formas graves da doença. Ela orienta que é necessário com que as pessoas estejam atentas aos rumores infundados, que circulam em forma de fake news (notícias falsas), pois estas são também grande empecilho para o aumento das coberturas vacinais.
"A vacinação contra o influenza é muito importante e precisamos quebrar o mito que envolve os efeitos colaterais, que ocorrem, sim, mas em casos bastante reduzidos e não provoca doenças. A pessoa não terá gripe porque a vacinação é utilizada com vírus atenuados (com baixo potencial patogênico que são utilizados para a produção de vacinas virais atenuadas). Então, a vacinação é muito importante para prevenir as formas graves da doença e combater os óbitos que vem ocorrendo no Brasil e inclusive no Pará", afirma a infectologista, que atua no Hospital Universitário João de Barros Barreto da Universidade Federal do Pará/Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.
A médica reitera que as reações adversas que podem ocorrer não são graves e acontecem em menos de 10% da população. "O que pode ser observado é reação local, mas a vacinação não causa doença nenhuma. Em caso de reação, não precisa entrar em pânico. Basta procurar uma assistência de saúde para monitorar se realmente está relacionada à vacinação ou não. Os sintomas mais comuns são náuseas, dor na cabeça, febre", esclarece a infectologista.
A médica lembra ainda que as pessoas que não fazem parte dos grupos prioritário da campanha, que têm acesso à vacinação de forma gratuita pelo Sistema único de Saúde (SUS), podem fazer na rede privada. "Essa população atendida na campanha foi selecionada pelo Ministério da Saúde, porque são os casos em que há pacientes com a forma mais grave da doença. A vacina combate os três tetas do vírus da Influenza", afirma Vanessa Lima.
Além do Pará, ainda de acordo com o Ministério da Saúde, a circulação de vírus influenza se deu com maior intensidade no estado do Amazonas, com 139 casos e 35 óbitos. O estado de São Paulo também se destaca, com 107 casos e 7 óbitos. Outros estados registraram mortes: Paraná (11); Espírito Santo (6); Tocantins (5); Rio Grande do Norte (4); Ceará (3); Rondônia (3); Acre (2); Alagoas (2); Sergipe (2); Rio de Janeiro (2); Santa Catarina (2); Mato Grosso do Sul (2); Amapá (1); Bahia (1); Minas Gerais (1); Rio Grande do Sul (1); Mato Grosso do Sul (1), além do Distrito Federal (1).
CAMPANHA
A Sespa também orienta que é fundamental que a população continue procurando os pontos de vacinação, para que pelo menos 90% dos públicos-alvo sejam imunizados até 31 de maio, o equivalente a 1.838.439 pessoas.
De acordo com a Coordenação Estadual de Imunizações da Sespa, até o último dia 10, as coberturas vacinais por grupo prioritário eram as seguintes: crianças (34,70%), trabalhadores de saúde (45,37%), gestantes (35,84%), puérperas (43,85%), indígenas (20,57%), idosos (48,86%), pessoas com doenças crônicas (44,90%), população privada de liberdade (21,15%), funcionários do sistema prisional (39,98%), policiais civis, militares, bombeiros e membros ativos das Forças Armadas (13,94%).
A coordenadora estadual de Imunizações, Jaíra Ataíde, reitera que o cenário é de preocupação e ressalta a necessidade de a população ir aos postos de vacinação nas últimas três semanas da campanha.
"Confiamos em chegar aos 90% de cobertura vacinal, uma vez que as semanas serão corridas, isto é, sem feriados, o que, geralmente, na avaliação da equipe técnica, quebra o ritmo da campanha, levando as pessoas a aguardarem pelos últimos dias", disse Jaíra Ataíde. Ainda segundo ela, os municípios são incentivados pela Sespa à realização de estratégias para intensificar a vacinação.
Na Campanha de Vacinação em todo o Pará estão funcionando 2.958 postos de fixos, 758 volantes terrestres e 62 volantes fluviais, com 5.338 equipes de vacinação, envolvendo 21.350 profissionais.
CASOS
De acordo com a Sespa, no Pará, até sexta-feira (10), foram notificados 124 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com seis óbitos provocadas pelo vírus Influenza, sendo quatro por Influenza A/H1N1 e dois por InfIuenza B, dois dos três tipos de vírus que podem ser evitados com a vacina oferecida na campanha.
Dos casos notificados, 104 (83,87%) tiveram amostras de secreção coletadas para exame laboratorial, das quais 24 (23,07%) deram resultado positivo para vírus respiratório, sendo 11 para Influenza B, oito para Influenza A/H1N1, dois para Parainfluenza 3, dois para Adenovírus e um para Vírus Respiratório Sincicial.
AGRAVAMENTO
A SRAG é o agravamento de um quadro gripal, por isso é necessário que a população tome a vacina para evitar a doença, que pode ser muito grave em pessoas dos grupos prioritários, principalmente crianças, gestantes, idosos e pessoas com doenças crônicas.
A população mais acometida por SRAG é formada por crianças de sete meses a menores de dois anos de idade, com 34 casos notificados; crianças menores de seis meses de idade, com 29 casos registrados, e de três a dez anos de idade, com 21 casos. Os municípios com maior número de notificações foram Belém (89) e Marituba (09), ambos na Região Metropolitana, e Parauapebas (8), no sudeste paraense.
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