Operação Amazônia Viva embarga 120 mil hectares de áreas desmatadas no Pará
Desde julho, 30 pessoas foram presas acusadas de cometerem crimes ambientais
O Pará teve aumento de 62% no desmatamento da Amazônia e lidera a lista dos estados responsáveis pela destruição durante os últimos 12 meses. Ao todo, foram 2.909 km² de floresta derrubados apenas em território paraense. Em seguida, está o Amazonas, com 1.131 km², e o Mato Grosso, com 971 km² desmatados. Os dados são do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgados no início de agosto deste ano.
Uma das ações que ocorre para tentar frear o desmatamento na Amazônia Paraense é a operação Amazônia Viva, que faz parte do eixo de Comando e Controle do Plano Estadual Amazônia Agora, do governo do Estado, coordenado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).
Operação embargou área igual a 120 mil campos de futebol
A operação concluiu a quarta fase com um balanço nesta terça-feira (13). A iniciativa ocorre desde julho deste ano e já somou o embargo de 120 mil hectares - uma área equivalente a 120 mil campos de futebol - de terras desmatadas em municípios localizados, principalmente, nas regiões sudeste do Pará.
Ao todo, 30 pessoas já foram presas acusadas pelo cometimento de crimes previstos na Lei de Crimes Ambientais.
Dos 120 mil hectares de áreas desmatadas e embargadas, 20 mil hectares – o equivalente a uma área maior que a ilha de Mosqueiro, que pertence a Belém, capital do Estado -, ocorreram na quarta fase. Só nesta etapa, 13 das 30 pessoas foram presas.
Além disso, foram destruídos seis acampamentos e seis serrarias clandestinas, um garimpo ilegal foi interditado dentro da Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu.
Quatro mil metros cúbicos de madeira apreendidos
A operação lista ainda a apreensão de quatro mil metros de cúbicos de madeiras, 37 motosserras, 26 armas de fogo e 14 veículos.
Todas as apreensões e prisões foram feitas por mais de 150 agentes fiscais da Força Estadual de Combate ao Desmatamento, que são equipes integradas compostas por policiais civis e militares, bombeiros, peritos e fiscais da Semas.
O titular da Semas, Mauro Ó de Almeida, explica que a operação visa promover o desenvolvimento sustentável no campo, por meio de ações que vão além da repressão, com a apoio de produtores rurais e a regularização fundiária e ambiental. E a estratégia da operação é manter as esquipes de fiscalização de forma constante em áreas consideradas pontos sensíveis, com base no monitoramento da floresta.
“Conseguimos dar continuidade nas grandes operações, desde o final de junho, garantidas pelo Fundo Petrobrás. E queremos reafirmar que as ilegalidades serão reprimidas e o desmatamento está caindo, sobretudo, nas áreas estaduais dessa atuação. Consideramos que a estratégia é de sucesso, embora saibamos que o desmatamento ainda está alto e precisamos diminuir os níveis, para voltar a ter equilíbrio nas ações sem ter que fazer ações de forças-tarefa e outras”.
Ação segue até julho de 2021 e quer baixar índice de desmatamento
Segundo Mauro Ó de Almeida, o governo do Estado, por meio da Semas, vai manter essas operações até pelo menos julho do ano que vem. “Até lá queremos alcançarmos a meta, que é baixar os índices para algo em torno de 6 mil km² de desmatamento, com foco para 15 municípios que mais desmatam de 2019 pra cá, na região sudeste, envolvendo a região da Transamazônica e Santarém-Cuiabá. Mas, agora em setembro, houve aumento de alerta ao desmatamento às regiões de Portel, Tailândia e Moju”, afirma o secretário.
Ó de Almeida esclarece que o Pará conta com uma gama de diversidade econômica, que os outros estados da Amazônia Legal não têm e isso também acaba levando o Estado a ter destaque nos índices de desmatamentos.
“Temos a maior diversidade econômica aqui. O Pará tem tudo que os outros estados têm e eles não têm o que o Estado possui: pecuária, agricultura, mineração, manejo florestal. E aí a gente acaba sofrendo por causa disso. Delas, as que mais agridem a região é o manejo do uso da terra, ou seja, o desmatamento para a pecuária, para criação de pasto. A questão da grilagem é também algo importante, pois ainda se utiliza muita terra pública para fazer especulação fundiária”.
'Os que cometem crimes ambientais não são pobres', diz titular da Semas
Ainda segundo o secretário, as pessoas que cometem esses crimes ambientais não são pessoas pobres, que são somente instrumentos de um contexto maior. “Um hectare de floresta derrubada custa em torno de R$ 10 mil para se fazer, então não são os pobres que fazem, mas estes servem como instrumento. R$ 10 mil não é pouco dinheiro e isso envolve pessoas que têm dinheiro e, muitas vezes, não aparecem no contexto do Estado, estão fora do Pará”, afirma Ó de Almeida.
Perante esse contexto de especulação fundiária no Pará - em que muitas vezes se trabalha também na ilegalidade fundiária -, o titular da Semas frisa que a Secretaria atua para avançar na regularização fundiária e ambiental. “Quanto mais pessoas a gente trouxer para a luz da legalidade, vamos ter menos desmatamentos e menos problemas fundiários”.
“Um hectare de floresta derrubada custa R$ 10 mil para se fazer. Não são os pobres que fazem. Eles servem como instrumento. R$ 10 mil não é pouco dinheiro e isso envolve pessoas que têm dinheiro e, muitas vezes, estão fora do Pará”, afirma Ó de Almeida, secretário de meio ambiente do Pará
Denúncias e alertas
A população em geral também pode colaborar com denúncias e alertas envolvendo esses tipos de crimes ambientais à Semas. Para isso, a pessoa pode procurar s Secretaria de Meio Ambiente do município em que mora. O órgão municipal transmite a informação à Sesma. Além disso, pode fazer no site da Semas, que pode programar fiscalização onde ocorrer a denúncia.
Amazônia perdeu 6,5 mil quilômetros quadrados em um ano
Ainda de acordo com os dados do Imazon, em um ano, a Amazônia perdeu 6.536 km² de floresta nativa - aumento de 29% em comparação com o ano anterior. A análise compreende os meses entre agosto de 2019 e julho de 2020, período classificado como calendário do desmatamento.
Entre os meses analisados, março foi o que registrou o maior aumento na devastação da Amazônia. Somente em julho deste ano, foram derrubados 1.147 km² de área verde.
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