Operação da PF apurou fraudes nas provas do Enem no Pará
Suspeitos foram alvos de busca e apreensão na manhã desta quinta (2). Sete especialistas contratados para resolver questões teriam sido pagos por PIX
A Polícia Federal (PF) realizou nesta quinta-feira (2) em Belém (PA) uma operação de busca e apreensão de celulares e documentos na residência de duas pessoas suspeitas de fraudar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A confirmação foi feita pela comunicação do Ministério Público Federal (MPF).
Segundo as investigações, a fraude foi possível porque, no último domingo (28), um dos suspeitos, enquanto fazia o exame, conseguiu utilizar o celular para se comunicar com pessoas que estavam fora do prédio.
Segundo diz o MPF, esse suspeito fez a prova em uma escola do município de Benevides, na Região Metropolitana de Belém. Ele teria repassado fotos das questões a especialistas nos temas das provas. Outro suspeito teria ficado responsável por fazer os pagamentos aos especialistas, apontam as investigações.
"Na residência alvo dos mandados de busca e apreensão a PF encontrou caderno com um gabarito do exame e números de pix de, pelo menos, sete especialistas contratados", detalhou o comunicado do MPF.
Denúncia
Segundo diz o MPF, o esquema teria sido denunciado por um dos especialistas contratados. "Antes da prova ele foi procurada por pessoa que se apresentou como estudante e pediu que o especialista resolvesse questões do estilo das aplicadas pelo Enem".
Na manhã do último domingo, um dos suspeitos teria enviado o pagamento ao especialista, informando que à tarde seriam enviadas as questões e que o estudante precisava das respostas até as 17h, apurou a investigação. "Fotos de um caderno de questões do Enem foram enviadas ao especialista no início da tarde, e na maioria das imagens tinha sido apagada a informação do ano de aplicação da prova. No entanto, em uma das fotos ainda constava a informação de que o caderno era da edição deste ano do exame".
Investigações prosseguem
Os itens apreendidos nesta quinta-feira vão passar por perícias da equipe de investigação do caso. Os investigadores também apuram a suspeita de que não houve controle da entrada de celulares nas provas aplicadas na escola de Benevides onde um dos suspeitos participou do exame.
Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça Federal. O MPF apresentou à Justiça manifestação favorável à expedição dos mandados.
Segundo a legislação, a pena por fraudes em concurso público pode chegar a quatro anos de prisão, além de multa. Se o crime resulta em dano à administração pública, a pena aumenta para até seis anos de reclusão.
A Polícia Federal foi procurada pela reportagem para detalhar se a apuração identificou os possíveis estudantes beneficiados pelo esquema que fraudou eletronicamente as provas do Enem no Pará, mas ainda não obteve respostas.
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