No Dia da Mulher, paraenses celebram força e representatividade no Desfile das Campeãs
Naieme, Fernanda Costa e outras mulheres do Pará retornam à Sapucaí com a Grande Rio, destacando a cultura amazônica e o protagonismo feminino no Carnaval
Na última terça-feira (04), a Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, foi palco de um espetáculo repleto de energia, cor e cultura, com o desfile da Grande Rio, que homenageou o estado do Pará com o enredo Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós. No coração desse espetáculo, estiveram presentes mulheres paraenses que fizeram história ao representar a força cultural do Pará, como as cantoras Naieme, Fafá de Belém e Dona Onete, as atrizes Dira Paes e Alane Dias e a modelo Fernanda Costa. Elas retornam agora, neste sábado (8), para o Desfile das Campeãs, que coincide com o Dia Internacional da Mulher.
Para a cantora Naieme, o desfile da Grande Rio representou uma chance única de mostrar para o Brasil e o mundo a riqueza cultural do Pará, além de reforçar a importância das mulheres da Amazônia. Em sua participação, Naieme destacou a emoção de representar um estado que, apesar de sua grande cultura e tradição, sempre enfrentou obstáculos para alcançar visibilidade. "É uma honra fazer parte desse momento importante para nossa cultura como um todo", declarou Naieme, ressaltando o reconhecimento que as mulheres paraenses estão ganhando, como nunca antes.
Naieme é um dos muitos exemplos de artistas paraenses que estão deixando sua marca na música, na dança e nas artes. Para ela, a participação no desfile da Grande Rio não só teve um peso simbólico de representatividade, mas também um sentido pessoal de gratidão às mulheres que vieram antes dela. "Muito me honra fazer parte desse momento importante pra nossa cultura como um todo. Ao longo dos últimos 15 anos, tivemos nossas vozes começando a reverberar de uma forma diferente, ampliando as vozes de Dona Onete, Gaby Amarantos, Lia Sophia, por exemplo. Nos últimos 30 anos, artistas como Joelma, Valéria Paiva e Helen Patrícia levaram o brega adiante, como um forte movimento da nossa cultura. E, ao longo dos últimos 50 anos, artistas como Fafá de Belém e Nazaré Pereira abriram esses caminhos pra uma artista como eu. Só tô começando a chegar em novos espaços porque essa mulherada toda veio antes. Sou muito grata e honrada de poder conviver com elas e aprender tanto", disse.
"Minha avó Rosa, mãe do meu pai, mestre Alfredo Reis, é mãe de santo do tambor de mina, e eu cresci ouvindo essas histórias, cresci com esse cenário lúdico e fantástico povoando meu imaginário, e é o que me inspira muito no meu trabalho musical. Sobretudo pra mim, esse repasse de conhecimentos, esse respeito às nossas encantarias vem de berço. Pedir licença pra entrar no mar, no igarapé, sempre foi muito natural. Pedi licença também pra pisar na Sapucaí, como em todo lugar novo que eu chego, com respeito, com honra, segurança, mas, sobretudo, pedindo permissão", contou Naieme, ressaltando a força espiritual que carregam as mulheres de sua terra.
No desfile da Grande Rio, outro nome paraense brilhou com sua energia e presença: a modelo e Rainha das Rainhas 2024, Fernanda Costa. Ela se destacou como uma das musas da escola de samba e trouxe consigo a força do Pará para a Sapucaí, representando a importância da mulher no Carnaval. "Eu me sinto muito feliz em estar fazendo parte desse contexto, porque a gente sabe como as artistas do Norte enfrentam um obstáculo em ter visibilidade, em ter reconhecimento. Então, num ano em que o Pará está realmente com uma visibilidade muito alta, é essa oportunidade de mostrar nossas artes, de ser reconhecidas e ter o reconhecimento que a gente merece", afirmou Fernanda, ressaltando a importância da visibilidade das mulheres paraenses no maior espetáculo da Terra.
Para Fernanda, a oportunidade de brilhar na Grande Rio não é apenas um reflexo do seu trabalho árduo, mas também da cultura do Pará, que tem ganhado cada vez mais destaque. "A visibilidade que o Pará tem conquistado nos últimos anos é impressionante. Agora temos a oportunidade de mostrar nossas artes e ser reconhecidos de forma justa", comentou. Ela destacou a presença de outras mulheres que a inspiram, como Paolla de Oliveira e Mileide Mihaile. "A minha admiração pela Paolla de Oliveira aumentou muito. Eu vi toda a garra dela, todo o amor pela escola, pela comunidade, e, pra mim, isso é algo muito admirável. E outra que eu também admiro muito é a Mileide, porque eu acompanho ela há muito tempo, eu sei que ela é muito presente no carnaval, ela dança de uma forma impecável. Então, são duas que eu admiro muito, e elas me inspiram", afirmou Fernanda.
Neste sábado (08), Fernanda e Naieme, junto com outras mulheres paraenses, estarão de volta à Sapucaí para o Desfile das Campeãs, no qual a Grande Rio retorna à avenida como vice-campeã do Carnaval do Rio de Janeiro em 2025. Para Fernanda, a expectativa é de uma experiência ainda mais intensa e especial. "Eu acredito que eu vá curtir mais porque, no primeiro dia, como era o meu primeiro contato com o carro, às vezes eu ainda tava um pouco tensa em cair, em acontecer alguma coisa. Às vezes, quando o carro andava, né, dava uma balançada. E agora que eu já sei como é a sensação, eu vou aproveitar, vou cantar com mais alegria, vou estar mais feliz, até porque eu vou estar me despedindo de tudo isso, de todas as pessoas incríveis que eu conheci. Então, é realmente um sentimento de gratidão e de dever cumprido por estar no Desfile das Campeãs", afirmou.
"Expectativa que a Liesa nos dê o título de direito, que a justiça seja feita. Somos primeiro lugar! Amo o Neguinho da Beija-Flor, o enredo de 98 do Mundo Místico dos Caruanas me marcou na vida, mas nossas Pororocas Parawaras encantaram a Sapucaí e o mundo. Caxias e todo povo paraense merecem esse primeiro lugar", comentou Naieme, se referindo ao caso da Grande Rio, que perdeu o título por um décimo em relação à Beija-Flor.
A diferença entre as duas escolas foi no quesito bateria: enquanto a agremiação de Nilópolis tirou quatro notas 10, com o descarte de um 10, no somatório total de 30 pontos, a escola de Caxias recebeu duas notas 9,9 e duas notas 10. Com o descarte de uma pontuação, o somatório final foi de 29,9 pontos. A Liesa divulgou notas erradas e acalorou ainda mais a discussão em torno do título do Carnaval 2025. No mapa de notas divulgado pela liga, a Grande Rio aparecia com três notas 10 e um 9,9 no quesito bateria. Nesse cenário, o 9,9 seria descartado, a escola de Caxias somaria 30 pontos e seria campeã. Posteriormente, a Liesa disse que houve um “erro de digitação” e reafirmou a Beija-Flor como campeã. A Grande Rio, porém, citou “inconsistências nas notas” para questionar o resultado final.
Para Fernanda e Naieme, o Carnaval não é apenas um palco para se mostrar, mas uma plataforma para representar e promover as tradições do Pará e, especialmente, para destacar a força das mulheres. No Dia Internacional da Mulher, elas celebram não apenas o que representam para o Carnaval, mas também para toda a sociedade, reforçando a importância de dar voz, espaço e respeito às mulheres que estão, cada vez mais, construindo e moldando as grandes narrativas culturais do país.
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