Apenas transporte público eficiente aposentará carros, diz especialista
Políticas para o setor devem receber investimento, diz ele; desafio é muito maior que o do Dia Mundial sem Carro
Para o professor universitário Juliano Pamplona Ximenes Ponte, um dia sem carro não equivale a nenhuma atitude voluntarista de se andar a pé a qualquer custo, “no calor do Pará, ou de sofrer apertado dentro de um ônibus lotado apenas por qualquer ingênua e vã tentativa de salvar o mundo”. Trata-se, segundo ele, de um dia de reflexão e constatação. “Podemos identificar pequenos trajetos que faríamos a pé ou de bicicleta, poupando recursos e emissão de poluentes”, disse ele, que é doutor em Planejamento Urbano e Regional e mestre em Planejamento Urbano e Regional. Na terça-feira (21), foi celebrado o Dia Mundial Sem Carro.
O Pará hoje tem uma frota de 2,1 milhões de veículos. Mas o principal, acrescenta Ximenes, é reconhecer que a ideia de cada pessoa possuir sua cápsula individual para deslocamento cotidiano é absolutamente irracional, seja economicamente, tecnicamente, funcionalmente, ambientalmente, nos modelos atuais.
Na opinião do especialista, as políticas de transporte público e coletivo devem receber planejamento e, sobretudo, investimento público para melhorar a capacidade e a qualidade dos sistemas de transporte.
“Quando, de modo simpático e convidativo, andar de metrô, trem, ônibus, bonde ou barco passa a ser menos cansativo, mais barato, seguro, saudável e passa a representar um tempo de deslocamento que não inviabilize a vida das pessoas, teremos atingido a meta do Dia Mundial Sem Carro”, afirmou.
Meta é economizar e ter saúde, diz professor
Ainda segundo o professor Juliano, “a meta não é sofrer. A meta é economizar e ter saúde. A meta é ter um transporte público coletivo tão eficiente que faça o carro parecer ser o que ele sempre foi; um supérfluo e um luxo. Mas, em cidades médias e grandes que não têm transporte público de qualidade, tornam-se uma trágica necessidade com custos terríveis”, afirmou. Ele acrescentou que o transporte público “precisa ser tão bom que roube usuários do transporte individual. Para isso, os governos devem investir”.
“Quando, de modo simpático e convidativo, andar de metrô, trem, ônibus, bonde ou barco passa a ser menos cansativo, mais barato, seguro, saudável e passa a representar um tempo de deslocamento que não inviabilize a vida das pessoas, teremos atingido a meta do Dia Mundial Sem Carro”, afirma o especialista Juliano Pamplona Ximenes Ponte. “A meta não é sofrer. É economizar e ter saúde. A meta é ter um transporte público coletivo tão eficiente que faça o carro parecer ser o que ele sempre foi: um supérfluo e um luxo. Em cidades médias e grandes que não têm transporte público de qualidade, torna-se uma trágica necessidade com custos terríveis. O governos devem investir”
O professor Juliano disse que o Dia Mundial Sem Carro, celebrado na terça-feira (21), é uma data simbólica e representativa na sociedade mundial. Ele diz ser importante lembrar que o carro é um produto e uma tecnologia da indústria do petróleo. “É devido a este vínculo que podemos identificar a duração e a permanência do uso e da disseminação do automóvel no mundo”, explicou.
Juliano afirmou que o automóvel viabiliza o aproveitamento praticamente integral da cadeia produtiva do petróleo, através de plásticos, borrachas, isolantes, amortecedores, lubrificantes, tintas, pneus. “Com o resíduo mais grosseiro do refino do petróleo, fazemos o concreto betuminoso, o nosso popular asfalto, que pavimenta as vias. E, logicamente, o automóvel usa fontes de energia de combustíveis fósseis: gasolina, diesel, gás, e mesmo certas doses diluídas no próprio etanol. Fontes de energia importantes do mundo, no mínimo desde os anos 1940, são baseadas neste tipo de combustível”, acrescentou.
Segundo o professor, a disseminação da mobilidade urbana e regional baseada em formas individualizadas de transporte (caminhões para a logística, carros de passeio para indivíduos e poucas pessoas ao mesmo tempo, táxis) estruturou cidades muito impermeabilizadas, mais quentes, mais poluídas, mais alagadas, com maiores e mais variados índices de adoecimento. “São grandes placas de asfalto, pedra e concreto, com grande impacto ambiental negativo sobre a vida como um todo, e para a produtividade e a saúde humanas inclusive”, acrescentou.
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