Mulheres nas Forças de Segurança: liderança, conquistas e desafios no Pará
Conheça as histórias inspiradoras de mulheres que se destacam na Polícia Militar, na Guarda Municipal, na Polícia Rodoviária Federal e na aviação da segurança pública
A presença feminina nas forças de segurança tem crescido significativamente nos últimos anos, com mulheres ocupando cargos de liderança e desempenhando papeis estratégicos no combate à criminalidade e na proteção da sociedade. No Pará, esse cenário não é diferente. Embora desafios ainda existam, elas provam diariamente que competência, estratégia e resiliência não têm gênero.
Comandante Ellen Melo: pioneirismo e liderança na Guarda Municipal
Com 54 anos, Ellen Melo é a primeira comandante de carreira da Guarda Municipal de Belém. Sua trajetória começou há 34 anos, quando a instituição ainda dava seus primeiros passos na capital paraense. O início não foi fácil. “Na minha primeira semana de trabalho, eu pensei em desistir”, relembra. O treinamento era árduo, a rotina exigente e as condições, muitas vezes, desafiadoras, especialmente para as mulheres, que eram minoria.
Mas a determinação falou mais alto. “Eu passei por aquele treinamento e pensei: não vou desistir, vou mostrar que sou capaz. A mulher tem que estar onde quiser estar”, afirma. E assim foi. Ao longo dos anos, Ellen conquistou seu espaço e se tornou uma referência dentro da corporação.
Chegar ao comando da Guarda Municipal foi um sonho construído com esforço e dedicação. Para ela, a presença feminina na segurança pública não é apenas uma questão de representatividade, mas de competência. “A minha conquista abre portas para outras mulheres da corporação. Hoje, elas sabem que podem chegar aonde quiserem”, destaca.
Major Érica: estratégia e empatia na Polícia Militar
Aos 41 anos, a Major Érica é um exemplo de como a mulher pode atuar em diferentes frentes dentro da Polícia Militar do Pará. Com mais de 16 anos na corporação, ela já passou por áreas como a cavalaria, o Batalhão de Choque e a Patrulha Maria da Penha. Hoje, está à frente do 37º Batalhão, que cobre áreas estratégicas como Guamá e Terra Firme.
Ela destaca que a presença feminina na segurança pública traz um olhar diferenciado, sobretudo no planejamento de operações e na abordagem das vítimas. “A mulher tem uma sensibilidade maior para entender as dinâmicas da violência, principalmente em casos que envolvem outras mulheres, crianças e idosos”, explica.
A Major também reforça que, apesar dos avanços, ainda há desafios a serem superados. “Não há uma igualdade plena dentro da corporação, mas estamos conquistando cada vez mais espaço. O que precisamos é continuar mostrando, na prática, que somos tão capazes quanto qualquer policial homem”, afirma.
Lilian Cruz: o olhar sensível na Polícia Rodoviária Federal
Aos 34 anos, Lilian Cruz é agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Seu caminho até a segurança pública foi inesperado. Formada em Oceanografia e com mestrado na área, ela não se encontrou profissionalmente e decidiu tentar um novo rumo quando surgiu o concurso da PRF. “Assim que passei, percebi que esse era o meu verdadeiro lugar”, conta.
Para Lilian, a presença feminina nas forças de segurança equilibra as operações. “A segurança pública exige força e resiliência, mas também sensibilidade. Quando há mulheres na equipe, conseguimos lidar melhor com determinadas situações, como o atendimento a vítimas de violência e crianças em situação de vulnerabilidade”, explica.
Apesar das dificuldades, ela acredita que as mulheres têm mostrado sua importância dentro da corporação. “A mistura da presença masculina e feminina nas operações faz toda a diferença. Nossa atuação é complementar e, juntos, conseguimos fornecer um serviço mais eficiente para a sociedade”, conclui.
Cybelle Mota: a primeira piloto de helicóptero da segurança pública do Pará
Com 46 anos, Cybelle Mota fez história ao se tornar a primeira mulher a pilotar helicópteros para a segurança pública do estado. Sua trajetória na aviação começou há mais de 20 anos, quando trabalhou na Infraero. Depois, passou por companhias aéreas até decidir ingressar no serviço público. “Eu sempre tive paixão pela aviação, mas só pude me tornar piloto depois de entrar para o setor público”, conta. Após ser aprovada no concurso para escrivã da Polícia Civil, Cybelle viu a oportunidade de realizar seu grande sonho: pilotar aeronaves.
Embora tenha recebido apoio da instituição para seguir esse caminho, ela destaca que a aviação ainda é um setor majoritariamente masculino. “O ambiente da aviação, especialmente na segurança pública, ainda tem poucas mulheres. Mas isso está mudando. Sei que minha presença aqui abre caminho para outras mulheres que querem seguir esse sonho”, afirma.
O futuro das mulheres na segurança pública
O crescimento da presença feminina nas forças de segurança reflete uma transformação na sociedade. Elas estão ocupando cargos de liderança, demonstrando competência e provando que a segurança pública não tem gênero.
Ainda há desafios, como a busca por mais igualdade em cargos de comando e o reconhecimento da capacidade feminina em todas as áreas da segurança. No entanto, a trajetória dessas mulheres veio para ficar.
Cada uma, em sua área, enfrenta obstáculos e conquista seu espaço, abrindo caminho para as próximas gerações. Afinal, como diz a comandante Ellen: “A mulher tem que estar onde ela quiser estar”.
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA