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Namoro por aplicativo: saiba como não dar 'match' com golpistas

No Pará, os golpes do estelionato sentimental e o "romance scam" foram registrados pela Divisão de Combate a Crimes contra Grupos Vulneráveis Praticados Por Meios Cibernéticos (DCCV), da Polícia Civil

Fabyo Cruz
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O Golpista do Tinder, novo documentário da plataforma de streaming Netflix, repercutiu nas últimas semanas, após trazer uma história real de um usuário do aplicativo de encontros amorosos que se passava por um milionário russo para aplicar golpes financeiros em diversas mulheres. No Brasil, os maiores casos registrados desse tipo de crime são o estelionato sentimental e o "romance scam", também conhecido como "golpe de amor".  No Pará, operações com prisão de estelionatários foram realizadas pela Divisão de Combate a Crimes contra Grupos Vulneráveis Praticados Por Meios Cibernéticos (DCCV), da Polícia Civil.

Com a crescente no número de aplicativos de encontros amorosos, sobretudo no início da pandemia do coronavírus (quando as pessoas passaram a ficar em maior isolamento social), os registros de casos de golpes também passaram a aumentar no país. Um dos fatores que favorecem a ação de criminosos, por meio da ferramenta, é a possibilidade de anonimato, afirma a titular da DCCV, delegada Lua Figueiredo. “Infelizmente golpes desse tipo são frequentes e os criminosos aproveitam da facilidade e do anonimato para ganhar a confiança das vítimas, então é importante sempre duvidar e fazer perguntas para saber se aquela pessoa é quem diz ser”, alertou a delegada.

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Os registros mais recentes de casos como esses no Pará, segundo informou a delegada Lua Figueiredo, ocorreram neste e no último ano. No último mês, uma pessoa que se passava por um empresário para manter relacionamentos com mulheres e conseguir roubar dinheiro das vítimas a título de empréstimos. Em 2021, a PC realizou uma operação de cumprimento de buscas e apreensão na residência de um criminoso, que morava em São Paulo e aplicava golpes em mulheres no Pará. “Ele residia em Campinas, mas utilizava da internet e dos aplicativos para aplicar golpes do estelionato em mulheres do Estado [Pará]”, comentou.

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Mas o que é o estelionato sentimental e o "romance scam" ?

Nesse tipo de golpe, o estelionatário se favorece do fato da outra pessoa estar apaixonada pelo criminoso, acreditando vivenciar uma relação marcada em um sentimento correspondido e real. Ao perceber que a vítima está em suas mãos, o golpista passa a utilizá-la como objeto de pedidos de ajuda financeira, empréstimos com a promessa de recompensa e ressarcimento futuro, sem que nunca haja uma devolução destes valores.

Já o “romance scam” ocorre quando o criminoso percebe a vulnerabilidade das vítimas e começa a estreitar relacionamento virtual com elas para depois solicitar valores financeiros. Nesses casos, os criminosos às vezes utilizam falsa identidade com fotos de terceiros, como militares estrangeiros, chegando ao ponto de pedir fotos íntimas das vítimas com objetivo de ameaçá-las com a exposição das imagens. “Quando as pessoas se dão conta de que caíram em um golpe, os criminosos iniciam ameaças de divulgar as fotos, conversas e conteúdos íntimos para as famílias e colegas de trabalho das vítimas, em troca de dinheiro", explicou.

Como fazer para não cair em golpes amorosos na internet?

Para que usuários de encontros amorosos não caiam em golpes como os já citados anteriormente, a delegada Lua Figueiredo recomenda o uso de ferramentas de pesquisa pública para descobrir se a outra pessoa é real (ou não) por meio da consulta do nome dela. A titular da DCCV também deu outras orientações: “Desconfiem sempre de números internacionais; de pessoas que dizem morar no exterior, mas não apresentam nenhuma comprovação; quando começam a solicitar valores em dinheiro e apresentam contas em nomes de terceiros; nunca transfira dinheiro para pessoas que você nunca viu; não caia em conversas tentadoras; e sempre conversam com seus familiares”, recomendou.

Conheça casos que aconteceram no Pará de estelionato sentimental e romance scam

Por se tratar de um assunto que gera constrangimento às vítimas, poucas pessoas querem se expor e ter um Boletim de Ocorrência à polícia. Em Belém, um homem, que não quis ter a identidade revelada, teve um prejuízo de R$400, após fazer uma transferência bancária para uma pessoa na qual ele havia mantido contato por um tempo. Solteiro, o usuário recorreu ao aplicativo de encontros amorosos para tentar encontrar a alma gêmea e superar um velho amor.

De tantas fotos bonitas, uma mulher de longos cabelos lisos, corpo escultural e olhos castanhos foi quem mais despertou sua atenção. Para ele, o interesse parecia ser recíproco, logo após o “match” - quando duas pessoas gostaram uma da outra - que rendeu duas semanas de conversa. No entanto, o que parecia ser uma nova história de amor se tornou um problema.  “Ela, que eu realmente já não sei se realmente se tratava de uma mulher, me disse que estava precisando de dinheiro, que passava por uma situação difícil e precisava de uma ajuda minha. Por acreditar que aquilo era real não exitei e fiz a transferência. Para o meu azar a pessoa sumiu em seguida. Achei melhor deixar de lado e não fiz ocorrência do caso”, relembrou.

Há mais de quatro anos uma ex-usuária decidiu abandonar os aplicativos de encontro. Ela diz que o ambiente virtual das plataformas é propício para falsas promessas. “A maioria das pessoas não estão em busca de relacionamentos sérios. Elas chegam a dizer que querem compromisso, chegam a se identificar, mas na hora têm outros interesses. Conheci um cara que só me enrolou durante um bom tempo. Percebi que a intenção dele não era a mesma que a minha. Para muita gente dá certo recorrer ao aplicativo, mas comigo não deu”, comentou.

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