Moradores desalojados em Marabá receberam cestas básicas nesta terça-feira (18)
A cheia dos rios Tocantins e Itacaiúnas já afetou, até a noite de segunda-feira, 3.410 famílias
A Defesa Civil Municipal, em parceria com a Secretaria de Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários de Marabá (SEASPAC), realizou, na manhã desta terça-feira (18), a entrega de 147 cestas básicas enviadas pelo governo do estado a famílias desalojadas pela cheia do rio Tocantins. Um dos beneficiados, Rui Iberê, 60, mora há dois anos no núcleo e, temporariamente, está residindo na casa de familiares no distrito de Morada Nova.
Ele contou que a cheia chegou mais cedo esse ano e que o benefício veio em boa hora. “Essa cesta veio em um momento oportuno. Ontem, a prefeitura me ligou e estou aqui recebendo e agradecendo. Muito bom ser agraciado com uma cesta básica desse tamanho, bem sortida. Fui bem atendido pela Defesa Civil. Que as outras pessoas façam bom uso para alimentar suas famílias”, afirmou.
Ainda segundo a prefeitura, todas as famílias que receberam o benefício já estavam cadastradas na Defesa Civil. Diante disso, os técnicos da SEASPAC entraram em contato por telefone agendando a entrega da cesta. A cheia dos rios Tocantins e Itacaiúnas já afetou, até a noite de segunda-feira (17), 3.410 famílias. Desse total, 680 estão desabrigadas, 1.830 desalojadas (nas casas de parentes e amigos e aluguel) 485 ribeirinhos e 435 ilhadas - ficam no andar de cima da residência, contrariando a recomendação da Defesa Civil de não se manter em área de risco.
A régua fluviométrica apontou, às 18 horas desta segunda-feira (17), 13 metros acima da normalidade. A Defesa Civil do município e a Sevop (Secretaria de Viação e Obras Públicas) já construíram mais de 700 unidades para acolhimento familiar, com água potável, banheiros e luz elétrica, nos 18 abrigos disponibilizados para os atingidos. Além da estrutura, as famílias recebem assistência de saúde, cesta básica, segurança e apoio psicossocial.
Muitas pessoas não querem sair de suas casas
E, nesta terça-feira (18), choveu pela manhã em Marabá. Na avenida Pará, a maioria das casas já foi totalmente coberta pelas águas, sobrando apenas o telhado visível. Mesmo assim, alguns moradores preferem continuar em suas casas. Dona Maria dos Remédios, 65 anos, também ficou em casa enquanto a filha, que morava no primeiro andar, foi embora. “Moro aqui há 50 anos e nunca vi a água avançar tanto. É terrível” disse. “Não veio ninguém do governo aqui. Disseram que não vou receber cesta por que estou na minha casa, mas não tenho como ir para um abrigo”, afirmou.
No entanto, há um esforço conjunto de órgãos públicos para contornar a situação enquanto a água sobe. Prefeitura e governo do estado organizaram abrigos com tapumes em diversas regiões da cidade. Um dos primeiros foi feito em uma praça da orla que já está sendo atingido pelo rio. E as pessoas se apressam para remontar os barracos de madeira, como é o caso de Anderson Monteiro, de 52 anos, morador do bairro Santa Rosa e que estava fazendo manutenção no seu abrigo. Ele é o chefe da família com sete pessoas. “Fomos obrigados a sair de casa. Venho da rua São Jorge que foi totalmente alagada. Já estou aqui há 13 dias”, contou.
Anderson disse que os órgãos deram apoio à família com uma cesta básica e material de construção do abrigo, mas alertou que membros da família e outros conhecidos, inclusive crianças, já começaram a apresentar problemas intestinais, pois estão em contato com água contaminada e é difícil acesso a água potável para consumo. Francilene Carneiro de 44 anos, cunhada de Anderson e morando ao lado dele, falou do medo do avanço da água e teme que seja forçada a se mudar novamente, pois esta vivendo em meio a água (Com informações da prefeitura de Marabá e, também, do fotojornalista Filipe Bispo).
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